53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: FORMAÇÃO DOCENTE EM QUÍMICA EM REDE SOCIAL COLABORATIVA: FUNDAMENTOS ACERCA DA INCLUSÃO ESCOLAR

AUTORES: Ferreia, R.K.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Xavier, L.L.V. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Silva, P.H.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Benite, A.M.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Benite, C.R.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS)

RESUMO: Entendendo que a educação atual deve atender a todos, defendemos que a formação de professores deve ser pensada, numa perspectiva crítica e social onde há troca de experiências dos envolvidos, considerando que as necessidades e especificidades de cada um podem contribuir para a elaboração de um novo perfil docente. Nesta investigação, analisamos o movimento de constituição da Rede Goiana de Pesquisa em Educação Especial/Inclusiva (RPEI) que instituiu espaços de discussão conceitual onde as relações sociais dos envolvidos convergiram para ações presenciais e virtuais na formação docente. Essa rede pode ser considerada um espaço formativo, com estrutura flexível e dinâmica, permitindo o diálogo sobre as necessidades formativas dos professores de química frente à diversidade da sala de aula.

PALAVRAS CHAVES: formação docente; inclusão; RPEI

INTRODUÇÃO: Segundo Habermas,1 a socialização leva ao saber racional, à solidariedade e à autonomia do sujeito quando as ações e o comportamento dos indivíduos são orientados pela racionalidade comunicativa visando o consenso e o entendimento, numa lógica de integração social. Desta forma, as redes sociais usadas como ambientes de formação, preocupadas com a informação, comunicação e interação podem contribuir para o crescimento de um país, fortalecendo a pesquisa, o ensino-aprendizagem e a formação cidadã.2 Nessa perspectiva é que vem sendo feito um trabalho sistemático junto a professores de Química no Laboratório de Pesquisas em Educação em Química e Inclusão - LPEQI, situado no Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás, numa forma de aproximação sociedade/escola/universidade. Instituída pelo LPEQI desde 2007, a Rede Goiana Interdisciplinar de Pesquisa em Educação Especial/Inclusiva (RPEI), é um espaço de discussão conceitual entre professores formadores, professores em formação inicial e continuada, professores da educação básica e gestores da Educação Especial/Inclusiva no estado de Goiás.3 A RPEI é o resultado da parceria entre a Universidade (a perspectiva acadêmica), representada pelo LPEQI; a Secretaria de Educação do Estado de Goiás por meio da Gerência de Ensino Especial (a perspectiva política e gestora); o Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio aos Deficientes Visuais, o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação e a Associação de Surdos de Goiânia (a perspectiva da comunidade).4 Assim, objetivamos nesta investigação compreender as redes sociais colaborativas como espaços de reflexão crítica para a elaboração de intervenções que contribuam com a formação docente em química para atuar no âmbito da inclusão escolar.

