53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ANÁLISE QUÍMICA DO ÓLEO DE TUCUMÃ EXTRAÍDO POR PRENSAGEM A FRIO

AUTORES: Farias, K.C.S. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Mendonça, A. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Silva, J.R. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Oliveira, A.S. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Fagundes, S.T. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Azevedo, M.A. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI) ; Araújo, M.E.R. (INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGI)

RESUMO: O tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Meyer) está entre as frutíferas da Amazônia que apresentam potencial econômico, tecnológico e nutricional. O óleo desta espécie possui características organolépticas e nutritivas de alto valor para a indústria de alimentos e cosmética. Os procedimentos adotados na extração por meio de prensa a frio podem interferir na qualidade do óleo. Portanto, o objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade do óleo de tucumã extraído por prensagem a frio. O óleo foi comprado de uma empresa e foram analisados os índices de: acidez, peróxido, saponificação e iodo de acordo com a metodologia de Adolfo Lutz. O óleo teve apenas o índice de acidez elevado 11,67mg KOH/g comparado a legislação vigente.

PALAVRAS CHAVES: Astrocaryum aculeatum G. ; prensagem a frio; Óleo vegetal

INTRODUÇÃO: A valorização econômica de alguns óleos vegetais extraídos de frutos passa pelo melhoramento tecnológico de uma cadeia produtiva que envolve: o cultivo, a extração dos óleos e a caracterização de suas propriedades, favorecendo os interesses das indústrias (REMÉDIOS et al., 2008). A região Amazônia apresenta inúmeras espécies nativas de plantas frutíferas que apresentam potencial econômico, tecnológico e nutricional que vem despertando o interesse de estudos científicos em diversificadas áreas, tais como: alimentícia, farmacêutica, cosmética, aromatizante e essências. Dentre as espécies que apresentam potencial para exploração industrial encontra-se o tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Meyer), palmeira cujo fruto é muito utilizado nos Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima para o consumo humano. O tucumã está freqüentemente associada à ambientes degradados e de vegetação secundária (FAO, 1987). O óleo desta espécie é considerado comestível, possuindo características organolépticas e nutritivas de alto valor para a indústria de alimentos e cosmética. Uma das formas de extração do óleo é por meio de prensa. O processo mecânico é vantajoso por ter funcionamento simples, baixo custo de aquisição e manutenção além de não usar produtos químicos, o que permite que seja instalado em pequenas propriedades rurais (SINGH & BARGALE, 2000). Deve-se ressaltar ainda que o rendimento pode ser aumentado com o manejo adequado das sementes. Há vários fatores que interferem na qualidade do óleo produzido, por exemplo: maturidade do fruto, teor de água da matéria-prima, secagem, tempo de armazenamento e acondicionamento do óleo. Diante deste cenário, o objetivo do trabalho foi analisar as propriedades químicas do óleo de tucumã extraído pelo método de prensagem a frio.

