Oficinas de reaproveitamento das cascas de andiroba (Carapa guianensis Aubl.) na produção de velas repelentes: estratégias de sustentabilidade, contextualização e diálogos entre saberes

ISBN 978-85-85905-15-6

Área

Iniciação Científica

Autores

Guimarães, I.R.C. (E.E.B.A/SEDUC-AM) ; Soares, A.W. (VOLUNTÁRIO) ; Santos, J.P.R. (VOLUNTÁRIO) ; Souza, L.M. (VOLUNTÁRIO) ; Araújo, M.C.P. (VOLUNTÁRIO) ; Machado, A.J. (E.E.B.A/SEDUC-AM) ; Souza, B.M. (E.E.B.A/SEDUC-AM) ; Barros, A.C. (UEA) ; Feijó, M.C.C. (UEA) ; Eleutério, C.M.S. (UEA)

Resumo

As oficinas foram desenvolvidas por professores, alunos do Curso de Química e da Escola Estadual Brandão de Amorim. Foram produzidas velas repelentes utilizando as cascas de andiroba (Carapa Guianensis Aubl.). O procedimento metodológico foi ancorado na prática experimental, nas recomendações de Gupta e Rutledge (1994) citados por Bueno e Andrade (2010) e nos preceitos da Lei Nº 12305/2010. Os resultados foram satisfatórios, evidenciados pelo envolvimento de professores, acadêmicos e alunos da escola, pela ação do produto e, sobretudo, pelas abordagens que constituíram as Oficinas como alternativas viáveis para melhoria da qualidade de vida de populações que habitam na Amazônia; estratégias de ensino e de desmistificação da ciência Química na sociedade contemporânea.

Palavras chaves

Velas repelentes; Andiroba; Ensino-aprendizagem

Introdução

As Oficinas foram desenvolvidas na academia e na Escola Estadual Brandão de Amorim com várias intenções dentre elas, reaproveitar as cascas de andiroba (Carapa Guianensis Aubl.) na produção de velas repelentes, destinando um fim mais nobre a esses materiais que simplesmente seriam descartados no meio ambiente; verificar a ação das velas em ambientes internos; analisar a importância e a contribuição das Oficinas no processo de ensino-aprendizagem assim como, promover uma cultura sustentável nesses espaços de formação. O levantamento bibliográfico realizado por professores e alunos de Química confirmou que a casca de andiroba (Carapa Guianensis Aubl.) apresenta propriedades repelente contra insetos (MARTINS et al.,2008) e o óleo dessa planta usado como repelente, apresenta eficiência inferior ou similar ao DEET (N,N-dietil-3-metilbenzamida), ou IR3535 (etil-butil-acetilaminopropionato), substâncias sintéticas mais usadas pela população (MIOT et al., 2004; ANDRADE, 2008; 2005). A parte experimental das Oficinas se deu em três momentos: no Laboratório de Educação Química e Saberes Primevos onde foi preparada a base de sustentação para os moldes e os pavios das velas. No Laboratório de Ciências da Escola Estadual Brandão de Amorim onde professores de Química e alunos do 2º ano do Ensino Médio produziram as primeiras velas e na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia onde foram apresentados os resultados obtidos na escola e realizadas oficinas para atender a comunidade acadêmica. Os resultados corroboraram que as Oficinas se constituíram alternativas viáveis para melhorar a qualidade de vida de populações que habitam na Amazônia, estratégias de ensino e de desmistificação da ciência Química na sociedade contemporânea.

Material e métodos

As Oficinas de reaproveitamento das cascas de andiroba (Carapa guianensis Aubl.) para a produção de velas repelentes foram desenvolvidas na academia, Curso de Licenciatura em Química e na Escola Estadual Brandão de Amorim. Participaram das Oficinas professores e acadêmicos de Química, professores e alunos do 2º ano do Ensino Médio. Ressaltamos que as cascas de andiroba (Carapa Guianensis Aubl.) são resíduos obtidos do processo de extração do óleo pelo método tradicional. O procedimento metodológico consistiu em: levantamento e seleção de estudos desenvolvidos com óleos extraídos de plantas, utilizados em formulações caseiras como repelentes de insetos. As cascas de andiroba (Carapa Guianensis Aubl.) foram selecionadas, higienizadas e colocadas ao sol para secar durante uma semana. Após esse processo as cascas foram levadas ao Laboratório de Ciências da Escola Estadual Brandão de Amorim e colocadas na estufa para continuar a secagem (40ºC). As cascas depois de secas foram trituradas em liquidificador para diminuir o tamanho das partículas e posteriormente serem moídas em moinho caseiro até se obter um pó parecido com talco. Para produzir as velas foram misturados 500g de parafina granulada derretida em banho-maria; 5 g do pó da casca de andiroba (Carapa Guianensis Aubl.); 2 mL de óleo de andiroba e 5 gotas de sua essência adquirida no comércio local. Após esse procedimento a solução parafínica foi depositada em formas confeccionadas com tubo PVC com diferentes dimensões. As velas foram testadas em ambientes internos (não totalmente fechados) seguindo recomendações de Gupta e Rutledge (1994) citados por Bueno e Andrade (2010). Os resultados foram socializados na escola e na academia durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.

