53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: As queimadas ambientais como contexto para educação em Ciências.

AUTORES: Rodrigues, A. (UEAP) ; Ramos, R. (UNIFAP) ; Peransoni, A. (Centro Universitário UNIVATES) ; Oliveira, A. (Centro Universitário UNIVATES) ; Strohschoen, A. (Centro Universitário UNIVATES)

RESUMO: A Alfabetização Científica propõe promover uma ruptura do ensino tradicional, desenvolvendo no aluno habilidades que permitam, através do conhecimento construído socialmente, ler e compreender o mundo. O objetivo desse estudo é promover, por intermédio de um experimento simples de combustão, a Alfabetização Científica em alunos do 9º anos do Ensino Fundamental de uma escola pública de Macapá/AP. Os resultados mostraram que no final da intervenção pedagógica, os alunos adquiriram respostas coesas, contextualizando-as com temas socialmente relevantes, indicando soluções para inibir os focos de incêndios em florestas nacionais.

PALAVRAS CHAVES: Alfabetização Científica; Ensino de Ciências; Experimentação

INTRODUÇÃO: Uma educação escolar comprometida com a construção de conhecimentos científicos amplia sua função por meio da contextualização social, política, histórica e filosófica (CHASSOT, 2001). A Alfabetização Científica potencializa as habilidades dos agentes envolvidos nos processos educativos permitindo uma leitura diferenciada e sistêmica das atividades que permeiam mundo social e escolar, possibilitando desta forma, através dos conhecimentos científicos, entende-los e transformá-los para melhorar os processos sócio-educacionais (MOREIRA, 2010). A educação em Ciências e Química deve apresentar-se de modo dinâmico e interativo, demonstrado que é resultado de um elaborado produto social e está sujeito à sua época, em linguagem adequada e compreensível, que permita entender a leitura de textos de jornais de colunas de ciências a periódicos especializados, elucidando a importância para temas como economia, células-tronco, poluição, entre outros, para instrumentar a participação crítica do cidadão de modo individual ou coletivo na sociedade (CHAMIZO; IZQUIERDO, 2005). Não se pode pensar em educação em ciência de forma neutra, ausente da contextualização social, nem discutir a contextualização sem uma compreensão do conteúdo científico (SANTOS, 2007). Nesse contexto, este estudo objetiva promover a alfabetização científica em Ciências de modo interdisciplinar e contextualizado para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, através de um experimento intitulado “Por Que a Vela Queima?”.

MATERIAL E MÉTODOS: Este estudo iniciou com o questionamento “Por que a vela queima?” direcionado para uma turma de 36 alunos, dos quais 14 eram do sexo masculino e 22 feminino, com idades entre 13 e 14 anos, suas respostas foram anotadas no questionário e guardadas para análise futura. Em seguida, pediu-se para os alunos pesquisarem, utilizando uma ferramenta de busca na rede mundial de computadores, a composição química da vela. Posteriormente, um grupo de alunos acendeu duas velas de 4,0 cm sobre uma superfície plana e puseram um copo de vidro investido sobre uma, esperou-se alguns segundo e foi solicitado que anotassem suas observações (HESS, 1997). No sitio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), na guia Monitoramento de Queimadas, foi apresentada às estatísticas dos focos de incêndios florestais nacional e estadual solicitado que respondessem como é possível diminuir o índice de 2166 focos de queimadas detectados no Brasil no mês de Maio de 2013 utilizando os conhecimentos construídos em sala de aula?

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Quando questionados por que a vela queima? 61,11% citaram pela ação do fogo, colhendo uma resposta vaga e sem referencial científico, 25% citaram que o pavio pegava fogo e 13,89% não responderam. O trabalho experimental passa a ter um caráter transformador, na medida que são planejados para motivar a aprendizagem, espera-se que o envolvimento do aluno seja mais vívido e traga resultados positivos na evolução do conhecimento (FRANCISCO JR., 2008). Após o experimento desenvolvido, 72,22% dos alunos citaram que a vela só queima na presença do ar porque o pavio é inflamável, 27,78% citaram a combinação com o gás Oxigênio para que houvesse uma reação química de combustão. Em relação ao combate de focos de incêndio, o aluno X respondeu que conhecer sobre as reações de combustão é importante porque ajuda a diminuir as possibilidades de provocar um incêndio na floresta auxiliando desta forma a preservação da vida das espécies que vivem no local. No total de alunos pesquisados 69,44% acompanharam as ideias contidas na resposta anterior, ficando evidente sua preocupação em garantir a perpetuação da biodiversidade das florestas. Dentre estes, 30,56% além de citarem os pontos essenciais contidos na resposta anterior, complementaram indicando a reação química de combustão e a liberação de energia em forma de calor.

Figura 1. Alunos realizando o experimento de combustão da vela.

Fonte: Os autores.

CONCLUSÕES: Construir elos que conectem as fronteiras entre vida cotidiana e ciência contemporânea, explorando a multiplicidades de significados, valorizando o contexto intimamente relacionado à vida dos alunos é função social da educação em Ciências e Química para garantir uma formação significativa na educação básica (MORTIMER, 1997). O monitoramento de focos de queimadas, suas causas e consequências para o meio ambiente e impactos na saúde dos moradores possibilitou uma nova visão do tema abordado, construindo conhecimentos socialmente relevantes na formação crítica do cidadão.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHAMIZO, J. A; IZQUIERDO, M. 2005. Ciencia en Contexto: Uma Refexión Desde La Filosofía. Alambique , Barcelona, n. 46, p. 9-17.
CHASSOT, A. 2001. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. 2. ed. Ijuí: Edunijuí.
FRANCISCO JR., W. 2008. Uma abordagem Experimentadora Para o Ensino de Interações e Conceitos Afins. Química Nova na Escola, São Paulo, n. 4, p. 20-24.
HESS, S. 1997. Experimentos de Química com Materiais Domésticos. 1ª Ed. São Paulo: Moderna, p.96.
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. 2013. Portal do Monitoramento de Queimadas e Incêndios. Disponível em http://www.inpe.br/queimadas. Acesso em: 21/05/2013
MOREIRA, T. M. 2010. Popularização da ciência e gêneros discursivos: uma possibilidade de ensino em Língua Portuguesa. Linguagem e Ensino, Pelotas, v. 13, n. 2.
MORTIMER, E. F. 1997. Para além das fronteiras da química: relação entre filosofia, psicologia e ensino de química. Química Nova, São Paulo, n. 2, p. 200-207.
SANTOS, W. L. P. 2007. Educação científica na perspectiva de letramento como prática social: funções, princípios e desafios. Rev. Bras. Educ. [online]. Vol.12, n.36, pp. 474-492.