Análise Química da Folha da Momordica charantia L. Cucurbitaceae (Melão-de-São-Caetano)

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Iniciação Científica

Autores

Borges, J.L.J. (CCET/UEG) ; Oliveira, M.S. (CCET/UEG) ; Costa, M.B. (CCET/UEG)

Resumo

Estudos com a Momordica charantia L. Cucurbitaceae (melão-de-São-Caetano) evidenciaram resultados satisfatórios com partes da espécie em questão. Este trabalho procura aplicar técnicas de CLAE, com o extrato etanólico da folha (EBEF) esta espécie, com o intuito de separar e caracterizar possíveis novos metabólitos. O EBEF foi obtido por maceração em etanol e submetido à filtração a vácuo. As frações hexano, diclorometânica, acetato e butanólica foram analisadas por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). A análise por CLAE evidenciou que as frações diclorometânica e acetato apresentaram compostos com mesmo fator de retenção e serão submetidas à separação em fase sólida (SPE) para posteriormente elucidação por técnicas espectrométricas e submetidas a bioensaios.

Palavras chaves

Momordica charantia; Metabólitos secundários; CLAE

Introdução

A química de produtos naturais é uma área que dispõe de várias pesquisas, e o Brasil se destaca no cenário mundial, devido à sua grande biodiversidade, aproximadamente 20% de toda a biodiversidade (BARREIRO; BOLZANI, 2009). Estudos que caracterize e viabilize a obtenção de novos fármacos são imprescindíveis já que o ganho científico atribuído a eles é imensurável. Além disso, esse tipo de medicamento é preferido pela população, pois fornecem bases moleculares viáveis farmacologicamente (RIBEIRO e CALIXTO, 2009). A partir destas considerações, dados etnobotânicos de espécies do Cerrado Goiano acompanhados de testes de prospecção fitoquímica, revelaram várias famílias com uma vasta fonte de metabólitos secundários bioativos, em particular, a espécie Cucurbitaceae, que pertence à ordem Curcubitales e possui aproximadamente 120 gêneros 825 espécies, distribuídas em regiões tropicais (COUTINHO et al., 2009). O Brasil possui em torno de 30 gêneros e 200 espécies da família Cucurbitaceae (KINUPP, 2007). As curcubitaceaes apresentam atividades farmacológicas, tais como anti- inflamatória, antimicrobiana, antitumoral dentre outras (LIMA et al., 2010). E possui presença marcante de flavonoides e triterpenoides tetracíclicos extremamente amargos, denominados como cucurbitacinas (LIMA, 2010). Dentre as espécies da família Cucurbitaceae, a Momordica charantia L. tem-se destacado por sua utilização na medicina popular e pelo histórico de compostos isolados com atividade biológica. Em estudos fitoquímicos com a espécie, identificou-se uma série de metabólitos secundários, principalmente, esteroides (PEREIRA et al., 2010; RODRIGUES et al.,2010), alcaloides, catequinas e saponinas (RODRIGUES et al., 2010). Os resultados satisfatórios de pesquisas com partes da espécie em questão, e a necessidade de ampliar o estudo químico e biológico da espécie Momordica charantia, motivaram o presente trabalho com a folha da espécie em questão.

Material e métodos

A parte experimental foi executada na Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas (UnUCET) da Universidade Estadual de Goiás (UEG). A coleta foi realizada em Goiânia, e uma exsicata foi depositada no herbário da Unidade de Ciências Extas e Tecnológica – UEG. O material botânico foi seco a temperatura ambiente ao abrigo da luz solar e em seguida, reduzidos a pó com o auxílio de um liquidificador doméstico. Os espectros de Ultravioleta-visível (UV/Vis) foram registrados em espectrofotômetro UV/Vis Spectrometer Lambda 25 (PerkinElmer). Os cromatogramas provenientes de CLAE UV/Vis foram obtidos em aparelho com injetor ProStar 410, detector UV/Vis ProStar 310 e bomba ProStar 240 (Varian), com coluna C18(2) 250x4.60 mm, 5µ (Phenomenex Luna) e fase móvel constituída por água deionizada e filtrada em membrana de 0,45 µm (EZ-ParK® MILLIPORE) e acetonitrila grau CLAE. Fluxo: 1 mL/min. Faixa de detecção: 270 nm. O extrato bruto etanólico da folha (EBEF) foi preparado a partir de 65,37g da folha que foi submetido a extrações exaustivas pelo método de remaceração. Em sequência, o EBEF foi separado por filtração a vácuo, sob sílica 60G, com a aplicação de eluentes em ordem crescente de polaridade (hexano, diclorometano, acetato de etila e terc- butanol). Após a separação, as frações hexânica (FrHx), diclorometânica (FrDCM), acetato (FrAcOEt) e butanólica (FrBuOH) foram concentradas em evaporador rotativo e secas em bomba de alto vácuo até massa constante. Uma pequena amostra das frações de hexano, diclorometano e acetato de etila foram diluídas em etanol puro e analisadas em UV/Vis e, posteriormente, por CLAE em 270 nm e com gradientes de eluentes (água/acetonitrila).