Resultado e discussão

Os resultados das Oficinas mostraram a possibilidade de reaproveitamento das cascas de andiroba (Carapa Guianensis Aubl.) na produção de velas repelentes. Foi verificada a ação desse produto em ambientes internos e a contribuição das Oficinas no processo de ensino-aprendizagem. A literatura levantada mostrou que óleos essenciais extraídos de partes vegetais são utilizados em formulações caseiras para repelir insetos. Esse fato foi confirmado por Martins et al. (2008) quando garante que a casca de andiroba apresenta propriedades repelente contra insetos. Miot et al. (2004) e Andrade (2008, 2005) sustentam que o óleo dessa planta usado como repelente apresenta eficiência inferior ou similar ao DEET (N,N-dietil-3-metilbenzamida), ou IR3535 (etil-butil-acetilaminopropionato), substâncias sintéticas mais usadas pela população. Professores e alunos relataram que as velas mostraram-se eficientes no combate ao mosquito do gênero Anopheles, conhecido como carapanã, espécie bastante comum na Amazônia. As velas não provocaram irritação nas vias respiratórias, no nariz ou na garganta e deixaram o ambiente aromatizado e agradável. Nas aulas de química foi evidenciado o processo de obtenção das parafinas (refino dos óleos lubrificantes), da combustão da vela (reação exotérmica), evidenciada a energia nas ligações químicas, liberada na forma de calor e luz (barbante parafínico); o gás oxigênio presente no ambiente atua como comburente e o palito de fósforo como fonte de ignição (energia de ativação) (ELEUTÉRIO, 2015). De modo geral, as Oficinas de produção de velas repelentes se constituíram alternativas viáveis para melhorar a qualidade de vida de populações que habitam a Amazônia, estratégias de ensino e de desmistificação da ciência Química na sociedade contemporânea.

Processo de fabricação das velas repelentes

Imagem: ELEUTÉRIO, C. M. S.

Conclusões

O reaproveitamento das cascas de andiroba (Carapa Guianensis Aubl.) encontrou amparo na Lei Nº 12305/2010 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que no Art. 42, item II assegura o desenvolvimento de produtos com menores impactos à saúde humana e à qualidade ambiental em seu ciclo de vida. As Oficinas de modo geral se caracterizaram ações de conhecimentos de base científica (acadêmica), tecnológica, de bens e serviços, que permitem melhorar a vida da população que vive na Amazônia, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras.

Agradecimentos

À Gestora e alunos da Escola Estadual Brandão de Amorim; Coordenação do Curso de Química do CESP/UEA.

Referências

ANDRADE, C.F.S. Repelentes de Mosquitos – Base Técnica para Avaliação. Artigos Técnicos em Ecologia Aplicada, p.1-9, 2008.
______. Repelentes de mosquitos para uso tópico: o quanto são eficientes. Vetores & Pragas, v.15, p.34-6, 2005.
BRASIL. Lei Nº 12305/2010 - "Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências." - Data da legislação: 02/08/2010 - Publicação DOU, de 03/08/2010.
BUENO, V.S.; ANDRADE, C.F.S. Avaliação preliminar de óleos essenciais de plantas como repelentes para Aedes albopictus (Skuse, 1894) (Diptera: Culicidae). Rev. Bras. PI. Med., Botucatu, v.12, n.2, p.215-219, 2010.
ELEUTÉRIO, C. M. S. O Diálogo entre Saberes Primevos, Acadêmicos e Escolares: potencializando a formação Inicial de Professores de Química na Amazônia. Tese (Doutorado) - Academia Federal de Mato Grosso, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Cuiabá, 2015.
MARTINS, A.S.; AVILAR, D.A.N.; LOPES, S.B.A.; SILVA, A.M.Q. Os diversos usos da andiroba (Carapa guianensis Aubl.). 48º Congresso Brasileiro de Química, 2008.
MIOT, H.A. et al. Comparative study of the topical effectiveness of the andiroba oil (Carapa guianensis) and DEET 50 percent as repellent for Aedes sp. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.46, n.5, p.253-6, 2004.

Patrocinadores

CAPES CNPQ Allcrom Perkin Elmer Proex Wiley

Apoio

CRQ GOIÁS UFG PUC GOIÁS Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - Goiás UEG Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA SINDICATO DOS TRABALHADORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO BIOCAP - Laboratório Instituto Federal Goiano

Realização

ABQ ABQ Goiás