Estudo de filmes ativos de xiloglucana de Mucuna sloanei e antocianina de Brassica oleracea L. para aplicação como embalagens inteligentes para alimentos.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Alimentos

Autores

da Costa, L.H.P. (IFC - CAMPUS LUZERNA-SC) ; Castegnaro, I.P. (IFC - CAMPUS LUZERNA-SC) ; Gillioli, A. (IFC - CAMPUS CONCÓRDIA) ; de Sá, E.F. (SESI-SC) ; Camillo, E. (IFC - CAMPUS LUZERNA-SC) ; da Silva, I.F. (IFC - CAMPUS LUZERNA-SC) ; Padilha, J. (IFC - CAMPUS LUZERNA-SC) ; Alves, R.C. (IFC - CAMPUS LUZERNA-SC)

Resumo

Este trabalho teve como objetivo desenvolver filmes ativos de xiloglucana de Mucuna sloanei para aplicação como embalagens inteligentes. Os filmes ativos foram obtidos a partir da dispersão coloidal a 2% de sementes de Mucuna sloanei em 100mL de extrato de Brassica oleracea L. com adição de 0,01% de Tween 80 e 1% de Glicerol. As análises de diagnósticos foram acompanhadas por fotografias com medidas diretas de pH realizadas com imersão dos filmes ativos em solução tampão de pH 1, 3, 7 e 14 e em contato direto com amostras de peixe obtida na cidade de Joaçaba - SC. Os resultados mostraram que os filmes ativos de Mucuna sloanei podem ser utilizados como embalagens inteligentes para diagnóstico do pH em alimentos, sinalizando por mudança de cor, o início da degradação de peixe fresco.

Palavras chaves

Embalagens inteligentes; filmes ativos; Mucuna sloanei

Introdução

Atualmente, o ramo das embalagens é um campo amplo de trabalho que concilia conhecimentos da química, física, biologia, engenharia, design e marketing para atender tanto às necessidades de armazenamento, bem como de transporte de produtos sem perder subjetividade do homem e a cultura (REBELLO; SUL; INCONFIDENTES, 2009). Segundo Soares et al.(2009), as embalagens inteligentes, são materiais novos que podem ser compostos por rótulos, etiquetas ou filmes que além de proteger os alimentos, proporciona maiores possibilidades de monitoramento. Uma das principais características dessas embalagens é sinalizar por mudança de cor ou auditiva, como indicador de qualidade para o consumidor. Portanto, a expressão “inteligentes”, nessas embalagens, estão ligadas às características de diagnóstico sobre mudanças nas características primárias após o produto ser embalado (WOOD, 2005). Devido às propriedades específicas e biodegradáveis, as xiloglucanas tem sido utilizada em vários estudos acadêmicos (ZABOTINA, 2012). Este polímero natural tem sido bastante explorado como agentes estabilizante, gelificantes, na preparação de filmes, na micropropagação de plantas e na preparação de bolachas de wafers (TEMSIRIPONG et al., 200=5; SIE RAKOWSKI et al., 2007; SIERAKOWSKI et al., 2007; LIMA-NISHIMURA et al.,2003). Portanto, aplicações de filmes ativos podem trazer muitos benefícios para o consumidor. Desta forma, este trabalho tem como objetivo geral estudar filmes ativos de xiloglucana de Mucuna sloanei e antocianinas de Brassica oleracea L. para aplicação como embalagens inteligentes.

Material e métodos

Os filmes ativos foram obtidos preparando uma dispersão coloidal a 2% de xiloglucana de Mucuna sloanei em 100mL de extrato de repolho roxo com 0,01% de Tween 80 e 1% de Glicerol. Esta dispersão aquosa foi transferida para uma placa de Petri e seca a 25°C por 24h em estufa. O teor de antocianinas presentes nas soluções filmogênicas foram determinados por absorção molecular na região visível de acordo com Lees & Francis (1972). Para isso uma alíquota do extrato foi diluída em solução de etanol e HCl 1,5N na proporção 1:1 (v/v) e lidas num espectrofotômetro no comprimento de onda de 535 nm. Por fim, as análises de diagnósticos foram acompanhadas por fotografias com medidas diretas de pH realizadas com imersão dos filmes ativos em solução tampão de pH 1, 3, 7 e 14 e em contato direto com amostras de peixe obtida na cidade de Joaçaba-SC.