Resultado e discussão

O preparo dos extratos vegetais pode ser realizado através de várias técnicas de extração. Neste trabalho optou-se por empregar o processo de maceração por não formar artefatos. A partir de 65,37 g de folhas obteve-se 5,35 g do extrato bruto etanólico da folha (EBEF) seco. Com a filtração do EBEF obteve-se as Frações: hexânicas (FrHx - 0,961 g); diclorometano (FrDCM - 2,501 g); Acetato (FrAcOEt - 0,877 g) e butanólica (1,012 g). A cromatografia em camada delgada (CCD) foi aplicada ao extrato e as frações para a escolha do melhor eluente e a análise da quantidade de compostos presentes. Entretanto, as análises evidenciaram que as frações, principalmente as frações diclorometânica e butanólica eram constituídas por diversos componentes. Devido a sua alta polaridade, a fração butanólica foi separada para a purificação em coluna com diaion, e as demais frações analisadas por CLAE. Os cromatogramas obtidos (Figura 1) evidenciaram que as frações diclorometânica e a acetato possuem a mesma composição. Portanto, as mesmas serão reunidas e a partir da análise do tempo de retenção dos componentes presentes nestas frações foi possível decidir que eles serão separados por cromatografia de separação em fase sólida (SPE), no qual a eluição será com acetonitrila:água aumentando-se lentamente a polaridade do eluente para evitar que os componentes com tempo de retenção próximos sejam eluídos ao mesmo tempo. Já a fração hexânica será submetida a uma análise isocrática para ajustes na metodologia de separação destes componentes.

Figura 1

Cromatogramas das frações hexano, diclorometânica e acetato

Conclusões

Os estudos, por cromatografia líquida de alta eficiência, com a folha da Momordica charantia mostraram que as frações diclorometânica e acetato do extrato bruto etanólico da folha possuem praticamente a mesma composição química. Estas análises por CLAE permitiram a escolha da cromatografia por SPE para a separação destes componentes que posteriormente serão elucidados por técnicas espectrométricas. Com o isolamento e caracterização destes compostos, pretende-se uma sequência deste trabalho para a realização de bioensaios para averiguar seu potencial biológico.

Agradecimentos

Á UEG/Campus Henrique Santillo pelo apoio.

Referências

BARREIRO, E. J.; BOLZANI, V. S. Biodiversidade: fonte potencial para a descoberta de fármacos. Química Nova, v.32, n.3, p.679-688, 2009.
COUTINHO, D. F.; FLORÊNCIO, J. C.; AGUIAR, L. R.; RODRIGUES, K. A. F.; VILANOVA,C. M.; BARBOSA, E. R. C. Estudo farmacobotânico das folhas de Momordica charantia L. (Cucurbitaceae). Visão Acadêmica, v.10, n.1, p.7-17, 2009.
KINUPP, V. F. Plantas alimentícias não-convencionais da região metropolitana de Porto Alegre.UFRGS, 2007. 590f. Tese (Doutorado em Fitotecnia), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007.
LIMA, J. F.; SILVA, M. P. L.; TELES, S.; SILVA, F.; MARTINS, G. N. Avaliação de diferentes substratos na qualidade fisiológica de sementes de melão de caroá [Sicana odorífera (Vell.) Naudim]. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.12, n.2, p.163-167, 2010.
LIMA, L. F. P. Estudos taxonômicos e morfopolímicos em Cucurbitaceaes brasileiras.UFRGS, 2010. 246f Tese (Doutorado em Botânica), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010.
PEREIRA, B. S.; NUNES-PINHEIRO, D. C. S.; VASCONCELOS, A. K. P.; PINHEIRO, A. D. N.; RODRIGUES, P. A. Atividade hepatoprotetora dos extratos etanólico e hexânico das folhas de Momordica charantia L. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, Botucatu, v.12, n.3, p.311-316, 2010.
RIBEIRO, E. M.; CALIXTO, J. S., O cerrado como fonte de plantas medicinais para o uso dos moradores de comunidades tradicionais do alto Jequitinhonha (Disponível em:http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT02/GTJuliana.pdf Acesso:12-09-2009).
ROGRIGUES, K. A. F.; DIAS, C. N.; FLORÊNCIO, J. C.; VILANOVA, C. M.; GONÇALVES, J. R. S.; COUTINHO-MORAES, D. F. Prospecção fitoquímica e atividade moluscicida de folhas de Momordica charantia L. Caderno de Pesquisa, São Luís, v.17, n.2, p.69-76, 2010.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás