53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: O processo ensino-aprendizagem de Química no curso do Programa Mulheres Mil

AUTORES: Nascimento, E. (IFG - CAMPUS ITUMBIARA) ; Ferreira, K. (IFG - CAMPUS ITUMBIARA) ; Verissimo, W. (IFG - CAMPUS ITUMBIARA)

RESUMO: O Programa Mulheres Mil tem como foco a oferta de cursos de formação e criação de alternativas para inserção no mundo do trabalho, para que mulheres de baixa renda, de qualquer escolaridade, consigam melhorar sua rentabilidade e a qualidade de vida da sua família. O IFG–Campus Itumbiara ofereceu através deste programa o Curso Básico de Qualificação Profissional em Fabricação de Produtos de Higiene e Limpeza contando com 70 alunas. Pelo tema do curso, a Química se estabeleceu como ciência básica na formação e capacitação. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar, através de questionários, a eficiência do ensino-aprendizagem durante o curso, considerando a heterogeneidade escolar das alunas e o fato de que ensinar Química demanda alguns pré-requisitos nunca vistos antes por algumas.

PALAVRAS CHAVES: ensino-aprendizagem; mulheres mil; quimica

INTRODUÇÃO: O Programa Mulheres Mil está inserido no conjunto de prioridades das políticas públicas do Governo do Brasil e tem como objetivo promover a formação profissional e tecnológica de mulheres desfavorecidas pelo Brasil. A meta é garantir o acesso à educação profissional, de acordo com as necessidades educacionais de cada comunidade e a vocação econômica das regiões. O programa possibilita a inclusão social, por meio da oferta de formação focada na autonomia e na criação de alternativas para a inserção no mundo do trabalho, para que essas mulheres, de qualquer escolaridade, consigam melhorar suas rendas, a qualidade de suas vidas e das suas comunidades [1]. Executado em sistema de cooperação entre os governos brasileiro e canadense, no Brasil, é implementado por um conjunto de instituições dentre elas os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. No segundo semestre de 2012 o IFG – Campus Itumbiara ofereceu através deste programa o “Curso Básico de Qualificação Profissional em Fabricação de Produtos de Higiene e Limpeza” contando com 70 alunas participantes. Pelo tema do curso escolhido, a Química se estabeleceu como ciência básica na formação das alunas. Como a educação é um processo dinâmico, mesmo sem os pré-requisitos conceituais de Química, que as alunas precisariam saber para melhor aproveitar o curso, sabe-se que reflexões e associações com o cotidiano podem conduzir a uma aprendizagem significativa por parte das alunas [2]. Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar a eficiência do ensino- aprendizagem durante o curso levando em consideração a heterogeneidade nos graus de escolaridade das alunas e o fato que ensinar Química demanda alguns pré- requisitos nunca vistos por algumas.

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada e desenvolvida sob a forma de trabalho de campo com aplicação de questionário para alunas participantes e professores que ministraram aulas no curso de Fabricação de Produtos de Higiene e Limpeza do Programa Mulheres Mil. Os questionários foram elaborados a fim de realizar levantamento, entre as alunas, de dados, opiniões e informações a respeito da escolaridade, compreensão dos temas químicos abordados no curso, recursos utilizados pelo professor e adequação da linguagem ao público de diferentes escolaridades, capacidade de estabelecer relação entre a teoria e as aulas práticas trabalhadas, além do aproveitamento do curso posteriormente. O questionário para os professores tinha como objetivo verificar a adequação da metodologia do ensino de Química a um público de instrução variada e as dificuldades encontradas pelo docente para adequação da Química aos temas técnicos trabalhados no curso. Para melhor compreensão dos resultados, os questionário aplicados foram divididos e avaliados por grupos, de acordo com a escolaridade das alunas participantes do curso no Programa Mulheres Mil. Os grupos compreendiam Ensino Fundamental incompleto, Ensino Fundamental completo e Ensino Médio incompleto/completo. Em cada um dos grupos verificou-se três itens principais: compreensão dos conteúdos químicos abordados, compreensão dos temas técnicos (específicos na produção dos produtos) e adequação da metodologia de ensino utilizada pelos professores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O grupo de Ensino Médio incompleto/completo era aquele com maior número de alunas e tinha como característica principal o fato delas terem contato anterior com a Química. O resultado da análise dos questionários apontou uma boa compreensão dos temas químicos e técnicos trabalhados, com bom aproveitamento das aulas teóricas e práticas laboratoriais. O uso da contextualização e de materiais de apoio foram apontados como facilitadores no processo ensino- aprendizagem. Esse resultado mostra que as alunas deste grupo foram favorecidas por conhecerem, mesmo que superficialmente, alguns conteúdos químicos prévios. As alunas do grupo Fundamental completo, cujo contato prévio com a Química é quase nulo, uma vez que é trabalhada no ensino médio, mostraram um perfil diferente. Consideraram como baixo o aproveitamento, pouca compreensão dos temas químicos abordados e atribuíram isso à linguagem química específica adotada pelos professores. Esse resultado mostra que em um curso rápido, o conhecimento prévio de Química é importante, pois o tempo para abordagem e discussão dos temas é muito curto. As alunas do Fundamental Incompleto, apesar de nunca terem tido contato com a Química, tiveram um bom aproveitamento do conteúdo técnico utilizado nas aulas de produção dos produtos, mesmo que não entendessem bem os conteúdos químicos abordados. Isso pode ser atribuído à importância da contextualização de temas químicos, ligando os temas à vivências do cotidiano, além de experiências anteriores na produção de produtos caseiros como sabão, detergentes e outros. Quanto aos professores, observou-se que usaram como metodologia mais adequada a contextualização da Química, abordando temas do cotidiano para melhor atender a diversidade de escolaridade das alunas participantes.

CONCLUSÕES: Observou-se que, apesar da heterogeneidade na escolaridade das alunas participantes do Programa Mulheres Mil, o aproveitamento da parte técnica do curso de produção de produtos de higiene e limpeza foi satisfatório. Verificou-se que as alunas que tiveram contato prévio com a Química contaram com uma maior facilidade de aprendizagem, tanto dos temas técnicos de produção quanto dos aspectos químicos correlatos. No entanto, a falta de conhecimento anterior de Química por outras, pode ser superada pela contextualização da Química, utilizando temas do cotidiano como meio facilitador do ensino.

AGRADECIMENTOS: A minha professora/orientadora Katiúscia Daiane Ferreira pelo apoio e o IFG-Campus Itumbiara pelo espaço oferecido para realização do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] Programa Mulheres Mil. Internet. Disponível em < http://mulheresmil.mec.gov.br/ > Acesso em: 15/04/2013.
[2] JUSTI, R.S., RUAS, R.M. Aprendizagem de Química. Quimica Nova na escola, n. 05, 1997.