53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE E ANTIMICROBIANO DE Aniba parviflora

AUTORES: Batista, L.T. (UEA) ; Conrado, G.G. (UEA) ; Silva, G.F. (UEA/UFAM) ; Costa, K.R.C. (UFAM) ; Albuquerque, P.M. (UEA)

RESUMO: Aniba parviflora pertence a um gênero de plantas cujas espécies possuem grande valor comercial e diferentes atividades biológicas. Entretanto, poucos trabalhos descrevem o seu potencial, entre eles, as atividades antioxidante e antimicrobiana, de interesse para a indústria farmacêutica e cosmética. A atividade antioxidante foi determinada pelo método de sequestro do radical livre DPPH e a atividade antibacteriana pelo método de difusão em ágar. Os resultados demonstraram que a partir dos extratos etanólicos de folhas e galhos, as partições acetato de etila e hidroalcoólica apresentaram os melhores resultados quanto à atividade antioxidante e somente os óleos essenciais apresentaram atividade antibacteriana sobre bactérias Gram-positivas.

PALAVRAS CHAVES: Antioxidante; Antimicrobiana; Aniba parviflora

INTRODUÇÃO: Na Região Amazônica, as plantas que compõem sua rica biodiversidade representam uma alternativa econômica para o desenvolvimento sustentável da região, porém, muitas espécies são ainda pouco exploradas. Dessa forma, os produtos oriundos de plantas da Amazônia, entre eles, óleos e extratos, são apontados como possuidores de inúmeras propriedades biológicas e, portanto, podem ser utilizados como matéria-prima nas indústrias para diversos fins, apresentando grande importância na indústria alimentícia, farmacêutica e de cosméticos. A maioria das plantas produz compostos que desempenham funções fundamentais em sua interação com o meio ambiente. Tais compostos são comumente responsáveis pelas inúmeras bioatividades apresentadas por diversas espécies, entre elas, a atividade antimicrobiana. Portanto, óleos essenciais e extratos de espécies de plantas são capazes de controlar microrganismos que estão frequentemente associados a infecções de pele (ADAM et al., 1998), entre outros patógenos associados às causas da infecção hospitalar (BEGNAMI et al., 2010) e deterioração de alimentos (ALBAYRAK et al., 2010). Antioxidantes, são substâncias que retardam a velocidade dos processos oxidativos, responsáveis pela formação dos radicais livres, conferindo importantes benefícios à saúde (PIETTA, 2000). As plantas por sua vez, por possuírem inúmeros compostos resultantes do seu metabolismo secundário, podem ser fontes de novas substâncias antioxidantes. Desse modo, neste trabalho foi avaliado o potencial antimicrobiano e antioxidante de folhas e galhos de A. parviflora, conhecida popularmente como macacaporanga, através da análise de seus óleos essenciais, extratos etanólicos e suas partições.

