53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE CITOTÓXICA DA FRAÇÃO HEXANO EXTRAÍDA DA PARTIÇÃO DO EXTRATO METANÓLICO DA CASCA DE Cassia grandis (FABACEAE)

AUTORES: Magalhães, L. (UFPE) ; Silva, T. (UFPE) ; Militão, G. (UFPE) ; Albuquerque, J. (UFPE)

RESUMO: A Cassia grandis é conhecida como Cassia rosa, pertence a família Fabaceae, é uma árvore de grande porte com crescimento rápido, nativa da região Amazônica, tem se adaptado com facilidade ao clima do Nordeste. È utilizada largamente em paisagismo urbano devido ao caráter ornamental de sua bela floração rosa durante os meses que se estendem de outubro a janeiro. É utilizada na medicina popular, em tratamentos de doenças gastrointestinais e principalmente na cura de úlceras. Estudos revelaram propriedades com ações farmacológicas comprovadas. Com base nesses dados foi objetivado o estudo citotóxico da fração hexano extraída da partição do extrato metanólico da casca dessa planta em células HEp-2 (carcinoma de laringe) e HL60 (Leucemia humana). Esse estudo comprovou a atividades já esperada.

PALAVRAS CHAVES: Cassia grandis; Atividade citotóxica; Cássia rosa

INTRODUÇÃO: Há muito tempo as plantas medicinais vem sendo usada tradicionalmente na cura de varias doenças. Sua aplicação atua em diferentes enfermidades indo desde o combate ao câncer até doenças patogênicas por micro-organismos (SILVA, 2004. CALIXTO, 2000). De modo geral as plantas medicinais além de serem empregados com fins terapêuticos contribuem também na obtenção de novos medicamentos (Cechinel Filho, 1998). A família Fabaceae apresenta ampla distribuição biogeográfica e compreende grande número de espécies economicamente importantes devido ao potencial madeireiro, à participação na fixação biológica de nitrogênio, além de serem consideradas importantes fontes de proteínas vegetais (FERREIRA et al., 2004). A madeira da Cassia grandis é usada na construção civil e em fogueiras durante todo o período junino. A Cassia grandis é uma árvore frondosa de crescimento rápido, podendo atingir doze metros de altura e um diâmetro de oito metros de copa de forma larga, possui folhas pequenas verde escuras e uma floração rosa de um visual encantador. Embora seja nativa da região amazônica tem se adaptado ao clima do Nordeste com grande facilidade. Sua floração é no fim do ano. É conhecida popularmente como cássia-rosa ou cássia-gigante (LORENZI, 1992). Na Tailândia suas folhas são usadas no tratamento de gastrite e úlcera para combater a bactéria Gram-negativa Helicobacter pylori causadora de câncer gástrico, onde tem reduzido significantemente esse mal (KASHIWADA et al., 1998). Estudos revelaram propriedades de ações farmacológicas comprovadas. Através dessas informações foi despertado o interesse de avaliar a ação citotóxica da fração hexano da casca de Cassia grandis frente às células HEp-2 (carcinoma de laringe) e HL60 (Leucemia humana).

