Ação de removedor de pichação na superfície de rochas ornamentais de bens tombados pelo patrimônio

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Iniciação Científica

Autores

Ribeiro, R.C. (CETEM) ; Lacerda, G. (CETEM)

Resumo

O trabalho teve como objetivo verificar o comportamento da superfície de rochas após a aplicação de um removedor de pichação. Foram utilizados pastilhas de 4 tipos de rochas diferentes, uma tinta spray para a pichação e um removedor de pichação. Realizou-se índices físicos, segundo ABNT, para obtenção da absorção e porosidade das amostras antes, após pichação e após a limpeza. Utilizou-se também o aparelho Spectro guide para medição de brilho e cor das amostras antes e após utilização do agente de limpeza.Após a aplicação do removedor a maioria das amostras tiveram um aumento na absorção, devido a ação do agente de remoção que agride a superfície da rocha, diminuição da porosidade, devido à impregnação de tintas nas camadas mais profundas. Todas as amostras tiveram alteração cromática.

Palavras chaves

Rochas ornamentais; Pichação; Removedor de pichação

Introdução

O patrimônio cultural pétreo é o conjunto de bens de natureza material que guardam em si referências à identidade, a ação e a memória de diferentes grupos sociais. Cada indivíduo é parte de um todo – da sociedade e do ambiente onde vive – e constrói, com os demais, a história dessa sociedade, legando às gerações futuras, por meio dos bens criados e das intervenções no ambiente, registros capazes de propiciar a compreensão da história humana pelas gerações futuras. A destruição dos bens herdados das gerações passadas acarreta o rompimento da corrente do conhecimento (BRAGA, 2003). Atualmente, a importância da preservação de bens pétreos ganha novo foco, pois além dos prejuízos causados pela ação da natureza, nosso patrimônio vem sofrendo com ações antrópicas, principalmente, pichações causadas por ações de vândalos. A pichação é, por definição, feita em locais proibidos e à noite, em operações rápidas, sendo tratada como ataque ao patrimônio público ou privado, onde ocorre impregnação da tinta na superfície e em camadas profundas das rochas que compõem os monumentos. As pichações continuam sendo realizadas, gerando a necessidade de uma medida preventiva para proteger o patrimônio histórico e cultural, além de métodos eficazes de extração da pichação sem danificar a superfície das rochas, uma vez que existem hoje no mercado diversos tipos de removedores e produtos antipichação e o Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional necessita de parâmetros tecnológicos para nortear os restauradores nas melhores técnicas de remoção de pichações (BRAGA, 2003; SILVA, 2007).

Material e métodos

Metodologia- Origens dos materiais Foram utilizados 4 tipos diferentes de rochas ornamentais, comercialmente chamadas de Fioreto,Ggranito preto, Bege Ipanema e Mármore branco. Para a pichação, utilizou-se uma tinta acrílica em spray na cor vermelha e pastilhas de 5 cm de diâmetro e 1 cm de espessura de cada rocha, cada pastilha foi pichada por completo. Para a retirada da pichação das rochas, utilizou-se um removedor A e uma escova de cerdas flexíveis.. Metodologia- Caracterização das amostras- Índices físicos Este ensaio possibilita a determinação da porosidade e absorção de água das rochas e foi realizado com base na norma ABNT- NBR 12766. O ensaio foi realizado com as amostras de rocha ao natural, com as mesmas amostras pichadas e após o produto de remoção da tinta ser utilizado. Metodologia- Caracterização das amostras- Medição de brilho e cor Utilizou-se o aparelho spectro-guide 45/0 gloss para realizar as medições de brilho e cor das amostra. Foram realizadas medições nas amostras puras e após a aplicação dos removedores. O aparelho fornece os valores de a, b e L, que coordenadas colorimétricas . O eixo a temos a variação entre vermelho e verde, quanto mais positivo o valor de a, mais avermelhada a amostra é e quanto mais negativo, mais esverdeada. Da mesma forma temos o eixo b, no entanto, com variação do azul para o amarelo, quanto mais positiva a amostra é mais amarelada e quanto mais negativa mais azulada. O parâmetro L nos da a diferença entre claro e escuro, de 50-100, a amostra é considerada clara e de 0-50 é considerada escura, sendo que quanto mais próximo de 100 mais clara é a amostra e quanto mais próxima de 0 mais escura.

Resultado e discussão

A Figura 1 apresenta os resultados de absorção de água e de porosidade das amostras de rochas ao natural, após serem pichadas e após o produto de remoção ser aplicado. Pode-se verificar que a aplicação da tinta faz com que a absorção de água e a porosidade das rochas seja nula. Após a aplicação do removedor, verifica-se que a absorção aumenta, possivelmente devido a ação do agente de remoção que agride a superfície da rocha, criando novos caminhos para a entrada de água e aumento de absorção. No que tange a porosidade, verifica-se que após a ação do removedor ela tende a diminuir, devido à impregnação de tintas nas camadas mais profundas dessas rochas. No entanto, o mármore apresenta um comportamento diferenciado, indicando um aumento da porosidade e da absorção de água, possivelmente relacionado com a maior agressão do produto em sua superfície,devido à perda de massa da rocha. Possivelmente, a ação química do produto, a ação do atrito durante a limpeza e o efeito de penetração da tinta, são responsáveis pelas alterações dos índices físicos. A figura 2 apresenta o resultado da variação de cor e brilho das amostras antes e após a aplicação do removedor e fotos ao microscópio óptico após a limpeza das amostras. Pode-se verificar uma queda nos valores de brilho G em todas as amostras. Os valores de L também aumentam, indicando que após limpeza as rochas ficaram mais claras. Verifica-se que as amostras fioreto e mármore apresentam significantes variações, tornando-se mais avermelhadas e mais amareladas, talvez pela alteração química e mineral dessas rochas com a aplicação do removedor ou pela maior impregnação da tinta vermelha. Tais resultados indicam que mesmo retirando a tinta da pichação, o produto altera as características de brilho e cor das amostras.

Figura 1

Gráficos de absorção de água e porosidade antes, após pichação e após a utilização do produto de limpeza.

Figura 2

Tabela colorimétrica das amostras antes e após a utilização dos produtos de limpeza e fotos das amostras após a limpeza obtidas no miscroscópio óptico

Conclusões

Pode-se concluir que o método de extração de pichações de rochas ornamentais utilizando removedores químicos afetam a superfície das rochas, tornando-as mais suscetíveis para absorção de água, a porosidade é alterada e as condições de brilho e cor se alteram significativamente. Dessa forma, recomenda-se o estudo de novos removedores ou novos processos de limpeza.

Agradecimentos

Ao CETEM e a CATE, pela infraestrutura, aos técnicos Carlos Alberto e Michelle e apoio financeiro do sistema de estágio do CETEM.

Referências

BRAGA, M., Conservação e restauro: pedra, pintura e pintura em tela, Rio de Janeiro: Ed Rio, 2003.

SILVA, M. E. Avaliação da susceptibilidade de rochas ornamentais e de revestimentos à deterioração: um enfoque a partir do estudo em monumentos do barroco mineiro. 2007. 132 f. Tese Doutorado - Curso de Geociências, Departamento de Geologia Econômica e Aplicada, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

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