53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DO MEIO NA FORMAÇÃO CRÍTICO-AMBIENTAL DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

AUTORES: Pinto, T.J.S. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDONIA) ; Santos, W.W.R. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDONIA) ; Oliveira, F.A. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDONIA) ; Cesar, J.V.C. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDONIA) ; Estok, A.F. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDONIA) ; Silva, A.A. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDONIA) ; Cunha, E.M.F. (INSTITUTO FEDERAL DE RONDONIA)

RESUMO: A abordagem ambiental no ensino é uma importante ferramenta utilizada para formar cidadãos ambientalmente conscientes e para que essa construção ocorra de forma satisfatória é necessário que os alunos deixem de serem meros receptores de informações e participem ativamente das discussões. O método de estudo do meio se destaca como alternativa eficaz para despertar o interesse dos alunos por problemas ambientais. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi desenvolver um estudo no aterro controlado do Município de Ji-Paraná/RO, através de palestras e visitas a campo. O desenvolvimento da atividade permitiu aos alunos aproximar-se da problemática ambiental relacionada ao destino dos resíduos sólidos, além da discussão sobre possíveis soluções para o problema do lixo no município.

PALAVRAS CHAVES: educação ambiental; aterro controlado; CTS

INTRODUÇÃO: O Ensino de Ciências (EC) deve buscar não somente a formação científica do aluno, mas também o desenvolvimento de um posicionamento crítico perante as questões ambientais, Chapaniet al. (1997) destaca que o EC incorporou, a partir da década de 70, a análise das relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) e que as preocupações com a intensa degradação ambiental, escassez dos recursos e qualidade de vida tem causado uma reformulação nos objetivos do EC que passa a buscar a formação de cidadãos capazes de interferir em sua realidade. Maceno et. al (2013) afirma que espera-se da Educação Química uma formação que tenha como escopo o exercício da cidadania e o reconhecimento da importância social da química. Dentro desse contexto a metodologia de estudo do meio se encaixa como uma ferramenta para o desenvolvimento CTS e de acordo com Lopes et al. (2009) a realização dos estudos de meio pode tornar mais significativo o processo ensino-aprendizagem e proporcionar aos seus atores o desenvolvimento de um olhar crítico e investigativo sobre a aparente naturalidade do viver social. Bueno (2009) destaca ainda que o estudo de meio propicia o contato direto do aluno com o seu meio imediato, e trata-se de um método ativo e interativo por requerer um trabalho interdisciplinar. Leal et. al. (2008) constatou em seu estudo com alguns professores que o ensino de química se baseia numa formação científica tradicional com pouquíssima articulação entre a química e a problemática ambiental, posicionamento esse que deve ser mudado e a abordagem ambiental no ensino de química deve ser focada. O objetivo deste trabalho foi desenvolver um estudo no aterro controlado de Ji- Paraná/RO e despertar o interesse dos alunos para discussões ambientais e preocupação com o meio em que vivem.

MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho foi desenvolvido com um grupo de 45 alunos do primeiro ano do ensino médio de uma escola pública de Ji-Paraná, RO. O trabalho teve início com uma palestra sobre a classificação dos resíduos e reciclagem, foi discutido ainda com os alunos sobre a correta destinação dos resíduos e os conceitos de lixão, aterro controlado e aterro sanitário. No decorrer dessas discussões os alunos estavam cientes de que iriam a campo fazer uma análise da forma como a destinação final de resíduos estava sendo feita no município. Numa segunda etapa do trabalho os alunos foram levados até o aterro controlado do município. Na visita foi entregue um roteiro para direcionamento dos alunos, esse roteiro continha algumas perguntas que os norteariam e instigariam os alunos acerca daquilo que iriam observar no aterro. A visita foi dividida basicamente em três etapas, na primeira etapa os alunos fizeram uma entrevista com os catadores que trabalham no aterro e observaram a forma com que esse trabalho era realizado, na segunda eles observaram onde e como os resíduos comuns são alocados, na terceira etapa eles observaram o local onde os resíduos perigosos eram armazenados. Zelando pela segurança os alunos foram orientados a usarem calça jeans e tênis e foram distribuídas mascaras para aqueles que desejassem utilizar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na entrevista com os catadores os alunos conheceram o trabalho, o tipo de resíduo separado e principalmente as condições de trabalho dos mesmos, o que foi um choque de realidade e já de início eles inseriram o contexto social na situação que lhes foi apresentada abandonando uma visão puramente naturalista na análise do problema. Logo após os alunos foram direcionados ao local onde os resíduos comuns são alocados, eles puderam observar o chorume formado pela decomposição dos resíduos e puderam discutir, com auxílio dos professores, a decomposição bioquímica dos resíduos orgânicos e a formação do chorume e gases como produto dessa decomposição, o que talvez tenha sido uma das situações mais impactantes e decisivas para o embasamento das discussões ambientais, pois eles foram instigados a pensarem acerca do solo e ao notarem que não havia nenhum tipo de impermeabilização a maior preocupação foi sobre a poluição do solo e principalmente dos lençóis d’água subterrâneos. A terceira etapa da exploração de campo foi no local onde os resíduos perigosos são destinados, os alunos apontaram que a impermeabilização do solo não era suficiente para conter uma possível poluição, causada por materiais biológicos e pelos metais pesados presente em lâmpadas e pilhas. Em análise da situação do aterro o principal apontamento dos alunos foi classificar o local não como um aterro controlado, mas como um lixão, pois eles argumentaram que a apesar do lixo ser enterrado não havia nenhuma preocupação ambiental por parte do poder público, essa avaliação é muito importante e indica que os alunos tiveram um olhar mais crítico quanto a situação apresentada a eles. A visita a campo também permitiu a aplicação de alguns conhecimentos, não só da área da química, mas também de outras áreas da ciência.

CONCLUSÕES: O estudo de meio é uma ferramenta eficaz na construção de uma visão crítica do aluno, os alunos desenvolveram uma nova percepção acerca da importância da redução do volume de lixo produzido em casa e uma preocupação pela aplicação de novas políticas públicas no município. A preocupação com a manutenção da qualidade do solo e da água nos arredores do aterro também se destacou e os alunos puderam ainda aplicar alguns conhecimentos na área da química estudados até então, o que indica que a inserção do aluno dentro do problema ambiental tem maior eficácia do que um estudo puramente teórico.

AGRADECIMENTOS: Á CAPES pelo apoio financeira e à Escola Estadual Professor José Francisco dos Santos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHAPANI, D. T.; CAVASSAN, O. 1997. O estudo do meio como estratégia para o ensino de ciências e educação ambiental. Mimeseis, Bauru, v. 18, n. 1,p. 19-39.

LOPES, C. S.; PONTUSCHKA, N. N. 2009. Estudo do meio: teoria e prática.Geografia (Londrina) v. 18, n. 2.

Bueno, M. A. 2009. B.goiano.geogr, Goiânia, v. 29, n. 2, p. 185-198, jul./dez, 2009.

Leal, A. L.; Marques, C. A. 2008. O Conhecimento Químico e a Questão Ambiental na Formação Docente. Revista Química Nova Na Escola, N° 29, Agosto de 2008.

Maceno, N. G.; Guimarães, O. M. 2013. A Inovação na Área de Educação Química. Química nova na escola, Vol. 35, N° 1, p. 48-56, Fevereiro 2013.