MATERIAL E MÉTODOS: O material vegetal foi coletado na fazenda experimental Pematec, Santarém-PA, seco a temperatura ambiente e triturado em moinho de facas. A extração dos óleos essenciais foi realizada por arraste a vapor, em aparelho Clevenger na proporção 1/10. Os extratos foram obtidos por maceração a frio com álcool etílico de cereais 92,8º INPM, sendo a extração realizada em três ciclos de 72 h. Para o preparo das fases particionadas, 10 g do material (folhas e galhos separadamente), foram solubilizados em etanol/água, e utilizados os solventes hexano, diclorometano e acetato de etila. Para o ensaio antioxidante, soluções de A. parviflora foram preparadas na concentração de 1.280 mg/L em metanol P.A, sendo realizadas diluições em série até a concentração de 5,0 mg/L. A atividade antioxidante foi determinada pelo método do sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH), baseado na redução do DPPH na presença de um antioxidante. Para avaliar o potencial antioxidante, foi determinada a porcentagem de inibição de DPPH, e por meio de regressão linear determinada a concentração eficiente (CE50), concentração necessária para o sequestro de 50% dos radicais livres. Para o ensaio antimicrobiano, os extratos foram preparados na concentração de 4 mg solubilizados em DMSO e os óleos essenciais foram solubilizados em Tween 80 a 1% na proporção 1/10. O método utilizado foi difusão em ágar em que 500 µL de inóculo bacteriano, padronizados na escala 0,5 de McFarland, foram adicionados a 25 mL de ágar Muller Hinton. Foram realizados poços de 6 mm de diâmetro nas placas de Petri com ágar aos quais foram inseridos 20 µL das soluções de extratos ou óleos, e os controles positivo (gentamicina 10 µg/mL) e negativo (DMSO ou Tween). Após 24 h foi observada a formação de halos de inibição.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Recentemente, Batista et al. (2012) verificaram que os extratos etanólicos de A. parviflora possuem potencial antioxidante frente ao DPPH. A fim de separar as substâncias antioxidantes presentes nos extratos por polaridade, foram realizadas análises nas partições hexânica, diclorometano, acetato de etila e hidroalcoólica. As fases n-hexano e diclometano apresentaram baixa atividade antioxidante, observada apenas nas concentrações mais altas (160 à 1.280 mg/L). Já as partições acetato de etila e hidroalcoólica de folhas apresentaram os melhores resultados, com CE50 de 377,5 μg/mL e de 271,5 μg/mL, respectivamente (Figura 1A). As partições acetato de etila e hidroalcoólica de galhos apresentaram CE50 de 449,4 μg/mL e de 278,8 μg/mL, respectivamente (Figura 1B). Estes resultados coincidem com os encontrados em outros estudos com espécies do gênero Aniba. Em trabalho realizado por Silva (2012), os extratos etanólicos de A. canelilla apresentaram uma percentagem de inibição do DPPH de 92,65% para folhas e 92,07% para galhos, e as fases hidroalcoólicas apresentaram boa atividade antioxidante, visto que nas folhas o percentual de inibição chegou a 82,16%, e 77,98% nos galhos. Quando comparado ao padrão ácido ascórbico, verifica-se que as fases hidroalcoólicas de folhas e galhos de A. parviflora foram apenas 2,4 vezes menos eficientes. Quanto ao potencial antibacteriano, somente os óleos essenciais de folhas e galhos de A. parviflora promoveram a formação de halos de inibição nas bactérias Gram-positivas avaliadas, Staphylococcus aureus (halo com ± 11 mm) e Enterococcus faecalis (halo com ± 9 mm) sendo considerados com baixa atividade (Figura 2). Os extratos etanólicos e suas partições, assim como os óleos essenciais não foram ativas sobre as demais bactérias avaliadas.

Figura 1

Concentração eficiente (CE50 em g/mL) de inibição do radical DPPH em amostras de folhas (A) e galhos (B) de A. parviflora.

Figura 2

Atividade antimicrobiana do óleo essencial de folhas de A. parviflora frente às bactérias Staphylococcus aureus (A) e Enterococcus faecalis (B)

CONCLUSÕES: Os extratos de folhas e galhos de A. parviflora possuem um bom potencial antioxidante que pode ser aproveitado nas indústrias de alimentos, farmacêutica e cosmética. O potencial antimicrobiano dos óleos essenciais sobre bactérias Gram-positivas deve ser analisado futuramente para a determinação da concentração inibitória mínima. Portanto, com este estudo verificou-se a potencialidade dos metabólitos produzidos pela espécie Aniba parviflora como fonte de novos antioxidantes e antimicrobianos.

AGRADECIMENTOS: À Capes, pela bolsa concedida, ao CNPq, UEA e Fapeam pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ADAM, K.; SIVROPOULOU, A.; KOKKINI, S.; LANARAS, T.; ARSENAKIS, M. Antifungal activities of Origanum vulgare subsp. hirtum, Mentha spicata, Lavandula angustifolia, and Salvia fruticosa essential oils against human pathogenic fungi. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 46, p. 1739-1745. 1998.

ALBAYRAK, S.; AKSOY, A.; SAGDIC, O.; HAMZAOGLU, E. Compositions, antioxidant and antimicrobial activities of Helichrysum (Asteraceae) species collected from Turkey. Food Chemistry, v. 119, p. 114-122. 2010.

BATISTA, L. T.; SILVA, G. F.; FISCHBORN, A. C.; ALBUQUERQUE, P. M. Avaliação da atividade antioxidante do óleo essencial e extratos etanólicos de folhas e galhos de Aniba parviflora. 52º Congresso Brasileiro de Química, Recife-Pernambuco, 2012.

BEGNAMI, A. F.; DUARTE, M. C. T.; FURLETTI, V.; REHDER, V. L. G.. Antimicrobial potential of Coriandrum sativum L. against different Candida species in vitro. Food Chemistry, v. 118, p. 74-77. 2010.

PIETTA, P. G. Flavonoids as antioxidants. Journal of Natural Products, v. 63, n. 7, p. 1035-1042. 2000.

SILVA, G. F. Estudo do potencial biotecnológico de Aniba canelilla (H.B.K) Mez para obtenção de cosméticos. 2012. 119p. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia e Recursos Naturais), Escola Superior de Ciências da Saúde, Universidade do Estado do Amazonas, Manaus, 2012.