53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO BIOLÓGICA DE EXTRATOS FRACIONADOS DE SALACIA CRASSIFOLIA

AUTORES: Carvalho, J.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIAS) ; Cole, H.L.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIAS) ; Menezes, A.C.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIAS)

RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo realizar o estudo fitoquímico e avaliar a atividade citotóxica dos extratos fracionados de Salacia crassifolia(Mart. Ex. Schult.) G. DON(Celastraceae). O estudo citotóxico foi realizado através do método MTT com 4 linhagens tumorais, apresentando forte potencial citotóxico. Avaliou-se os extratos a partir da casca e das folhas da planta, a fração de hexano(SCCcM-H) apresentou percentagem de inibição contra as três linhas celulares testadas, em relação à estirpe foram de 101,22% MDA-435, 95,45% de HCT-8, e 95,54% para o SF- 295. Já a fração de acetato de etila(SCCcM-A) demonstrou uma percentagem de 95,96% em comparação a linha de HCT-8. Todavia, a fração metanólica descreve os valores de percentagem de inibição correspondentes a HCT-8 frontal e OVCAR-8.

PALAVRAS CHAVES: Salacia crassifolia; Citotoxidade ; Antitumoral

INTRODUÇÃO: Desde os primórdios da humanidade, as plantas têm sido utilizadas como fonte terapêutica, auxiliando o homem no combate a doenças (HOSTETTMANN et al., 2003). A produção de substâncias químicas ocorre tanto nos organismos vegetais quanto nos organismos animais, no entanto as substâncias provenientes dos vegetais têm sido mais utilizadas como fonte de pesquisa. Sendo as plantas uma fonte natural de substâncias, os produtos naturais tem se tornado a principal fonte renovável para a descoberta de novas estruturas que podem se tornar o ponto de partida para produção de novos fármacos (MORAIS; BRAZ-FILHO, 2007). Existem no mínimo 250.000 espécies de plantas no mundo, sendo que mais de 1000 plantas apresentam propriedades antitumorais. Os produtos naturais têm sido uma importante fonte de componentes antineoplásicos (LIMA, 2005). De acordo com CRAGG e NEWMAN (2007) 60% das substâncias utilizadas em terapias contra o câncer são provenientes de plantas. No Brasil, existe uma flora diversificada em toda a sua extensão, com vegetações de diferentes características e cujos princípios ativos são desconhecidos (VARANDA,E. A., 2006). Estima-se em aproximadamente 1,87 milhão o total de espécies existentes no Brasil, no entanto, apenas 202,5 mil são conhecidas (BORGES, 2012), demonstrando assim a importância de pesquisas voltadas ao conhecimento das diversas substâncias fornecidas pelas plantas. O Cerrado brasileiro responsável por aproximadamente 5% da biodiversidade mundial, é capaz de fornecer importante material para a realização de estudos especializados na procura de novas drogas para diferentes doenças (MANS et al, 2000). O presente estudo refere-se à Salacia crassifólia (Mart.) G. Dom, da família Celastraceae, conhecida popularmente como Bacupari do cerrado.(MENDONÇA, 2012).

MATERIAL E MÉTODOS: Material Vegetal: As amostras das cascas e folhas de Salacia crassifolia foram coletadas no Campus da Universidade Estadual de Goiás, Br153 nº3.105 - Fazenda Barreiro do Meio, Anápolis-GO, no dia 17 de janeiro de 2008. Foram coletadas 2.233g de folhas frescas e 2.143,74g de casca. A exsicata do material vegetal foi depositada no Herbário da Universidade Estadual de Goiás(HUEG - 5910). Obtenção do Extrato: O material vegetal coletado foi levado à estufa(MA-035 Marconi) com circulação de ar a 45°C durante 48 horas, posteriormente pulverizado em moinho de facas modelo MA-580(cascas e folhas separadamente), em seguida colocado em erlenmeyer com capacidade volumétrica de 2 litros para extração exaustiva com metanol P.A. a frio por 15 dias. O produto desta extração foi concentrado a pressão reduzida em evaporador rotativo, a 38°C, obtendo-se 311,03g de extrato bruto metanólico das folhas(EBMF) e 390g de extrato bruto metanólico da casca(EBMC). Foram ainda, ressuspendidos em solução de metanol:água, e então fracionado através de partição líquido-líquido com solventes por ordem crescente de polaridade: hexano, diclorometano e acetato de etila, obtendo-se então as frações de hexano(ScFM-H), de diclorometano(ScFM-D), de acetato de etila(ScFM-A) e a hidroalcoólica(ScFM-W). Após a obrtenção das frações, foram realizados diversos ensaios. Os ensaios biológicos foram realizados apenas com o extrato fracionado do caule de Salacia crassifolia. Os ensaios de citotoxicidade foram realizados no Laboratório de Oncologia Experimental da Universidade Federal do Ceará com as frações da casca de S. crassifolia. Os ensaios foram baseados em uma análise colorimétrica. a partir de enzimas mitocondriais presentes somente nas células metabolicamente ativas. Método descrito por Mosman (1983).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As atividades citotóxicas das frações obtidas da casca de S. crassifolia e que estão ilustradas no gráfico na Figura 1 destacam-se por seus percentuais de inibição do crescimento tumoral maior que 90% frente à célula MDAMB-435 utilizada em MTT, tendo em vista que apenas as frações que apresentarem resultados acima deste valor(90%) são consideradas como inibidores celulares. Com isso, a fração de SCCcM-H, com percentual de inibição de 101,22%, demonstrou perfil citotóxico promissor. As frações SCCcM-A(81,46%) e SCCcM-D(20,75%) não apresentaram valores correspondentes a inibição no crescimento celular, uma vez que os resultados são baixos; a fração SCCcM-W(-3,23% de inibição) ao contrário, levou a proliferação celular. As atividades citotóxicas das frações obtidas do caule de S. crassifolia e que estão ilustradas no gráfico da Figura 2 destacam-se por seus percentuais de inibição do crescimento tumoral maior que 90% frente à célula HCT-8 em MTT, uma vez que apenas as frações com resultados acima de 90% possuem potenciais para inibição celular. Com isso, as frações de SCCcM-H(95,45%) e SCCcM-A(95,96%) demonstraram potenciais citotóxicos promissores. As frações de SCCcM-D(56,37%) e SCCcM-W(3,85%) não apresentaram valores correspondentes a inibição no crescimento celular, já que os resultados foram abaixo de 90%.A fração de SCCcM- H(95,54%) demonstrou potencial citotóxico promissor, pois o resultado da inibição celular ficou acima de 90%. As frações de SCCcM-A(75,95%), SCCcM- D(21,83%) e SCCcM-W(1,54%) não apresentaram resultados favoráveis de inibição celular, pois resultaram em valores abaixo de 90%. Portanto, diante dos resultados, as frações hexânica(SCCcM-H) e acetato de etila(SCCcM-A) apresentaram alto potencial de inibição do crescimento das células tumorais testadas.

