Avaliação dos diferentes tipos de sabões líquidos, produzidos com óleo residual de fritura, segundo os testes de consistência e da quantidade de espuma.

ISBN 978-85-85905-19-4

Área

Ambiental

Autores

Medeiros, M.S. (IFRN/CA) ; Santos, I.J.O. (IFRN/CA) ; Melo, J.C.S. (IFRN/CA) ; Costa, C.H.C. (IFRN/CA) ; Gonçalves, L.F.F. (IFRN/CA)

Resumo

O óleo residual de fritura é responsável por vários problemas ambientais, tais como impermeabilização do solo, contaminação do lençol freático e poluição de rios. Dessa forma, surgiu a necessidade de reciclar o óleo residual de fritura utilizando-o na produção de sabão líquido. O objetivo principal desse trabalho é testar três tipos de formulações de sabão líquido e realizar o teste de aceitação quanto aos parâmetros consistência e quantidade de espuma. Foram preparados 3 (três) tipos de sabões líquidos, sendo os sabões S1, S2 e S3 elaborados segundo as quantidades de reagentes utilizados em três diferentes metodologias. Foi verificado que o sabão líquido S3 foi o que obteve os maiores percentuais de aceitação, embora mais de 80% dos avaliadores usariam os sabões S1 e S2.

Palavras chaves

óleo residual de fritura; teste de aceitação; sabão líquido

Introdução

A quantidade de alimentos fritos consumidos pela população brasileira aumenta a cada dia por ser uma alternativa de alimentação rápida e atrativa, porém a quantidade de óleo residual de fritura gerado e descartado de forma inadequada no meio ambiente também segue o mesmo ritmo, já que existem poucas campanhas ambientais que orientam o descarte correto desse resíduo. O descarte desse resíduo no meio ambiente é responsável por vários problemas ambientais, tais como entupimento de tubulação de esgotos, impermeabilização do solo, contaminação do lençol freático, poluição de rios, dentre outros (FERNANDES, 2008; OLIVEIRA e SOMMERLATTE, 2009). Devido a esses problemas reportados, surgiu a necessidade de reciclar o óleo de fritura utilizando-o na produção de sabão líquido, como forma de reduzir os impactos ambientais, bem como gerar renda agregando valor ao resíduo, tendo em vista que a produção de sabão pode dar um destino viável do ponto de vista social, ambiental e econômico. Algumas metodologias sobre a produção de sabão líquido são repostadas na literatura, porém é necessário um estudo de aceitação desse sabão líquido pelas donas de casa, já que esse produto de limpeza deve apresentar boas propriedades, tais como aroma, consistência, quantidade de espuma e remoção de sujeira. Desta forma, o objetivo principal desse trabalho é testar três metodologias reportadas na literatura sobre a fabricação de sabão com óleo de fritura e submetê-las ao teste de aceitação.

Material e métodos

O óleo residual de fritura utilizado nesse trabalho foi coletado na cidade de Caicó/RN. O óleo foi filtrado para a remoção dos sedimentos pesados e de sólidos em suspensão. Foram preparados 3 (três) tipos de sabões líquidos, sendo os sabões S1, S2 e S3 elaborados segundo as quantidades de reagentes utilizados nas metodologias de VENTURA et al. (2014), CATELLA & GALVANI (2014)e BELO et al. (2014), respectivamente, quanto às quais proporções de óleo, álcool e hidróxido de sódio (ou hidróxido de potássio), utilizados em cada metodologia, como pode-se verificar na Tabela 1. O procedimento geral utilizado em todas as metodologias para a fabricação do sabão líquido (S1,S2 e S3), segue os seguintes passos: O óleo residual de fritura filtrado foi colocado em um recipiente de plástico; em seguida o hidróxido de sódio (hidróxido de potássio) foi adicionado lentamente ao óleo, com agitação constante até que se dissolvesse um pouco do hidróxido. Posteriormente, adicionou-se o álcool de posto (etanol) e a água. A mistura foi agitada até que a mesma estivesse homogênea e viscosa. Depois deixou o sabão líquido descansar por 24h e em seguida adicionou mais 2,5 litros de água.O teste de aceitação foi realizado no Laboratório de Química pelos os discentes do IFRN/CA, os quais receberam um formulário com perguntas referentes à consistência (viscoso, igual à viscosidade do sabão comercializado no mercado “comum” e fino), quantidade de espuma (muita espuma, igual a do sabão “comum” e pouca espuma) e se utilizariam o sabão líquido no uso doméstico (usaria, tenho dúvida e não usaria).

