53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Reutilização do óleo empregado em experimentos durante Oficinas de Química na fabricação de sabão

AUTORES: Oliveira, G.P. (UESB) ; Santana, J.G.F. (IFBAIANO) ; Jesus, E.C. (IFBAIANO) ; Fernandes, M.B. (IFBAIANO) ; Costa, F.S. (IFBAIANO) ; Matos, E.B.L. (IFBAIANO) ; Montalvão, G.P. (IFBAIANO)

RESUMO: Este trabalho é resultado do reaproveitamento do óleo usado no experimento torre de líquidos aplicado na Oficina de Química desenvolvida pelos discentes do 2º Ano do Ensino Médio Integrado do Ifbaiano campus Guanambi-BA. A etapa de transformação do resíduo gerado em sabão foi realizada pelos discentes do Curso Superior de Licenciatura em Química. A metodologia aplicada consiste na separação do óleo da fase aquosa por decantação; seguido por dissolução dele em uma mistura cáustica e etanólica com agitação e aquecimento; consequente dissolução do líquido formado em solução aquosa saturada de cloreto de sódio gelado; filtração a vácuo e o teste da capacidade espumante pela adição de cloreto de cálcio. Dessa forma, foi possível reaproveitar o óleo utilizado no experimento para fabricação de um produto útil até mesmo dentro do laboratório.

PALAVRAS CHAVES: Reutilização; Óleo; Sabão

INTRODUÇÃO: O reaproveitamento de matéria-prima para fabricação de outros produtos tem se tornado uma alternativa cada vez mais viável para redução da poluição ambiental. Óleos e gorduras usadas, por exemplo, são opções de matérias-primas a serem reutilizadas. A produção de sabão ecológico utilizando receitas simples é uma das formas de reaproveitar o óleo (ALBERICI e PONTES, 2004). O descarte irregular dos óleos pode degradar os solos da região. A saturação do óleo promove ainda mau cheiro e entupimento de encanações (MACÊDO, 2004). Elas são glicerídeos provenientes da reação de um ácido graxo com um glicerol. O produto formado a partir dessa reação ao combinar-se com uma base forte forma como principal produto o sal de ácido graxo (sabão) e secundariamente a glicerina, por meio da reação denominada de saponificação. O caráter limpante do sabão é devido a presença de uma longa cadeia carbônica em sua estrutura que reage com a gordura a ser eliminada e o grupamento orgânico na extremidade de sua cadeia que interage com a água, sendo assim o sabão é constituído por micelas que combinam-se tanto com compostos polares quanto com compostos apolares demonstrando assim sua característica anfipática. Portanto, o objetivo desse trabalho é reaproveitar o óleo proveniente de experimento que deveria ser descartado para fabricar sabão.

MATERIAL E MÉTODOS: Separou-se o óleo da fase aquosa por decantação. Preparou-se uma solução a partir de 36 g de hidróxido de sódio em 1:1 de água-etanol. Dissolveu-se o óleo (aproximadamente 198 mL) na solução cáustica e sob constante agitação aqueceu-se a mistura. Despejou-se o meio reacional em uma solução aquosa saturada de cloreto de sódio gelado. Agitou-se a mistura por vários minutos e esfriou-se a mesma à temperatura ambiente em banho de gelo. Filtrou-se a vácuo o sabão precipitado, lavando com duas porções de água gelada. A sucção foi realizada até que o produto estivesse totalmente seco. Passado alguns dias, quando o produto formado encontrava-se consistente, realizou-se o teste de capacidade espumante. Em um tubo de ensaio contendo água destilada adicionou-se um pequeno pedaço do sabão produzido e 5 mL da solução de cloreto de cálcio a 1%. Em outro tubo de ensaio com água destilada, adicionou-se 5 mL de detergente e 5 mL da solução de cloreto de cálcio a 1% Observou-se a formação de espumas nos dois tubos e compararam-se os resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na decantação o óleo (0,891 g/cm3) que é o composto menos denso ficou na parte superior do funil de separação enquanto que a água com o corante ficou na porção inferior (~1,0 g/cm3). O óleo extraído não estava límpido, seu aspecto era fusco, que pode ser explicado devido a uma pequena interação do óleo com o corante. Ao reagir o óleo com hidróxido de sódio aconteceu a reação de saponificação, formando o sal de ácido graxo (sabão). Isso acontece porque o hidróxido de sódio ataca os triacilgliceróis deslocando o glicerol e formando sais sódicos. A solução básica foi preparada com uma percentagem de etanol porque ele é um composto orgânico de caráter polar facilitando a solubilização do óleo no hidróxido de sódio. A solução saturada de cloreto de sódio foi adicionada ao meio provocando o efeito salting-out, diminuindo a solubilidade do composto orgânico na água e consequentemente aumentando a distribuição dele na fase orgânica, ocorrendo à precipitação do sabão formado. O sólido precipitado foi lavado e filtrado a vácuo a fim de eliminar a presença de água. O teste realizado com cloreto de cálcio buscou analisar qualitativamente se o produto formado geraria espumas pela adição de íons Ca+2 ao meio, já que este tem a característica de formar composto insolúvel diminuindo o efeito espumante com formação de precipitado. Ao comparar o sabão formado com o detergente, que apresenta o íon fosfato e reage com os íons cálcio evitando que o mesmo diminua seu efeito espumante, percebeu-se que ele obteve um elevado poder espumante mesmo com a presença de cálcio no meio.

CONCLUSÕES: Deste modo, foi possível fazer uso do óleo já antes utilizado para fabricar sabão com um elevado poder espumante. Sendo assim foi viável a aplicação dessa metodologia, visto que, evitou-se o descarte do resíduo oleoso na pia e até mesmo no solo, o que ocasionaria um desgaste do terreno, impactando a fauna da região e impediu-se o uso de outros solventes no desentupimento da pia, reduzindo assim a poluição ambiental.

AGRADECIMENTOS: À Pró-reitoria de Pesquisa e Inovação do Ifbaiano. À coordenadora no campus Guanambi/BA Felizarda Viana Bebé

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALBERICI, Rosana Maria; PONTES, Fernanda F. Ferraz. Reciclagem de óleo comestível usado através da fabricação de sabão. Eng. Ambiental, Espírito Santo do Pinhal, v.1, n.1, p. 073-074, jan./dez., 2004.
MACÊDO, Jorge A. B. Águas & Águas. 2a ed.Belo Horizonte, MG: CRQ-MG, 2004.