53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Prospecção fitoquímica e análise do potencial anticolinesterásico e antioxidante do extrato etanólico das vagens da espécie Delonix regia (Bojer ex Hook) Raf.

AUTORES: Maciel de Oliveira Silva, M. (UECE) ; Nunes Gomes, R. (UECE) ; Oliveira Costa, S.M. (UECE) ; Maia de Morais, S. (UECE) ; Freitas de Sousa, A. (UECE) ; Galvão Martins, C. (UECE) ; Calixto Brito, M.K. (UECE) ; Gomes de Sousa, C.A. (UECE) ; de Barros Alexandre, J. (UECE) ; Guerra Vieira, L. (UECE)

RESUMO: A necessidade de fitoterápicos com ação antioxidante e anticolinesterásica foram os fatores fomentadores para se traçar os seguintes objetivos: obter o extrato etanólico das vagens da espécie Delonix regia (Bojer ex Hook) Raf.; submeter tal extrato a análises qualitativas da sua composição química e investigá-lo quanto as seguintes atividades biológicas: antioxidante e inibição da enzima acetilcolinesterase. Utilizou-se um método colorimétrico e qualitativo para análise do potencial de inibição da enzima acetilcolinesterase, a atividade antioxidante foi determinada pelo método de varredura de radical livre DPPH.Os resultados obtidos indicaram que a espécie em estudo apresenta uma alta diversidade de compostos químicos e apresenta um relevante potencial farmacológico.

PALAVRAS CHAVES: Delonix regia; Antioxidante; Anticolinesterásico

INTRODUÇÃO: Delonix regia, popularmente conhecida como flamboyant, flor-do-paraíso e pau- rosa, é uma planta pertencente à família Leguminosae. Suas cascas são adstringentes e as folhas são emenagogas, podendo ser abortivas em doses elevadas. As vagens, por sua vez, contêm muito ácido tânico (CORRÊA, 1978).De acordo com a literatura suas flores são comumente usadas como antibactericida, antinflamatório e analgésico (CHATTERJEE et al. 1992; SHARMA et al. 1996). Segundo Aqil et al. (2006) o extrato metanólico dessas flores possuem um bom potencial antioxidante. Jahan e colaboradores (2010) avaliaram o potencial citotóxico e antimicrobiano dos extratos da casca do caule e obtiveram resultados consideráveis. Estudos referentes a atividade anticolinesterásica e antioxidante das vagens não foram encontrados na literatura.Muitas doenças neurodegenerativas são causadas por excesso de radicais livres no organismo, dentre elas a doença de Alzheimer (D.A), a doença de Parkinson, arteriosclerose, o envelhecimento precoce e dentre outras (SORG, 2004). A utilização de diversas plantas para a inibição dos radicais livres tem aumentado satisfatoriamente, pois alguns metabólitos secundários possuem baixa toxicidade, em relação aos antioxidantes sintéticos (POTTERAT, 1997).O estudo da atividade antiacetilcolinesterásica é de grande importância, principalmente, na prevenção da (D.A), Acredita-se que a inibição da enzima acetilcolinesterase (AChE) cause o aumento da concentração de acetilcolina (ACh) nas sinapses. Esta é uma das principais estratégicas usadas para equilibrar o déficit colinérgico e com isso minimizar ou anular os danos causados por essa doença. Desta forma, o presente trabalho visa avaliar a atividade anticolinesterásica e antioxidante das vagens da espécie D. regia.