Figura 1

Percentual de citotoxicidade in vitro das frações frente à célula tumoral MDA-MB-435.

Figura 2

Percentual de citotoxicidade in vitro das frações frente à célula tumoral HCT-8.

CONCLUSÕES: De acordo com a literatura os valores percentuais de citotoxicidade considerados promissores para inibição celular devem estar acima de 90% (CIDADE;AQUINO,2011.SOUSA,2011. MESQUITA,2009), havendo resultado expressivo para a fração hexânica frente às três linhagens de células(MDA-45,HCT-8 e SF-295) e para a fração acetato de etila frente à linhagem HCT-8. Pelo fato de que existem poucos estudos sobre a especie, não há possibilidade de realizar uma análise comparativa de valores. No entanto, diante dos valores promissores de inibição, pretende-se dar segmento aos estudos citotoxicos da planta.

AGRADECIMENTOS: Agradeço à CAPES pelo incentivo financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BORGES, V. C.; ALMEIDA, M. G. de.. A biodiversidade do cerrado brasileiro: os (as) raizeiros (as) de Goiás/GO. Disponível em: www.geo.ufv.br/simposio/simposio/trabalhos/comunicacao.../012.pdf. Acesso em: 14-08-2012.

CIDADE, A.F.; AQUINO, G.L.B. de. Síntese e avaliação biológica de intermediários sintéticos de derivados pirazolidínicos e isoxazolidínicos. In: Anais do IX Seminário de Iniciação Científica e IV Jornada de Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e tecnologia da Universidade Estadual de Goiás, 2011.

CRAGG, G. M.; NEWMAN, D. J. Natural Products as Sources of New Drugs over the Last 25 Years. Journal of Natural Products. v. 70, n. 3, p. 461-477, 2007.

HOSTETTMANN,K.;QUEIROZ,E.F.;VIEIRA,P.C.Princípios ativos de plantas superiores. 1°ed. São Paulo: EdUFSCar, 2003. p.9-36.

LIMA, M. C. Efeito antiproliferativo de extratos de Jodina rhombifoila Hook. E de Carapa Guianensis Aubl. em cultivo in vitro da linhagem celular MCF-7 de adenocarcinoma de mama humano. 2005. Monografia (Bacharel em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, RS.

MANS, DR.; ROCHA, AB.; SCHWARTSMANN,G. “Anti-cancer drug Discovery and development in Brazil: Targeted plant collection as a rational strategy to acquire candidate anti-cancer compounds”. Oncologist, 5: 185-98, 2000.

MENDONÇA, Roberta Cunha de. Flora Vascular do Bioma Cerrado. Disponível em: ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/recursos.../floravascular.pdf. Acesso em: 29/04/2012.

MESQUITA, M.L. de. Potencial antitumoral de substâncias isoladas de plantas do cerrado brasileiro: estudos preliminares do mecanismo de ação da atividade citotóxica. 2009. Tese de Doutorado (Ciências Médicas). Universidade de Brasília. Brasília, DF.

MORAIS, S. M. de (Org.); BRAZ-FILHO, R.. Produtos Naturais Estudos Químicos e Biológicos. Fortaleza: EdUECE, 2007. p.64.

SOUSA, L.R.F., Estudo fitoquímico e avaliação das atividades citotóxica e inibitória de cisteíno proteases de Vochysia thyrsoidea (vochysiaceae). Dissertação de Mestrado. Goiás: UEG, 2011.


VARANDA, E. A.. Atividade Mutagênica de Plantas Medicinais. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 27, n.1, p.1-7, 2006.