53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Aspectos Etnomedicinais de Famílias da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro

AUTORES: Cruz, A.V.M. (UFRJ) ; Rosa, D.P.S. (UFRRJ) ; Lima, H.R.P. (UFRRJ) ; Kaplan, M.A.C. (UFRJ) ; Silva, A.J.R. (UFRJ) ; Garay, I.E.G. (UFRJ) ; Braz-filho, R. (UENF, UFRRJ) ; Curcino, I.J. (UENF) ; de Carvalho, M.G. (UFRJ, UFRRJ)

RESUMO: A Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro apresenta em seus diferentes domínios, uma Flora altamente diversificada e com muitos representantes endêmicos, mas ainda pouco conhecida em sua diversidade química e medicinal. No intuito de se conhecer um pouco mais dessa diversidade, fez-se um levantamento bibliográfico de teses e dissertações da UFRRJ e UFRJ. A análise dos dados de etnomedicina obtidos, até o momento, um dos aspectos do levantamento, mostrou que as famílias botânicas, que foram de interesse científico, e mais utilizadas pela população do Estado na medicina tradicional são Asteraceae, Solanaceae, Piperaceae e Verbenaceae. As espécies dessas famílias são empregadas principalmente em desordens digestivas, respiratórias e circulatórias.

PALAVRAS CHAVES: Etnomedicina; Mata Atlântica; Asteraceae

INTRODUÇÃO: O entendimento da biodiversidade de qualquer Bioma inclui estudos relacionados ao conhecimento da química dos seres vivos constituintes do mesmo. Entre as diferentes áreas de conhecimento está a química de espécies vegetais e avaliação de atividades biológicas. A Mata Atlântica é o Bioma destacado do Estado do Rio de Janeiro encerrando, em seus diferentes domínios, uma Flora altamente diversificada e com muitos representantes endêmicos, porém, ainda muito pouco conhecida e aproveitada do ponto de vista dos benefícios sociais a serem disponíveis aos seus habitantes (LINO & BECHARA, 2004). Esse estudo tem como objetivo o levantamento de dados químicos e medicinais sobre espécies da Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro, oriundas de coleta no Estado, a fim de ampliar o conhecimento sobre o uso que a população faz dessas espécies na medicina tradicional. Nesse sentido, serão verificadas quais famílias botânicas são mais utilizadas e quais as enfermidades mais tratadas.

MATERIAL E MÉTODOS: Para realização desse trabalho foi feito um levantamento bibliográfico das espécies vegetais, coletadas no Estado do Rio de Janeiro, e estudadas do ponto de vista químico e farmacológico, em Instituições de Ensino Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro e, até o momento UFRRJ e UFRJ. A partir de, 46 teses e 43 dissertações oriundas da UFRJ, na área de Química de Produtos Naturais, subárea Fitoquímica; e na área de Química Orgânica; e 18 dissertações e 8 teses elaboradas na UFRRJ, em Química Vegetal, foi montada uma planilha com dados botânicos, biológicos e químicos. Nessa planilha estão informações de taxonomia como o nome da espécie e sinonímias, aspectos botânicos, como hábito e habitat, aspectos biológicos que engloba informações de etnomedicina e farmacologia, além de dados químicos. Dos dados obtidos, analisaram-se somente os aspectos etnomedicinais das espécies pesquisadas, que são disponibilizadas em gráfico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos através do levantamento realizado mostram, até o momento, que as espécies das famílias Solanaceae, Asteraceae, Piperaceae e Verbenaceae são as mais utilizadas na medicina popular no Estado do Rio de Janeiro, e que tiveram interesse científico. Além disso, os usos medicinais mais conhecidos dessas plantas pela população do Estado do Rio são para problemas gastrointestinais, respiratórios, e circulatórios. Dentre as espécies de Asteraceae, têm-se Achyrocline satureioides DC., conhecida como Macela do Campo, utilizada em afecções do aparelho digestivo e como calmante; Baccharis trimera Less., denominada popularmente de Carqueja, empregada em afecções hepáticas, em febre, como diurético, na diabetes; Pterocaulon alopecuroides (Lam.) DC., denominada Barbasco, Verbasco usada em problemas digestivos e hepáticos, febre e como diurético. Entre as espécies de Solanaceae, têm-se Solanum torvum Sw., a Jurubeba, para problemas hepáticos, tosse e dor; Solanum mauritianum Scop., denominado de Fumo bravo, Fruta de Lobo e utilizado como calmante e diurético; Acnistus arborecens (L.) Schlecht., a Marianeira, nas afecções do baço e fígado e como diurético. Dentre as piperáceas encontram-se Pothomorphe umbellata (L.) Miq., conhecida como Pariparoba, e utilizada no tratamento da malária, inflamações e desordens digestivas e Piper aduncum L., a Pimenta Longa, para a erisipela e úlceras crônicas. BOSCOLO & SENNA-VALE (2001) verificaram que as plantas das famílias Asteraceae, Myrtaceae, Lamiaceae e Solanaceae são as mais empregadas no Município de Quissamã, no Nordeste do Estado. Por sua vez, OLIVEIRA et al. (2011) e SOBRINHO et al. (2011) observaram que plantas da família Asteraceae são as mais usadas no entorno da Reserva Biológica do Tinguá, Município de Nova Iguaçu.

Gráfico

Porcentagem das famílias botânicas com uso medicinal no Estado do Rio de Janeiro com destaque para Solanaceae, Piperaceae, Asteraceae e Verbenaceae.

CONCLUSÕES: Os resultados obtidos, até o momento, pelo levantamento bibliográfico de teses e dissertações na área de fitoquímica e Química Orgânica das instituições UFRRJ e UFRJ, demonstram que as espécies das famílias Solanaceae, Piperaceae, Asteraceae e Verbenaceae estão dentre as mais utilizadas pela população do Estado do Rio de Janeiro na medicina popular. Mostram ainda que essas espécies são usadas principalmente em desordens gastrointestinais, respiratórias e circulatórias. Outros autores destacam o emprego de espécies da família Asteraceae em diferentes regiões do Estado.

AGRADECIMENTOS: Agradecimento à FAPERJ (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) pelo apoio financeiro no edital 12/2012-BIOTA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LINO, F.C. & BECHARA, E. 2004. Estratégias e Instrumentos para a conservação, recuperação e desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica. Série de Políticas Públicas. Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, Campinas, SP, 21, 1 – 44.

BOSCOLO,O. H. & SENNA-VALE, L. 2008. Plantas de uso medicinal em Quissamã, Rio de Janeiro, Brasil. Iheringia, Série Bot. 63, 263-277.

OLIVEIRA, L. S., MUZITANO,M. F., COUTINHO, M. A. S., MELO, G. O., COSTA, S. S. 2011. Plantas medicinais como recurso terapêutico em Comunidade do entorno da Reserva Biológica do Tinguá, Rj, Brasil - Metabólitos secundários e aspectos farmacológicos. Inter Science Place, 17, 54-74.

SOBRINHO, F. A. P., GUEDES-BRUM, R. R., CHRISTO, A. G. 2011. Uso de plantas medicinais no entorno da Reserva Biológica do Tinguá, Nova Iguaçu, RJ. Revista Acadêmica, Ciências Agrárias e Ambiente, 9(2), 195-206.