MATERIAL E MÉTODOS: O óleo bruto de tucumã foi obtido de uma empresa extratora de óleos vegetais localizada na zona rural de Ji-Parana, Rondônia. O óleo foi resultado da prensagem a frio das amêndoas de tucumã. Em seguida, acondicionado em vidro âmbar e encaminhado para análise no laboratório de química geral do Instituto Federal de Rondônia, Câmpus Ji-Paraná. Os índices avaliados foram: acidez, peróxido, saponificação e iodo de acordo com a metodologia descrita por Adolfo Lutz (2005). As amostras de óleo foram analisadas em triplicatas. Os valores dos índices analisados foram comparados com os descritos na Resolução 270 de 2005 da ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária) (BRASIL, 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O óleo de tucumã extraído pela empresa por meio de prensagem teve índice de acidez de 11,67 mg KOH.g-1 (Tabela 1). Para óleos prensados a frio e não refinados o valor máximo permitido é de 4,0 mg KOH.g-1 (BRASIL, 2005). O alto valor de acidez pode ser atribuído a fatores como qualidade da matéria-prima, armazenamento impróprio ou ainda processamento insatisfatório, o que contribui para formação de ácidos graxos livres (BRASIL, 2005). Estudo semelhante realizado por (BANNY, 2008) encontrou valores de acidez de 37,5 ± 0,4 KOH g- 1para o óleo prensado. O índice de Saponificação teve valor de 248,28 mgKOH.g-1, superior ao descrito por (BANNY, 2008) (Tabela 1). O índice indica a presença de óleos com alta proporção de ácidos graxos e de baixo peso molecular. Desta forma, quanto menor a massa molecular do ácido graxo, maior será o índice de saponificação (PEREIRA, 2007). O óleo de tucumã teve o índice de peróxido de 10,38 meq.kg-1 (Tabela 1), valor maior foi encontrado por (BANNY, 2008). O valor máximo permitido é de 15 meq/kg, pois valores abaixo desse indicam uma baixa possibilidade de deterioração oxidativa (MALACRIDA, 2003; BRASIL, 2005). O índice de iodo teve valor de 4,28 g I2.100g, superior ao valor encontrado por (BANNY, 2008) (Tabela 1). Os valores foram inferiores aos óleos encontrados por (ZANINETTI, 2009), resultado da prensagem da polpa do tucumã (114,62 g I2.100g). O índice de iodo de um óleo ou gordura é a medida do seu grau de instauração e é expresso em termos do número de centigramas de iodo absorvido por grama da amostra (% iodo absorvido). O alto valor deste parâmetro pode ser causado pela grande quantidade de ligações insaturadas presentes no óleo em função da ocorrência de ácidos graxos insaturados, que são facilmente oxidados.

Tabela 1

Características químicas do óleo das amêndoas de tucumã extraído por prensagem a frio.

CONCLUSÕES: A análise do óleo de tucumã extraído por prensagem a frio indicou que, com exceção do índice de acidez, os demais índices avaliados estão dentro do permitido pela legislação e próximos a valores encontrados por outros autores em estudos semelhantes.

AGRADECIMENTOS: Ao Instituto Federal de Educação,Ciência e Tecnologia de Rondônia– Câmpus Ji- Paraná,pela concessão de Bolsas PIBIC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BANNY, B. Aproveitamento do Óleo das Amêndoas de Tucumã na Produção de Biodiesel. Mercosul. 2008
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 270, 22 de setembro de 2005. Dispõe sobre regulamento técnico para óleos vegetais, gorduras vegetais e creme vegetal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 23 set. 2005.
FAO. 1987. Especies forestales productoras de frutas y otros alimentos. 3. Ejemplo de America Latina, 44/3. Rome. 241p
MALACRIDA, C. R. Alterações do óleo de soja e da mistura azeite de dendê - óleo de soja em frituras descontínuas de batatas chips. Brazilian Journal Food Technology,Campinas/SP (ITAL), v. 6, n. 2, p. 245-249, 2003.
PEREIRA, F. E. A. Biodiesel produzido a partir do óleo de sementes de Mabea fistulifera. 2007. 87 f. Dissertação (Mestrado em Agroquímica). Universidade Federal de Viçosa, Viçosa/MG. 2007.
REMÉDIOS, C. M. R.; NUNES, E. C. D. B.; CABRAL, A. Jr. D. F.; NERO, J. D.; ALCANTARA Jr., P.; MOREIRA, S. G. C. Estudo espectroscópio de óleos derivados de frutos da palma. Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciências dos Materiais. Foz do Iguaçu, Paraná. 2006.
SINGH, J., BARGALE, P.C. Development of a small capacity double stage compression screw press for oil expression. Journal of food engineering, v. 43, p. 75-82, 2000.
ZANINETTI, REAN AUGUSTO.Caracterização do óleo de frutos de tucumã (Astrocaryumaculeatum) para produção de biodiesel. 59p. Jaboticabal/BA. 2009.