Resultado e discussão

Os filmes ativos de xiloglucana de Mucuna sloanei apresentaram flexíveis, visualmente resistente e de coloração roxa. Estas características são interessantes, pois aplicação de qualquer produto a ser elaborado as características físico-químicas são importantes para determinar o tempo e tipo de aplicação. Nas soluções filmogênicas foi possível encontrar um teor de 13,32 ± 1,3 mg de ativos de antocianinas por 100g de solução filmogênica. Quanto a avaliação de diagnóstico foi possível observar que os filmes ativos apresentaram sensibilidade a variação de pH nas duas situações proposta: (a) imersão em solução de pH 1, 3, 7 e 14 e (b) com aplicação direta como embalagens utilizando um suporte de polipropileno. Visualmente, todos filmes ativos de xiloglucana de Mucuna sloanei variam de cor e pH. Os valores de pH encontrado após 0, 1° e 2° dia, foram 6,2, 7,4 e 8,1, respectivamente. Quando colocados em contato direto com as amostras de pescado, após 24h (1°dia) e em temperatura ambiente, a coloração dos filmes ativos variaram de cor roxo para azul, sinalizando o início da decomposição do peixe crú. Este resultado era esperado, pois segundo Pacquit et al., (2006), a decomposição da matéria orgânica de peixes frescos se dá com a liberação de uma variedade de aminas voláteis, como trimetilamina, amônia e dimetilamina, que são composto básicos nitrogenados fazendo com que o pH varie, e possa ser facilmente detectado pelos ativo presentes nestes filmes. Segundo, Ogawa e Maia (1999) a atividade enzimática e ações de bactérias modificam a concentração de pH e em geral, os valores de pH próximo a 7,0 são indicativos de decomposição. Ainda Montagner et al. (2003) afirma que o pH máximo permitido pela legislação é de 6,8 sendo o limite máximo tolerável para o consumo de peixe.

Conclusões

Os resultados mostram que os filmes ativos de Mucuna sloanei demonstraram sensíveis a variação de pH podendo ser utilizados como embalagens inteligentes para diagnóstico do pH de alimentos armazenados, sinalizando por mudança de cor, o início da degradação de peixe fresco.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal Catarinense Campus Luzerna e Concórdia-SC e ao FIESC-SESI em Florianópolis-SC.

Referências

LIMA-NISHIMURA, N.; QUOIRIN, M.; NADDAF, Y. G.; WILHELM, H. M.; RIBAS, L. L. F.; SIERAKOWSKI, M.-R.; A xyloglucan from seeds of the native Brazilian species Hymenaea courbaril for micropropagation of Marubakaidoand Jonagored apples. Plant Cell Rep. 21, 402, 2003.

MONTAGNER, L.T.; MILANI, L. G.; LOBATO, L. P; KRIESE, P. R.; SCHERER, R.; KUBOTA, E. H.; FRIES, L. M.; COSTABEBER, I.; EMANUELLLI, T. Centesimal composition and chemical and microbiological evaluation of while croaker fish (Micropognias furnieri) stored refrigerated. Alimentaria. V. 40, n. 348, p. 73-77, 2003.

OGAWA, M.; MAIA, E., L. Manual de Pesca – Ciência e Tecnologia de Pescado, vol. 1, São Paulo: Livraria Varela, p. 430, 1999.

PACQUIT A., FRISBY J., DIAMOND D., LAU K., FARRELL A., QUILTY B., DIAMOND D. Development of a smart packaging for the monitoring of fish spoilage, Food Chemistry, 2006.

REBELLO, D. F. P.; SUL, I. F.; INCONFIDENTES, C. - Revisão - Novas Tecnologias Aplicadas Às Embalagens De Alimentos. Agrogeoambiental, 2009.

SIERAKOWSKI, M.-R.; CASTRO, L. B. R.; LUCYSZYN, N.; PETRI, D. F. S.; J. BRAZ Assembling of Xyloglucans and Lectin onto Si Wafers and onto Amino-Terminated Surfaces. Chemical Society., v.18, n. 5, 1017- 1023, 2007.

SOARES, N. et al. Novos desenvolvimentos e aplicações em embalagens de alimentos. Revista Ceres, v. 56, n. 4, p. 370–378, 2009.

TEMSIRIPONG, T.; PONGSAWATMANIT, R.; IKEDA, S.; NISHINARI, K. Influence of xyloglucan on gelatinization and retrogradation of tapioca starch. Food Hydrocolloids, 19, 1054-1063, 2005.

WOOD, G. Entrevista: Seminário Internacional de Embalagem, dia 25 de maio de 2005, no Palácio de Convenções de Anhembi, em São Paulo, organizado pelo Centro de Tecnologia de Alimentos (Cetea) e a Associação Internacional dos Institutos de Pesquisa em Embalagem (Iapri). Disponível em <http://www.quimicaederivados. com.br/revista/qd440/noticias6.html>. Acesso em
25/05/2017.

ZABOTINA, O. A. Xyloglucan and its biosynthesis. Frontier in Plant Science, 134, v.3, 2012.

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