MATERIAL E MÉTODOS: A partir do extrato metanólico da casca da planta Cassia grandis foi realizada a partição (sólido-líquido) com hexano, onde o extrato foi lavado por três vezes consecutivas com esse solvente sob agitação manual e separado por funil de decantação. O volume final após as três lavagens foi filtrado, evaporado e seco em estufa a 37 ºC e pesado obtendo-se a fração hexano da partição do extrato metanólico. Em seguida, o material foi pesado e determinado seu percentual de peso em relação ao material inicial e armazenado em geladeira a 4 °C, estando assim, protegidos da luz e contra insetos. Para o teste em estudo foram retiradas 10 mg da fração hexano e utilizados no teste para avaliação da atividade citotóxica. Essa amostra foi diluída no solvente DMSO e testada na concentração de 50 µg/mL. Análise de citotoxicidade pelo método do MTT que se baseia na conversão do sal 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-2-H-brometo de tetrazolium (MTT) em azul de formazan vem sendo utilizada no programa de screening do National Cancer Institute dos Estados Unidos (NCI) (SKEHAN et al., 1990). Este método foi descrito primeiramente por Mosman no ano de 1983 tendo obtido grande êxito o qual ficou consagrado até os dias de hoje. Estudo citotóxico pelo método do MTT permite definir facilmente a citotoxicidade, mas não o mecanismo de ação (BERRIDGE et al., 1996). As células foram plaqueadas na concentração de 1 x 105 células/mL. As substâncias previamente dissolvidas em DMSO foram diluídas em série no meio RPMI para obtenção das concentrações finais e adicionadas em placa de 96 poços (100μL/poço). As placas foram incubadas por 72 horas em estufa a 5 % de CO2 a 37 C. Em seguida foram adicionados 25 μL da solução de MTT e as placas incubadas por três horas. As amostras foram testadas em duplicata.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Este experimento foi desenvolvido em condições especiais realizado em concentrações diferentes e observando o índice de inibição das células citotóxicas padrões usadas, HEp-2 (carcinoma de laringe) e HL60 (Leucemia humana). A leitura do resultado desse experimento concluído foi analisado segundo suas médias e respectivos desvio padrões usando o programa computacional GraphPad Prism. Os respectivos resultados obtidos foram realizados pela determinação da Cl50, concentração que inibe 50 % da proliferação celular em relação ao controle segundo as referêncisa usadas na literatura mundial com grande credibilidade. (ADOLPHE & BARLOWATZ-MEIMON, 1988). Estes testes vêm sendo usados para examinar todos os experimentos realizados com células na literatura universal desde quase quatro décadas de experiências comprovadas sobre o respectivo estudo. As amostras foram avaliadas dentro de uma escala determinada seguindo as classificações adotadas para qualquer tipo de teste citotóxico observado pelos padrões internacionais vigentes: sem atividade, na proporção de (1 a 20 % de inibição do crescimento celular observado), com pouca atividade (inibições de crescimento celular variando de 20 a 50 %), com atividade moderada (inibição de crescimento celular variando de 50 a 70 %), com muita atividade (inibição de crescimento variando de 70 a 100 %). Os resultados desse estudo em relação ao percentual de inibição do crescimento celular (IC %) da fração hexano em duas linhagens tumorais testadas na dose única de 50 µg / mL estão apresentados a seguir. A célula HEp-2 apresentou índice de inibição de crescimento de 74,5 % e HL60 de 90,8 %, considerado índice de inibição de crescimento celular com muita atividade para ambos de acordo com a escala de intensidade empregada nesse experimento celular.

CONCLUSÕES: Nesse teste usado para a fração hexano da Cassia grandis foram utilizadas dois tipos de células tumorais HEp-2 (carcinoma de laringe) e HL60 (Leucemia humana). Ambas foram submetidas ao tratamento com a fração hexano da partição do extrato metanólico da casca de Cassia grandis. As duas células testadas apresentaram muita atividade com inibição celular de 74,5 % e 90,8 % respectivamente de acordo com a classificação usada. Foi calculado o desvio padrão para as linhagens de células utilizadas e observado cuidadosamente seus resultados com as respectivas percentagens.

AGRADECIMENTOS: Aos Laboratórios de Produtos Naturais e Sintéticos (LPNS) e Cancerologia Experimental do Dep. de Antibióticos da UFPE, pela realização do trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ADOLPHE M., BARLOVATZ-MEIMON G. Culture de Cellules Animales. Méthodologies Applications. In Ed. INSERN, Paris, 1988.

BERRIDGE, M. V.; TAN, A. S.; MCCOY, K. D.; WANG, R. The Biochemical and Cellular Basis of Cell Proliferation Assays that Use Tetrazolium Salts. Biochemica, 4: 14-19,1996.

CALIXTO, J. B., Efficacy, safety, quality control, marketing and regulatory guidelines for herbal medicines (phytotherapeutic agents).Brazilian Journal and Biological Research,33, p. 179-189, 2000.

CECHINEL Filho, Estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação estrutural para otimização da atividade, Química Nova; 21; 1, 1998.

FERREIRA, G.C.; HOPKINS, M.J.G. Contribuição ao conhecimento morfológico das espécies de leguminosae comercializadas no estado do Pará, como “angelim”. Acta Amazônica, 34(2): 219-232, 2004.

KASHIWADA Y, WANG H.K., NAGAO T., KITANAKA S. YASUDA I., FUGIOKA T., YAMAGISHI T., COSENTINO, L.M., KOSUKA M., OKABE K., IKHESHIRO Y., HU C.K., YEH E.; LEE, K.H. Journal Of Natural Products, 61 : 9: 1090-1095, 1998.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras, São Paulo, Ed. Plantarum, 1: 440, 1992.

SILVA, M. C., CARVALHO, J. C. T., Plantas Medicinais: In: J. C. T. Carvalho, Fitoterápicos. Antiinflamatórios. Aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto, SP, Tecmedd, 480 p, 2004.

SKEHAN, P.; STORENG, R.; SCUDIERO, D.; MONKS, A; MCMAHON, J.; VISTICA, D.; WARREN, J.T.; BODESCH, H.; KENNEY, S.; BOYD, M. R. New colorimetric cytotoxicity assay for anticancer – drug screening. J. Natl. Cancer Inst. 82, 13: 1107-1112, 1990.