Resultado e discussão

Segundo os resultados coletados nos formulários entregues aos avaliadores do sabão líquidos (S1, S2 e S3), a consistência do sabão S3 foi o que obteve os maiores percentuais de aprovação com 71% (“viscoso” e “Igual ao sabão comum”), seguido pelos sabões líquidos S1 e S2, com 59 e 47%, respectivamente. Já com relação a quantidades de espuma formada pelos sabões S1, S2 e S3 durante a sua utilização, em termos percentuais, foram iguais a 59, 59 e 65% para a opção “Muita espuma formada”. Nas formulações elaboradas para produzir os sabões líquidos não foram adicionados nenhum tipo de aditivo (detergente, Lauril, etc.) que aumentasse a quantidade de espuma formada, pois os sabões já possuem essa propriedade. Embora a quantidade de espuma não determine a eficiência do sabão, as donas de casa geralmente associam a espuma com a eficiência na remoção da sujeira, sendo determinante na comercialização do sabão (SILVA e PUGET, 2010). A Figura 1 mostra os percentuais dos avaliadores dos sabões com relação ao uso dos três tipos de sabões, os quais, 100% relataram que usariam apenas o sabão S3, seguido pelo sabão S2 (82%) e S1 (71%).







Conclusões

Os parâmetros consistência (viscosidade do sabão líquido) e quantidade de espuma dos sabões líquidos (S1, S2 e S3), testados pelos os avaliadores, indicaram que o sabão líquido S3 foi o que obteve os maiores percentuais de aceitação. Embora os outros dois sabões líquidos (S1 e S2) não tenha apresentado boa viscosidade, ainda assim, mais de 80% dos avaliadores usariam os sabões. Outro ponto importante é que o sabão S3 escolhido consome menos álcool que o sabão S2, ambos elaborado com o hidróxido de sódio, sendo dessa forma o mais econômico.

Agradecimentos

Ao IFRN/CA pelo apoio dado no desenvolvimento dessa pesquisa.

Referências

BELO, E. J.V.; AMAZONAS, D. R. SANTOS, A. P. O.; SILVA, A. R. C.; CORREIA, D. G.; COSTA, I.S. BARBOSA, R. F. Reutilização de óleo vegetal para a fabricação de sabão sólido e líquido, na escola Estadual Professora Maria Belém no município de barreirinha, Amazonas. Anais do PCE, v. 2, p. 22-29, 2014.

SILVA, B. G.; PUGET, F. P. Sabão de sódio glicerinado: produção com óleo residual de Fritura. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.6, N.11; p. 1-15, 2010.

FERNANDES, P. C. A. Produção de sabão líquido a partir de óleo alimentar usado. 2009. 43f. DISSERTAÇÃO (Mestrado em Projeto de Desenvolvimento em Ambiente Acadêmico) – Universidade do Porto, Porto, Portugal, 2008.
OLIVEIRA, B. M. G.; SOMMERLATTE, B. R. Plano de Gerenciamento Integrado do Resíduo Óleo de Cozinha. Belo Horizonte: Fundação Estadual do Meio Ambiente, 2009.
CATELLA, A. C. F. GALVANI. Fabricação de sabão líquido caseiro. Embrapa Pantanal. Folder, 2014. Disponível em: <https://www.embrapa.br/pantanal/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1003225/fabricacao-de-sabao-liquido-caseiro> Acesso em: 02 de junho 2016).

VENTURA, W.S.N.; SILVA, E.O.; MEDEIROS, J.A.; MELO, A.M.; LUCENA, G.L.; MARQUES, D.I.D.; SOUSA, F.; QUIRINO, M.R. Obtenção e teste de aceitação de sabão líquido ecológico Utilizando o extrato do eucalipto (eucalyptus globulus) e Óleo de frituras. CBQ 54° Congresso Brasileiro De Química, Natal/RN de 03/11 a 07/11 de 2014.

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