53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Ensino de Química e Educação Socioambiental Através da Construção de uma Sala Sustentável usando garrafa PET

AUTORES: Lopes Cruz, W. (SEDUC/PA - 10ª URE EEEM POLIVALENTE DE ALTAMIRA)

RESUMO: Este trabalho mostra a realização de uma experiência didático-pedagógica referente à construção de uma sala sustentável com garrafa pet, telha ecológica, calha pet e sistema de reaproveitamento de água da chuva na Escola Estadual de Ensino Médio Polivalente de Altamira. Em meio às etapas da construção foram explorados em sala de aula temas como: polímeros, resíduos sólidos, poluição ambiental, produção e consumo de refrigerantes, construções sustentáveis, reutilização, reciclagem, coleta seletiva, ciclo de vida dos materiais e consumismo. Aprendizado de Química e educação socioambiental com responsabilidade social e de forma interdisciplinar é o que se obteve neste desafio que nos conduziu além da mera teoria da educação ambiental.

PALAVRAS CHAVES: PET; CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL; EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

INTRODUÇÃO: No Brasil fabricamos mais ou menos 9 bilhões de unidades de pet por ano. Mas, infelizmente, só conseguimos reciclar 57,1% dessas garrafas segundo o 8º censo da reciclagem de PET no Brasil no ano de 2011 feito pela Associação Brasileira da Indústria do PET - ABIPET. Alguns centros de estudos do Brasil já perceberam o potencial das garrafas pet na construção de moradias. Além deste método de construção fazer uso de material de desuso, o que evita que centenas de quilos de plástico sejam descartados de forma indevida na natureza, a escolha da garrafa PET tem fundamentos práticos, elas levam até 300 anos para se decompor, são mais resistentes e duráveis que o cimento, além de possuírem proteção térmica e acústica e serem menos inflamáveis que outros materiais, como a madeira. Segundo Provenzano (2006), as garrafas já estão começando a ter um valor no mercado, mas ainda representam problemas para o meio ambiente, por seu elevado tempo de decomposição. “Grande parte ainda é jogado em rios e aterros sanitários”, diz. Em sua tese, ela destaca números a revelarem que anualmente cerca de 500 milhões de garrafas se transformam em toneladas de lixo, capazes de entupir bueiros, bloquear galerias pluviais e cobrir aterros sanitários. A ideia de construir um espaço para os alunos surgiu quando o colégio perdeu uma sala por causa da construção da quadra poliesportiva. Além disso, a escola precisa de um espaço para realização de oficinas e projetos e para executar o projeto MUSEU DE MEMÓRIAS. O principal objetivo deste projeto de educação socioambiental é consolidar um novo conceito em construção, economia, redução de resíduos, reuso inteligente materiais recicláveis potenciais.

