Determinação de Cádmio, Alumínio e Chumbo em Maytenus ilicifolia para uso Medicinal

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Alimentos

Autores

Castro, M.C. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Souza, A.H.P. (INSTITUTO FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL) ; Lovera, D.C.V. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ) ; Justen, E. (CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS) ; Rodrigues, A.C. (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ)

Resumo

O trabalho objetivou avaliar as concentrações de cádmio, alumínio e chumbo em amostras de folhas desidratadas de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), comumente encontradas nos estabelecimentos comerciais da região Oeste do Paraná. A planta foi analisada na forma de chá, preparado com o método de infusão. Verificou-se, no entanto que, com exceção do alumínio em uma das marcas, todos as outras marcas apresentaram os metais analisados acima do limite aceitável, o que salienta o problema da falta de controle e monitoramento destes metais em alimentos e bebidas para o consumo humano. Assim, na busca de uma forma mais natural de cura, a população acaba ficando exposta a contaminações que podem, contrariamente, lhes prejudicar a saúde.

Palavras chaves

Espinheira-santa; infusão para chá; plantas medicinais

Introdução

Nas últimas décadas houve um crescimento no uso de plantas medicinais no tratamento de algumas doenças devido ao seu mínimo efeito colateral e sua aceitação popular (AJASA et al., 2003). No Brasil é muito comum a utilização de chás tanto para agradar o paladar quanto para fins medicinais. Seu uso é algo tradicional e para muitos grupos é o único recurso usado para a atenção básica a saúde (VEIGA et al., 2005). Dentro desse conjunto está a Maytenus ilicifolia, popularmente conhecida como espinheira santa, utilizada na medicina caseira, desde muito tempo, na solução de problemas gástricos estomacais como ulceras e gastrites (LORENZI; ABREU, 2008). De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) é recomendada a difusão de conhecimentos com relação ao uso de plantas medicinais. Desta forma o presente trabalho teve como intuito investigar a qualidade do chá preparado com as folhas da planta Maytenus ilicifolia, ou seja, a parte extraída da planta que de fato é consumida pela população, com o objetivo quantificar os metais cádmio (Cd), chumbo (Pb) e alumínio (Al) e verificar se a concentração ingerida destes metais pela população está dentro do máximo permitido pela legislação.

Material e métodos

Foram adquiridas amostras de folhas desidratadas, e embaladas em pacotes plásticos, de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) de diferentes marcas, vendidas na região Oeste do Paraná. No total, quatro marcas, identificadas como L, M, N e O, foram selecionadas e estudadas, sendo analisados três lotes diferentes de cada uma das quatro marcas, exceto para uma delas, a marca L, a qual apenas dois lotes diferentes foram encontrados. Através do método de infusão foi preparado o chá, obedecendo as seguintes etapas: foram aquecidos, até a ebulição, 500 mL de água ultrapura e em seguida adicionou- se a uma massa de planta seca de aproximadamente 5,000 g ± 0,0001, e tampou-se e aguardou-se 15 minutos. Após o prepare do chá, as amostras foram filtradas, e digeridas a 110˚C por um tempo médio de 3 a 5 horas, até que ficassem transparentes. A análise dos metais foi realizada em espectrofotômetro de absorção atômica com atomização em chama (Varian). A quantificação do teor de minerais nas amostras foi realizada utilizando-se o método da curva analítica, com soluções de cada metal preparadas em diferentes concentrações, de acordo com Instituto Adolfo Lutz, 2005.

Resultado e discussão

A composição de alumínio, chumbo e cádmio, para as amostras analisadas está mostrada na Tabela 1. A determinação limite para metais pesados em sucos de frutas e xaropes naturais é de 0,05 mg/100 mL (Cd), 0,04 mg/100 mL (Pb) em sucos e néctares de frutas, e 0,02 mg/100 mL (Al), segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Comparando-se os resultados obtidos com o que é decretado por lei é clara a discrepância entre os dois. As amostras de chá contém muito mais Cd e Pb do que o permitido pelas normas. Isso só mostra que a falta de controle destes produtos pode causar contaminações sérias para a saúde humana que trazem implicações graves no decorrer da vida, por serem metais bioacumulaticos. Com relação ao Alumínio, a marca O não o apresentam em sua composição, já todas as outras marcas o apresentaram muito acima do aconselhado pela OMS.




Conclusões

Uma vez que o código legislativo não prevê normas específicas para a produção de chás, foram levadas em consideração apenas leis periféricas, que tangenciam o cultivo de chás em poucos pontos singulares (aquelas que regulam a potabilidade da água e para bebidas alimentícias). Necessita-se que uma legislação adequada seja implantada, junto a um programa educacional para os produtores de plantas para uso medicinal, visto que sua finalidade deveria ser o tratamento de doenças, e a sua cultura inadequada pode, oferecer mais riscos do que benefícios à saúde humana.

Agradecimentos

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Programa de Pós-graduação em Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, CNPq, Capes, Fund Araucária

Referências

AJASA, A. M. O. et al. Heavy trace metals and macronutrients status in herbal plants of Nigeria. Food Chemistry, 85, 1, 67-71, 2003.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. IV-Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. São Paulo. 5ª ed., Secretária de Estado da Saúde, Coordenadoria dos Serviços Especializados, 621-625, 737-742, 2005.

LORENZI, Harri.; MATOS, Abreu F.J. Plantas Medicinais no Brasil – Nativas e Exóticas. 2. Ed. Nova Odessa. Instituto Plantarum, 11-18, 210-211, 2008.

VEIGA JUNIOR, V.F.; PINTO, A.C.; MACIEL, A.M. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova, 28, 3, 519-28, 2005.

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