ESTUDO QUÍMICO E BIOLÓGICO DO EXTRATO ETANÓLICO DAS FOLHAS DA MANGA (Mangifera indica L.)

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Alimentos

Autores

Lima Gomes, A. (UECE) ; Soares Costa Oliveira, M. (UECE) ; Rodrigues de Vasconcelos Neto, J. (UECE) ; Santos Oliveira, Y.I. (UECE) ; Silva Lopes, B. (UECE) ; Moreira Rodrigues, A.L. (UECE) ; Ferreira Freitas, F.R. (UECE) ; Jales de Paula, B. (UECE) ; Alexandrino Tavares, C.D. (UECE)

Resumo

Foi realizado um estudo químico e biológico das folhas de Mangifera indica L. pertencente a família Anacardiaceae, a qual possui atividade antioxidante, antidiabética, antiviral, antialergica e anti-helmintica comprovadas. Uma massa de 300 g foi usada para obter o extrato etanólico e realizado a rotaevaporado para retirada total do solvente. Um óleo foi obtido o qual foi analisado fitoquimicamente. Foi realizado teste antioxidante com o radical ABTS, mostrando-se muito bom e coerentes com a quantidade de fenóis. Utilizou-se também o β-caroteno, onde foi constatado uma inconstância em seus resultados possivelmente a erros sistemáticos durante o teste. Já a toxicidade frente ao Aedes aegypt confirmada para concentrações acima de 1 ppm.Os resultados mostram a potencial atividade biológica.

Palavras chaves

Mangifera; Aedes aegypt; Antioxidante

Introdução

A manga, originalmente da Índia, possui mais de 1000 espécies indianas e mais de 300 somente brasileiras. É uma fruta tropical abundante no Brasil e seu comércio vem ganhando destaque no mercado de exportação para países como a União Europeia. A maior produção de manga brasileira se dá no Vale do São Francisco onde produzem frutas de acordo com os padrões internacionais, importante fator devido a forte concorrência mundial. Pertencente a família Anacardiaceae, é muito utilizada como remédios naturais pelas famílias brasileiras para vários tipos de enfermidades. Visto que nossa sociedade atual esta optando por alimentos naturais, a manga é uma ótima opção. Há estudos que comprovem sua atividade antioxidante e possuir tal atividade significa a captura de radicais livres, tão prejudiciais ao nosso organismo. Por conta de tais radicais que podemos desenvolver um câncer ou responsável pelo nosso envelhecimento. Na ajuda para essa atividade antioxidante temos alguns compostos naturais como os fenóis, que segundo a literatura, estão presentes na manga. Outro componente que também é importante tanto para os seres humanos quanto para as plantas e que estão presentes na manga são os carotenoides. Tais substâncias são convertidas em retinol (vitamina A) importante para a visão. Também temos estudos que verificam a toxicidade da manga frente ao Aedes aegypt para ser usado como um novo larvicida natural para o controle desse mosquito, visto que todos os anos no Brasil ha surtos de doenças como a dengue e, mais recentemente, zika e chikungunha. Outros estudos comprovam atividade antidiabetica, antiviral, antialergica e anti- helmintica. Visto a importância dessa fruta, o extrato etanólico da folha da manga foi avaliado e comparados a valores na literatura.

Material e métodos

Foram realizados testes fitoquímicos para identificação de fenóis e taninos, antocianinas, antocianidinas e flavonóides, leucoantocianidinas, catequinas e flavanonas, flavonóis, flavanonas, flavanonóis e xantonas, confirmação de catequinas, esteróides e triterpenóides, saponinas e alcalóides segundo Matos (1997). Os testes biológicos in vitro realizados foram atividade antioxidante e atividade acetilcolinesterásica. A avaliação antioxidante pela captura de ABTS foi realizado segundo Re et al. (1999) e a atividade inibitória da enzima acetilcolinesterase foi baseada na metodologia de Ellman et al (1961). Outro tipo de teste de avaliação antioxidante realizado foi pelo método β-caroteno/ácido linoleico. Já o teste biológico in vivo realizado foi o larvicida frente ao aedes aegypti, onde as larvas foram cedidas pelo Núcleo de Controle de Vetores do Ceará (NUVET). A determinação de compostos fenólicos totais seguiu o método de Folin–Ciocalteu com modificações (Bonoli et al, 2004).

Resultado e discussão

Segundo os testes fitoquímicos, foram indicados a presença de taninos, fenóis, alcalóides, flavonas e xantonas. O teste da avaliação antioxidante pelo método ABTS obteve um O IC50=1,021ppm. Os valores de Fernandez-Palmar, Varela e Rodriguez (2016) foram de 0,18 +/- 0,07. Tais valores se referem ao extrato etanólico da parte suculenta da fruta. Já o extrato etanólico da folha obtido por Penido et al (2017) o valor obtido 2,13 +/- 0.05. Então, se compararmos seus valores com nossa amostra, vemos que as folhas possuem maior atividade antioxidante. O IC50 da atividade acetilcolinesterásica foi de 33,13 +/- 0,007. Quando comparamos o valor encontrado com a amostra de Penido et al. (2017) (29,67 +/- 0.42), vemos que eles estão próximos e estatisticamente iguais. Então temos altos valores de inibição da enzima acetilcolinesterase, contribuindo assim a capacidade da planta de aumentar a acetilcolina. Segundo Cheng et al. (2003), extratos de plantas com CL50<100ppm devem ser considerados bioativos em testes larvicidas. Com isso, podemos dizer que o extrato estudado é um bom larvicida natural frente ao A. aegypt visto que foi constatado mortes das larvas com 1ppm de amostra. O valor para a quantificação de fenóis foi 26,62 +/- 0,013, bem significativo comparando com a literatura. O valor obtido por Melo et al. (2008) para o seu extrato foi de 19,68 +/- 1,69. Com isso também temos que sua atividade antioxidante, anteriormente dita como boa, é comprovada, pois sua ação e feita, principalmente, por compostos fenólicos. E o valor de IC50 para o sistema β- caroteno/ácido linoleico foi de 2,111 +/- 0,049, valor próximo ao encontrado na literatura. Porém ao montar uma tabela com os valores de proteção, vemos uma incoerência, possivelmente a erros sistemáticos durante o teste.

Tabela - Porcentagem antioxidante sistema β-caroteno/ácido linoleico

Porcentagem de proteção do extrato contra a oxidação do β-caroteno.

Conclusões

No estudo fitoquímico, podemos comprovar a existência de metabólitos secundários na manga já descritos na literatura. O teste de fenóis quantitativo e comparando com os resultados do teste antioxidante vemos que eles são coerentes, uma vez que o teor de fenóis totais obtido foi maior do que a encontrada em outros artigos recentes e método β-caroteno foi dado como inconclusivo. Com relação ao teste larvicida, ele se mostrou um larvicida natural do mosquito A. aegypt. No teste acetil notou-se que a capturada enzima acetilcolina foi considerada boa, porém passível de um falso positivo.

Agradecimentos

Ao Laboratório de Química de Produtos Naturais (LQPN) por cederem seus equipamentos quando possível, ao Laboratório de Bioquímica e Biotecnologia (LabBiotec) e a Univ

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