MATERIAL E MÉTODOS: Este estudo, de natureza qualitativa, desenvolveu-se em duas etapas, sendo a primeira referente a uma pesquisa bibliográfica sobre o uso de garrafa pet e outros materiais na construção civil e a segunda correspondendo a meu relato oral, de forma qualitativa, sobre os resultados da experiência didático-pedagógica referente à construção de uma sala sustentável com garrafa pet, telha ecológica, calha pet e sistema de reaproveitamento de água da chuva na Escola Estadual de Ensino Médio Polivalente de Altamira. Através da utilização de embalagens de refrigerantes de PET (poli(tereftalato de etileno) será construída uma sala de aula na Escola Estadual de Ensino Médio Polivalente de Altamira. O tamanho da sala é de 48 m2 com 6 metros de largura por 8 de comprimento, mesma dimensão das demais salas da escola. Este espaço servirá para instalar o projeto MUSEU DE MEMÓRIAS. Não apenas as paredes da sala serão feitas com garrafas pet, mas todos os móveis e peças de decoração também. Para cobertura da sala, ao invés das telhas convencionais de barro e brasilit, optou-se por telhas de fibra vegetal, cuja matéria-prima principal é a fibra de celulose, que, por ser extraída de papel reciclado, tem baixo impacto ambiental. Preocupamo-nos também em reduzir o consumo de energia na sala e para isso algumas garrafas foram cheias com água para captarem luz natural deixando o ambiente interno bem iluminado durante o dia. Outra medida foi a implantação de uma mini-cisterna com sistema de reaproveitamento de água da chuva. A calha foi feita com PET. Essa técnica de reutilização de garrafas PET, é uma alternativa de baixo custo e de boa qualidade, que colabora para diminuir a exaustão dos mananciais de abastecimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O primeiro passo foi a apresentação do projeto na reunião do planejamento político pedagógico no 1º bimestre. A proposta foi aceita e iniciamos no mês de maio a campanha de arrecadação de garrafa pet de 2 litros com tampa. Aproveitamos a semana do meio ambiente (de 05 a 08 de junho de 2013) para intensificar a campanha cuja meta é de 10 mil garrafas. Em seguida partimos para o processo de enchimento das garrafas com areia. Os professores de Educação Física destinaram algumas aulas para essa atividade Algumas garrafas foram cheias com água colorida com papel crepom e tinta guache, elas foram assentadas quando a parede atingiu 2 metros de altura. .A mídia local espontaneamente nos procurou e fez uma reportagem na qual aproveitamos para pedir apoio à população altamirense na doação de garrafas e materiais para construção. O intuito é envolver a escola e a sociedade, pois conforme CHASSOT (2001) a cidadania que queremos é aquela que passa a ser exercida através de posturas críticas na busca de modificações do ambiente natural – e que estas sejam, evidentemente, para melhor. Os alunos usaram as redes sociais (facebook e blog) na internet para divulgar a proposta e pedir apoio. Na semana do meio ambiente os alunos participaram de várias palestras subordinadas ao tema central “Educação e sustentabilidade: como construir o estudante do século 21”. Nas aulas de Química trabalhamos acerca dos polímeros naturais e sintéticos diferenciando os tipos de plásticos e destacando o PET. Posteriormente fizemos, com algumas turmas, visitas orientadas com questionário à uma fábrica de refrigerante que fica próxima à escola.Paralelo ao trabalho de construção outras ações aconteceram:Discussão acerca dos riscos à saúde do consumo exagerado de refrigerantes dentre outras.

Figura 01

Alunos enchendo as garrafas com areia

Figura 02

Visita orientada a Fábrica de Refrigerante Xingu

CONCLUSÕES: Nesse grande desafio conseguimos mobilizar não apenas os alunos, professores e funcionários, mas suas famílias e amigos acerca da conscientização ambiental para questões dos resíduos sólidos produzidos na comunidade. E nesse processo riquíssimo houve absorção de conhecimento, colaboração e autonomia. Adquirimos um legado, um memorial que chama atenção ao consumismo e repudia o desperdício. Desejamos todos os envolvidos no projeto tenham autonomia de ao construírem sua casa apliquem de alguma forma o conceito de construção sustentável inclusive através do reaproveitamento de resíduos sólidos.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABIPET, Associação Brasileira da Indústria do PET. 8º Censo da Reciclagem de PET no Brasil 2011. Disponível em: acesso em 10 de julho de 2013.

CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2001.

FRANÇA, Gilvan Luis. Utilização de Garrafas Pet na construção de uma sala de aula no CEF – 02 de Planaltina – DF. 2011. Disponível em: http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/2396/1/2011_GilvanLuisdeFranca.pdf Acesso em 10 de abril de 2013.


PROVENZANO, Thaís Lohmann. Desenvolvimento de sistema construtivo em painéis pré-fabricados de argamassa e garrafas plásticas para habitação de interesse social. Dissertação de mestrado, Florianópolis 2006. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraDownload.do?select_action=&co_obra=95477&co_midia=2. Acesso em 22 de abril de 2013