Júri Simulado: Uma abordagem didática do conceito de radioatividade por meio da investigação e argumentação sobre o acidente radioativo do césio 137 em Goiânia.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Ribeiro, M. (IFBA) ; Silva Araújo, M. (IFBA)

Resumo

Este trabalho é um relato de experiência pedagógica usando o júri simulado como uma abordagem didática do conceito de radioatividade por meio da investigação e argumentação sobre o acidente radioativo do Césio 137 em Goiânia, que foi realizada pelos os alunos do 9° ano do ensino fundamental II em uma escola localizada em Barra do Choça/BA. Tal atividade teve como objetivos aprimorar nos discentes e em toda a comunidade escolar o desejo de aprender e desenvolver suas habilidades argumentativas além de fomentar o espírito investigativo.

Palavras chaves

Júri; Radioatividade; Argumentação

Introdução

No ensino de Química, um dos desafios é priorizar os processos de ensino e aprendizagem de forma contextualizada onde o discente possa usar o cotidiano como pressuposto no desenvolvimento do seu conhecimento científico (SILVA e CARVALHO, 2017). Ainda neste contexto, Delors (2000) diz que a Química, por ser um instrumento de formação humana, deve agir sobre as necessidades de aprendizagem do cidadão, onde além de conhecer deve se aprender a fazer, conviver e ser. Em tal perspectiva, se faz necessário desenvolver práticas que levem o discente a pesquisar, questionar e trocar informações com os colegas, construindo suas próprias ideias. Segundo Freire (2011), atividades interativas permitem a exploração de conceitos e fenômenos científicos que nem sempre são trabalhados no âmbito escolar. Moraes, Ramos e Galiazzi, (2012) dizem que o Júri simulado, por seu caráter motivacional e construtivo, pode ser utilizado como proposta pedagógica com expectativa de promover uma aprendizagem significativa e crítica. Assim, a prática da argumentação em um júri simulado estimula a consulta dos textos científicos, tornando-se uma proposta de superação aos métodos tradicionais que fundamentam a aprendizagem apenas na memorização mecânica de conteúdos e fórmulas. Contudo, o presente trabalho relata uma experiência realizada pelos os discentes do 9° ano do ensino fundamental II no desenvolvimento de um júri simulado que abordou o conteúdo de radioatividade. Por meio da supracitada atividade os discentes tiveram a oportunidade de simular o acidente radioativo do césio 137 acontecido em Goiânia e desenvolver suas habilidades argumentativas fomentando o espírito investigativo.

Material e métodos

A fim de incluir na prática docente atividades que tenham como base caráter investigativo e argumentativo, foi realizado um júri simulado desenvolvido junto a turma do 9° ano do ensino fundamental II em uma escola situada na cidade de Barra do Choça- BA. Tal atividade teve como finalidade debater o tema: Radioatividade: Um recorte sobre o acidente radioativo do césio 137 em Goiânia. Inicialmente houve a separação dos discentes em dois grupos, um que representaria a empresa envolvida no acidente e o outro representaria a família do catador de lixo infectado. Como etapa seguinte os alunos trouxeram dissertações com o ponto de vista do grupo sobre a pesquisa feita e com orientação do docente foi discutido o roteiro da atividade, ensaio dos argumentos e indagações para apresentação do júri. Na terceira etapa foi feita a apresentação das pesquisas, argumentações e indagações dos discentes para a comunidade escolar, onde o juiz, que foi representado pela diretora da escola, coordenou as intervenções e o andamento do júri. A empresa envolvida no suposto abandono de elemento radioativo foi acusada por advogados e testemunhas da família do catador de lixo que encontrou o material e foi infectado e a mesma teve direito a defesa. Sete jurados, demais professores da escola, foram selecionados no início do júri e os mesmos decidiram a sentença. A seção foi retomada e foi dado o veredito, seguido de uma apreciação crítica da professora da turma sobre a participação de todos os envolvidos. A quarta e última etapa constituiu-se na análise e discussão de relatórios dos discentes da turma sobre as suas conclusões e aprendizados após a realização do Júri simulado.

Resultado e discussão

Grande foi a receptividade dos discentes quando lhes foi proposto a atividade simulada do júri. Todos se engajaram na preparação de seus argumentos conforme orientações fornecidas pela professora antes da apresentação para a comunidade escolar. Nas dissertações preparatórias destacou-se uma série de prós e contras embasados no tema radioatividade, a curiosidade foi despertada e os próprios discentes foram, em grupos, sanando as dúvidas que apareciam. Assim, a dinâmica desenvolvida pelos alunos foi rica em informações apoiadas em um fato acontecido no país e baseadas no conteúdo estudado em sala de aula e através de várias fontes, como internet, jornais e revistas. Muitos argumentos foram utilizados durante as discussões, dentre eles os mais citados foram os riscos que elementos radioativos causam a pessoas em uma sociedade. É importante destacar que os discentes, usando a investigação, demonstraram que essa atividade, que se baseia na interpretação de papéis como advogados, defesa e promotoria, os incentivou a fazer paralelos entre outros desastres ocorridos diferenciando os elementos radioativos e seus tipos de radiação, de modo a construir argumentos fortemente embasados. Dessa maneira, o tratamento contextualizado do conteúdo radioatividade foi um recurso que retirou o aluno da condição de expectador passivo e o levou a compreender e argumentar o caso simulado a partir da complexidade de um fato acontecido em seu país.

Conclusões

Considera-se que a atividade proposta aos alunos do 9° ano foi uma forma de propiciar a busca de novos conhecimentos de modo que a aprendizagem fosse prazerosa e significativa. Dada a relevância da argumentação no ensino de ciências, pode-se afirmar que o júri simulado auxiliou no desenvolver do conhecimento do conceito de radioatividade e permitiu aos alunos o entendimento sobre acidente acontecido em Goiânia. Ao passo desta prática, os alunos podem se transformar em cidadãos seguros na exposição de suas opiniões utilizando o poder da argumentação sobre o conteúdo decorrido nas aulas.

Agradecimentos

Ao professor Ms. Maurício Araújo pelo apoio na escrita do trabalho e a Escola em que foi desenvolvida a prática por colaborar com o desenvolver do trabalho.

Referências

DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. 4ª Ed. São Paulo: Editora Cortez, 2000.

MORAES, Roque; RAMOS, Maurivan Guntzel; GALIAZZI, Maria do Carmo. Aprender Química: Promovendo excursões em discursos da Química. In: ZANON, Lenir Basso e MALDANER, Otávio Aloisio (Org.). Fundamentos e propostas de ensino de Química para a Educação Básica no Brasil. Ijuí: Unijuí, 2012.


REZENDE, Alexandre; VALDES, Hiram. Galperin: implicações educacionais da teoria de formação das ações mentais por estágios. In: Revista Educação e Sociedade. Campinas, SP, vol. 27, n.97, p.1205-1232, set/dez. 2006. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br. Acesso em: 10 jul. 2017.


SILVA, Luciano Fernandes; CARVALHO, L.M. de. A temática ambiental e o processo educativo: o ensino de física a partir de temas controversos. Ciência & Ensino. v. 1, 2007.



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