MATERIAL E MÉTODOS: As vagens da espécie em estudo foram cortadas em pedaços pequenos e colocadas em um recipiente de vidro com álcool etílico durante um período de uma semana. O solvente contento os constituintes químicos e os pedaços de vagem foi filtrado e posteriormente submetido à rotoevaporação para obtenção do extrato etanólico.A prospecção fitoquímica deste extrato foi realizada de forma qualitativa e com base na metodologia proposta por MATOS (1997).O estudo da atividade antiacetilcolinesterásica consistiu em um ensaio baseado no método colorimétrico de ELLMAN (1961) adaptado para cromatografia em camada delgada (CCD) por RHEE et al. (2001). A fisostigmina foi utilizada como padrão. O método de varredura de radical livre DPPH em solução metanólica foi utilizado para determinação da atividade antioxidante. O teste procedeu da seguinte forma: em um tubo de ensaio colocou-se 3,9 mL de uma solução metanólica 6,5x10-5 M do radical livre DPPH e 0,1 mL da solução metanólica da amostra em teste nas concentrações de 10.000ppm, 5.000ppm, 1.000ppm, 500ppm, 100ppm, 50ppm, 10ppm e 5 ppm. O teste foi feito em triplicata para cada concentração. Após o intervalo de 60 minutos, mediu-se então a absorbância num espectrofotômetro Spekol no comprimento de onda de 515 nm. Os resultados foram utilizados para se calcular o Índice Varredura da amostra em percentual (IV%) usando a fórmula: IV% = (ADPPH – AAMOSTRA/ADPPH) x 100. Onde, ADPPHé a absorbância da solução do radical livre isento da amostra e AAMOSTRA é a absorbância ao final dos 60 minutos.Os valores de IV% e suas respectivas concentrações foram aplicados no Programa Estatístico Origin 7.0 para o cálculo da concentração que inibe 50% dos radicais livres da solução (IC50). Como padrão usou-se a quercetina na mesma concentração dos extratos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os 1,180 Kg de vagens utilizadas renderam 120,898 g de extrato tendo um rendimento equivalente a 10,25%. A prospecção fitoquímica indicou que o extrato etanólico das vagens da D. regia (EEVDR) é constituído pelas seguintes classes de compostos: taninos flobafênicos, flavonóis, flavanonas, flavanonóis e (ou) xantonas livres, saponinas e esteróides livres, confirmando a presença dos taninos já registrados na literatura (CORRÊA, 1978). Quanto a inibição da enzima (AChE) e a atividade antioxidante, o EEVDR mostrou respectivamente os seguintes resultados: halo de 0,6 cm ± 0,1 e IC50 igual a 0,26 mg.mL-1. Tais resultados são bastante relevantes, pois estão bem próximos dos resultados obtidos para os padrões utilizados nos bioensaios. Na avaliação preliminar da atividade de inibição da enzima (AChE) o padrão utilizado foi a fisostigmina, que gerou como resultado um halo de (0,9 cm ± 0,1). A quercetina, padrão utilizado no bioensaio para quantificar o potencial antioxidante, gerou um IC50 igual 0,23 mg.mL-1 como resultado.

CONCLUSÕES: O EEVDR possui uma diversidade de classes de compostos que podem ser associadas ao seu relevante potencial antioxidante e anticolinesterásico. Isso estimula a continuação das investigações, visando o isolamento biomonitorado e a identificação de substâncias que possam ser testadas inclusive em outros ensaios biológicos.

AGRADECIMENTOS: Agrademos ao CNPq e a Universidade Estadual do Ceará pela oportunidade e apoio na pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AQIL, F.; AHMAD, I.; MEHMOOD, Z. Antioxidant and Free Radical Scavenging Properties of Twelve Traditionally Used Indian Medicinal Plants. Turkish Journal of Biology, v. 30, p. 177-183, 2006.
CHATTERJEE, A.; PAKRASHI, S.C. The treatise on Indian Medicinal Plants. Publications an Information Directorate. v. 2. p. 125-126, 1992.
CORRÊA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de janeiro, Imprensa Nacional. 1978, v.6, 777p.
ELLMAN, G. C; COURTNEY, K. D.; ANDRES, V.; FHEATHERSTONE, R.M.A. New and rapid colorimetric determination of acetylcolinesterase activity.Biochemical Pharmacology, v. 7, n. 2, p. 88-95, 1961.
MATOS, F. J. A. Introdução à fitoquímica experimental, Fortaleza: UFC, 1997.
POTTERAT, O. Antioxidants and free radical scavengers of natural origin.Current Organic Chemistry, v.1, p.415, 1997.
RHEE, I. K.; MEENT, M. V; INGKANINAN, K.; VERPOORTE, R. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity stainin. Journal of Chromatography A, v. 915, p. 217-223, 2001.
SHARMA, R.D.; SARKAR, A.; HAZRA, D.K., MISHRA, B. Hypolipidaemic affect of fenugreek seeds: a chronic study in non insulin dependent diabectic patients. Phytotherapy Research. v. 10, p. 332-334, 1996.
SORG, O. Oxidative stress: a theoretical model or biological reality? ComptesRendusBiologies, v.327, p.649-662, 2004.