53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: PRODUÇÃO LABORATORIAL DE CREME DENTAL DE BAIXO CUSTO E COM MATÉRIAS PRIMAS ESSENCIALMENTE NATURAIS

AUTORES: Júnior, E.S.C. (IFAL) ; Lima, T.P.C. (IFAL) ; Romeiro, T.A. (IFAL) ; Silva, L.R. (IFAL)

RESUMO: O projeto de produção de creme dental com juá e erva doce visa à produção laboratorial de um produto de uso constante e que, além disso, apresente vantagens quanto a sua composição química – à medida que substitui a matéria prima artificial pela natural. Utilizando reagentes como o juá - com suas propriedades de limpezas devido às saponinas presentes em sua casca - a erva doce com sua essência de ação antibacteriana, o bicarbonato de sódio - com sua capacidade de branqueamento - juntamente com outros que constituem a base de um dentifrício, pode-se sintetizar um produto que atenda às necessidades dos usuários de uma maneira menos prejudicial ao esmalte dentário em contrapartida aos cremes dentais industrializados que podem ocasionar problemas como a fluorose dental.

PALAVRAS CHAVES: DENTIFRÍCIO; JUÁ; ERVA-DOCE

INTRODUÇÃO: Os cremes dentais existentes no mercado são, em sua maioria, fabricados com base em produtos artificiais, ou em um restrito grupo de vegetais, como a hortelã e o eucalipto. O Ziziphus joazeiro – conhecido como Juá – possui, em sua casca, uma saponina – compostos que são caracterizados pela formação de espuma, tendo propriedades detergentes e surfactantes. Devido a essa propriedade, a casca do juá é, ainda que timidamente, utilizada na produção de fitocosméticos como sabonetes, xampus, entre outros, e pode também ser empregada na fabricação de cremes dentais. A Pimpinella anisum L. – popularmente conhecida como erva-doce ou anis verde – por sua vez, apresenta um forte sabor aromático e de odor poderoso que pode ser utilizada contra o mau-hálito, por possuir ação antibacteriana [SILVA, 2006]. A proposta do projeto é unir as propriedades de limpeza da casca do Juá com a ação contra o mau-hálito da erva-doce em um creme dental fabricado em laboratório, ofertando-se um curso de produção artesanal do creme dental, voltado a alunos do ensino médio de uma escola pública. A iniciativa, além de estimular os alunos ao estudo da química, pode lhes fornecer uma fonte alternativa de renda.

MATERIAL E MÉTODOS: Os principais métodos aplicados no processo produtivo são descritos a seguir: ⦁ Extração do juá: utilizaram-se duas técnicas de extração utilizando como solvente o etanol P.A. A primeira foi utilizando o extrator de Soxhlet. Com o aquecimento, o solvente vaporizava, era condensado e interagia com a raspa do juá, arrastando as substâncias de interesse de volta para o balão. A segunda técnica de extração foi colocando as rapas de juá em contato com o solvente e aquecendo-os em uma chapa aquecedora, a uma temperatura próxima ao ponto de ebulição do etanol (78ºC), e realizando uma filtração comum. Os extratos foram concentrados no rotaevaporador, utilizando-se a baixa pressão para evitar a formação de artefatos. Para garantir a evaporação do solvente, houve um período de secagem em banho-maria por quatro horas. ⦁ Extração do óleo essencial da erva-doce: utilizando-se o destilador Clevenger, que realiza a hidrodestilação [TAVARES, 2007], extraiu-se o hidrolátil do óleo essencial da erva-doce, o anetol. Utilizando a água como solvente, aqueceu-se a mistura no balão de destilação. À medida que a mistura entrava em ebulição, era condensada pelo condensador de tubo reto acoplado ao sistema e tinha o óleo puro concentrado no tubo de outro condensador conectado a ele, enquanto um tubo inferior recolhia o hidrolátil. Em virtude do pequeno rendimento da extração, utilizou-se o hidrolátil do óleo essencial. ⦁ Produção do dentifrício: aquecem-se massas iguais de mel e glicerina a uma temperatura de 70ºC, com agitação constante, e deixa-se a mistura esfriar a temperatura ambiente. A ela é acrescido o caulim, a essência de erva-doce e o extrato de juá e, em seguida, somam-se o bicarbonato, o açúcar e o mentol em quantidades determinadas experimentalmente, homogeneizando a mistura final.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Iniciou-se os testes usando valores aleatórios dos reagentes, buscando a proporção correta entre eles. Ao detectar o excesso ou a falta de determinada característica passou-se a trabalhar com um parâmetro inferior e outro superior modificando apenas um reagente por teste ou buscando a proporção entre dois deles; desta forma, reduzir-se-ia a faixa de valores a se trabalhar. A massa de bicarbonato de sódio era utilizado, inicialmente, era superior a 60g. Todavia, devido ao sabor salgado dos primeiros cremes dentais sintetizados, esse valor foi gradativamente reduzido, chegando-se à quantidade ideal de 25g . No começo dos testes, utilizaram-se 0,169g de mentol, visto que este não apresentou a refrescância desejada aumentou-se para 7g e, depois, para 20, como neste último notou-se excesso, passaram-se a utilizar 15g do reagente. A quantidade inicial de açúcar era de 0,068g, todavia, no intuito de amenizar o sabor salgado dos produtos, essa quantidade foi paulatinamente aumentada, chegando-se à quantidade ideal de 3g. O creme dental sintetizado apresentou as características esperadas quanto à formação de espuma, refrescância e consistência. O sabor da erva-doce foi responsável por inibir o odor desagradável do extrato do juá, conferindo ao dentifrício um sabor próximo ao dos cremes dentais industrializados. Outra finalidade da utilização da essência de erva-doce é referente às suas propriedades antibacterianas. Ao realizar o teste de pH observou-se que assumia um valor de 8,5, em contrapartida a 9,0 de um creme dental industrializado - apresentando caráter levemente básico. Devido à adição do bicarbonato de sódio o creme dental possui propriedades anti-cáries e branqueadoras.

CONCLUSÕES: A partir dos resultados dos testes experimentais concluiu-se que é possível produzir creme dental em laboratório sem o uso excessivo de reagentes artificiais, reduzindo os riscos de problemas dentários que poderiam ocasionar. Com base nos conhecimentos químicos pode-se unir as propriedades de interesse das matérias primas naturais, resultando em um produto que atende às suas funções.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ⦁ SILVA, A.R. Creme dental com óleo de nim (Azadiracta indica A. de Jussieu): uma inovaçao como alternativa de desenvolvimento local em assentamentos rurais. Campo Grande, MS. 2006.
⦁ TAVARES,J.A. Projeto, construção, testes e operação de um extrator de óleos vegetais. São Carlos, SP. 2007.
⦁ http://www.splabor.com.br/blog/evaporador-rotativo-2/evaporador-rotativo-tecnologia-empregada-na-destilacao/#more-2972
Acessado em 12/07/2013 às 0951min.