MATERIAL E MÉTODOS: A RPEI acontece por meio de encontros presenciais, quinzenais, sediados no LPEQI, gravados em áudio e vídeo para posterior transcrição e análise à luz da teoria. As discussões são orientadas por textos previamente selecionados pelos envolvidos objetivando a reflexão dos conteúdos científicos, abordando temas relacionados à formação de professores de Ciências para a inclusão escolar.3 Nesta investigação, os conhecimentos produzidos na RPEI serviram como pressupostos teóricos para a criação de um ambiente virtual de formação de professores de Química em rede social colaborativa. Um plano de ação envolvendo quatro instituições de Ensino Superior do estado de Goiás foi realizado em ambiente virtual (Modular Object Oriented Dynamic Learning – Moodle) como forma de extensão da discussão conceitual,5 que acontecia concomitante nas disciplinas presenciais de Instrumentação para o ensino de química dos cursos de química licenciatura das quatro instituições. Como atualmente as escolas do estado de Goiás são considaradas inclusivas, este passa a ser um viés de interesse urgente na formação dos professores que irão atuar nessas escolas. No total foram 93 inscritos entre professores formadores (PF) e professores em formação inicial (A) com uma média de 100 acessos semanais (totalizando 2156 acessos) durante, aproximadamente, 23 semanas do ano de 2010. A atividade foi dividida em três módulos, o primeiro contendo as concepções dos participantes sobre “O ensino de Ciências/Química atual e a formação de professores” e sobre “Inclusão escolar: fundamentos e pressupostos”; o segundo sobre “As necessidades formativas dos professores de Ciências/Química para atuar na inclusão escolar”; e o terceiro contendo a sistematização da aprendizagem.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A utilização de ferramentas tecnológicas na área educacional, inclusive nos cursos de formação de professores, pode possibilitar a realização de atividades educacionais diferenciadas, como discussões em ambientes virtuais, permitindo a construção coletiva e apropriação individual do conhecimento mediado pelo formador em atividades estratégicas. Neste sentido, propomos a utilização do Moodle, enquanto ferramenta cultural, criando integração e promovendo manifestação da criatividade através da realização das atividades em grupo. O Moodle é um software de livre acesso e de apoio ao sistema de ensino, destinado à comunicação online. Suas atividades dialógicas acontecem mediante o cadastro de professores e estudantes no sistema. A seguir, apresentamos um recorte de uma das atividades do terceiro módulo objetivando a elaboração de uma aula sobre ligações químicas para uma suposta turma contendo um aluno com deficiência auditiva. Figura 1: Atividade proposta no Moodle. A23 considera que a melhor forma de ensinar Química é relacionando os conhecimentos com nossas vivências. A proposta de experimentação com a utilização de detergentes parece intencionar a abertura de vias de comunicação, a auto-organização dos alunos em grupos de estudos e o aprendizado cooperativo. Tal sistematização consegue unir os três níveis de apresentação do conhecimento químico: o nível fenomenológico, o representacional e o teórico, necessários para o aprendizado.6 Assumimos que relação dos sujeitos coletivamente organizados extrapolando os limites espaciais de salas de aula possibilita a ampliação de suas participações e apropriação de conhecimentos por meio de estratégias de ensino que abranjam questões sociais relevantes, educando-os dialogicamente com a realidade.7

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Figura 1: Atividade proposta no Moodle - Representação esquemática de uma aula para deficiente auditivo.

CONCLUSÕES: No ambiente de rede social colaborativa, a base da educação para todos os alunos, inclusive aqueles em situação de deficiência, residiu numa abordagem de apoio colaborativo, onde cada participante buscou reconhecer e compreender o outro e, a partir daí se apropriar dos conhecimentos discutidos na busca da autonomia docente. Assim, a RPEI tomou diferentes formas, desde um espaço de aconselhamento e discussão geral de ideias, participação ativa em um projeto de pesquisa específico até a ação propriamente dita contribuindo na formação de professores de Química.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. Habermas, J. (1994). Teoría de la acción comunicativa, I. Racionalidad de La acción y racionalización social. Madrid: Taurus.
2. Carvalho, K. (2009). Redes sociais: presença humana e a comunicação informal. In D. A. Población, R. Mugnaini, & L. M. S. V. C. Ramos. Redes sociais e colaborativas em informação científica. São Paulo: Angellara Editora.
3. Benite, A. M. C., Pereira, L. L. S., Benite, C. R. M., Procópio, M. V. R., & Friedrich, M. (2009). Formação de professores de ciências em rede social: uma perspectiva dialógica na inclusão escolar. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 9(3), 1-21.
4. Vilela-Ribeiro, E. B., e Benite, A. M. C. (2012). Temas em educação inclusiva: fundamentos para a sala de aula de Ciências. Madri, ES: Editorial Acadêmica Española.
5. Benite, C. R. M., Benite, A. M. C., e Vilela-Ribeiro, E. B. (2011). Creation of meanings on the theme "nature of science" by chemistry graduates in electronic forum. Revista Electronica de Investigación en Educacion en Ciencias, 6(2), 53-61.
6. MORTIMER, E. F.; MACHADO, A. H. e ROMANELLI, L. I. A proposta curricular de química do Estado de Minas Gerais: fundamentos e pressupostos. Química Nova, v.23, n.2, p.273-283, 2000.
7. Mello, I.C. (2009). O ensino de química em ambientes virtuais. Cuiabá: EdUFMT.