53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Investigações no Ensino de Química e Física: Uma abordagem cotidiana

AUTORES: Dionizio, T.P. (IFRJ) ; Dionizio, J.C.P. (CIEP 335 E CERC)

RESUMO: O presente trabalho propõe uma atividade experimental de cunho investigativo sobre alguns conceitos fundamentais das propriedades coligativas, a fim de discutir e refletir esta metodologia no processo de aquisição de conhecimento dos alunos da 1ª, 2ª e 3ª séries do ensino médio do CIEP 335 e CERC, ambos no município de Queimados – RJ. Através de uma abordagem experimental investigativa, foram propostos aos alunos experimentos de baixo custo que envolvem conceitos de temperatura, pressão e densidade, de modo que os próprios alunos sejam os “investigadores” e apresentem hipóteses que expliquem os acontecimentos. A análise dos resultados revelou que os alunos se mostraram mais motivados a compreenderem os assuntos de química e física abordados através de aulas experimentais e dinâmicas.

PALAVRAS CHAVES: Abordagem investigativa; Ensino de química/física; Experimentos alternativos

INTRODUÇÃO: Segundo Mortimer (2006), para uma aprendizagem contextualizada é conveniente a escolha de fenômenos em que ocorra algum tipo de transformação e que possam ser manipulados pelos próprios estudantes, tanto num laboratório como em seu cotidiano. Numa busca de mostrar e comprovar aos estudantes alguns pontos do dia-a-dia que se atrelam aos fenômenos de densidade, temperatura e pressão, esta pesquisa fez uso de curiosidades químicas/físicas e experimentos simples com materiais alternativos. Para esta atividade foram envolvidas duas escolas estaduais do município de Queimados, o CIEP 335 e o Colégio Estadual Raymundo Correa, abrangendo um total de 129 alunos de 1º, 2º e 3º e anos do Ensino Médio. Esperou-se, com essas atividades, que os alunos fossem capazes de elaborar hipóteses para as causas observadas nos experimentos, a fim de desenvolver habilidades cognitivas e atitudes de independência do sujeito. Na tentativa de vincular a teoria com a prática, este trabalho tem como base um conceito não inserido na ementa escolar dos alunos da rede pública de ensino (PCN, 2000), entretanto de extrema importância e influencia direta na esfera cotidiana, trata-se de propriedades coligativas. Este assunto não é tratado a fundo nesta pesquisa, mas sim os conceitos básicos para este entendimento, conceitos estes que são de grande importância para as disciplinas de química e física no Ensino Médio.

MATERIAL E MÉTODOS: Inicialmente foi entregue aos alunos um questionário, a fim de conhecer melhor a concepção que eles tinham da química e física, se já tiveram aulas experimentais e se achavam que a química e a física estavam inseridas no cotidiano. Posteriormente, foi apresentada uma sessão de curiosidades, a fim de despertar os alunos para algumas questões do cotidiano (“Por que no preparo de uma limonada é melhor dissolver o açúcar antes de colocar o gelo?”, “Por que as águas dos oceanos não congelam, mesmo em locais muito frios, com a temperatura abaixo de 0°C?”, “Por que o leite ferve e derrama e a água não?”, “Como não perder o gás de um refrigerante após ter aberto a garrafa?”, “Por que é melhor adicionar sal na água de cozimento do macarrão depois que já estiver fervendo?”, “Como é que a roupa seca no varal sendo que a temperatura ambiente não é de 100°C? E mais interessante, se colocarmos a roupa em um quarto com o ar condicionado ligado, ela também seca.”, “Por que os alimentos cozinham mais rápido na panela de pressão?” e “Como saber se um ovo está bom para consumo?”). Ao final desta apresentação a turma foi dividida em 5 grupos e foi entregue um roteiro contendo o procedimento de 5 experimentos para auxiliar nas atividades práticas. Todos os experimentos realizados não apresentaram perigo e eram de materiais alternativos, tendo os alunos total acesso e manipulação em seu dia-a- dia. Todos os grupos realizaram os experimentos, entretanto, ao terminarem, foi sorteado um experimento por grupo, de modo que cada um realizasse a discussão e formulasse uma hipótese para o que foi observado. Ao final foi entregue um novo questionário a fim de verificar se houve uma contribuição no aprendizado desses alunos e o que eles achavam do ensino através de aulas experimentais.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Durante a apresentação da sessão de curiosidades os alunos se mostraram interessados, interagindo com respostas e também com outros questionamentos. Disseram que não tinham parado para pensar nestas questões do dia-a-dia e ficaram surpresos, motivados e animados com a intervenção. Os experimentos (1-O gelo que afunda, 2-A garrafa que encolhe, 3-O ovo que flutua, 4-Ebulição de água na seringa e 5-Velocidade de evaporação do líquidos) foram apresentados aos alunos, que seguiram os roteiros e realizaram as práticas propostas. Os alunos de 1º ano souberam formular melhor hipóteses para os experimentos 2 e 4, justificando como os fenômenos influenciaram no sistema, O 2º ano, por sua vez teve a melhor hipótese formulada para o experimento 5, que em geral todos os alunos tiveram maior dificuldade. O grupo demonstrou maiores conhecimentos justificando a ordem de evaporação pelas composições das substâncias e temperaturas de ebulição que deveriam ser diferentes. Por fim, os alunos de 3º ano foram os únicos que relacionaram o fenômeno observado nos experimentos 1 e 3 com o conceito de densidade, talvez por terem estudado mais conteúdos teóricos que os demais alunos. Na análise do questionário verificou-se que 95,34% dos alunos nunca tiveram aula experimental e 100% dos alunos disseram ter facilidade de compreender a química/física através de aulas experimentais, após terem participado das atividades propostas. Ao serem interrogados a respeito da importância da química/física no seu cotidiano, 58% dos estudantes, no primeiro momento, não concordaram. Entretanto, após terem visto a sessão de curiosidades, puderam visualizar e assimilar melhor alguns dos aspectos da química/física que tem influencia direta no seu dia-a-dia, tendo então uma resposta afirmativa por 93% dos alunos.

Experimentos

Tabela com os experimentos realizados e os fenômenos envolvidos.

Foto dos experimentos

Foto dos experimentos no momento de execução.

CONCLUSÕES: A utilização de atividades experimentais investigativas promoveu nos estudantes o interesse pelo desconhecido, despertando-os para a curiosidade, mesmo que por muitas vezes com um saber ingênuo, mas de total relevância no seu processo de aprendizagem. Além disso, a proposta de se elaborar uma hipótese foi fundamental para o desenvolvimento de habilidades cognitivas do sujeito. Apesar da dificuldade na descrição das hipóteses, este momento colaborou de forma positiva para ampliação e desenvolvimento da linguagem desses estudantes.

AGRADECIMENTOS: Ao CIEP 335 e ao CERC pelo espaço aberto a pesquisa e aos estudantes, participantes da pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MORTIMER, Eduardo Fleury. Linguagem e Formação de Conceitos no Ensino de Ciências. In: ______. Metodologia de Ensino, Metodologia de Pesquisa e Instrumentos de Coleta de Dados. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2006. cap. 4, p. 174.
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros curriculares Nacionais – Ensino Médio / Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2000.