AVALIAÇÃO DE ALGUNS PROFESSORES DE CIÊNCIAS SOBRE O JOGO DIDÁTICO DA ESTRUTURA DA MATÉRIA NO FORMATO DE MAPA CONCEITUAL

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Bos, A.S. (UFRGS E IFRS) ; Leão, M.F. (UFRGS E IFMT) ; Teixeira Sobrinho, A.S. (UFRGS) ; Pizzato, M.C. (UFRGS E IFRS) ; Robaina, J.V.L. (UFRGS) ; Fenner, R.S. (UFRGS)

Resumo

Esse estudo teve como objetivo levantar a percepção de alguns professores de ciências sobre um jogo didático sobre a estrutura da matéria que foi elaborado no formato de mapa conceitual. A investigação ocorreu no 1º semestre de 2017 e envolveu 17 mestrandos e doutorandos matriculados na disciplina de formação de professores do PPG Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde da UFRGS. O questionário utilizado para coletar dados foi constituído por 6 perguntas fechadas, cujas respostas foram em escala likert. Foi investigado se o jogo possibilita a compreensão dos conceitos, se estratégia é motivadora, se favorece o trabalho colaborativo, se é viável como instrumento de avaliação, se favorece a construção de Aprendizagem Significativa e se é adequação para o 9º Ano do Ensino Fundamental.

Palavras chaves

Aprendizagem humana; Estratégia de ensino; Ensino de ciências

Introdução

A aprendizagem significativa é um processo pelo qual uma nova informação se relaciona com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo (MOREIRA; MASINI, 2001). Nesse sentido, os conhecimentos prévios estão sempre em construção. Segundo Moreira (2006) eles são elementos preponderantes para que ocorra aprendizagem significativa, pois servirão para ancorar os novos conceitos. Os conhecimentos prévios podem ser considerados como os conhecimentos anteriores, aqueles que foram adquiridos ao longo da vida, ou seja a bagagem que o aprendiz traz consigo. Na atividade proposta, objetiva-se que, a partir dos conceitos já existentes na estrutura cognitiva do estudante, ele utilize-os como subsunçores no aprendizado de novas informações a serem entendidas. Assim sendo, entende-se que os mapas conceituais sejam esquemas viáveis para estruturar conceitos estudados. De acordo com Anastasiou e Alves (2004), mapas conceituais são representações da relação entre conceitos em perspectiva bidimensional que tem o objetivo de estimular o estudante a desenvolver a interpretação, classificação, a crítica, organização de dados e resumo. Nesse sentido, as autoras supracitadas entendem que mapas conceituais são estruturas esquemáticas que representam conjuntos de ideias e conceitos dispostos em uma espécie de rede de proposições, de modo a apresentar mais claramente a exposição do conhecimento e organizá-lo segundo a compreensão cognitiva do seu idealizador. A utilização desta ferramenta pode ser apropriada em diversas situações como, para o ensino; resumir uma aula ou parte dela, para organização; apresentar um planejamento da unidade de um curso ou para o curso inteiro, ou ainda, podem ser utilizados como instrumento de avaliação (MOREIRA; ROSA, 1986). Cabe ressaltar que este último aspecto, avaliativo, difere do método tradicional de avaliação. Prioriza-se aspectos qualitativos por meio da elaboração de mapas conceituais, o estudante consegue expor os entendimentos conceituais através de uma interpretação pessoal. Os jogos didáticos são estratégias motivadoras para a construção de aprendizados com significado. Eles podem ser considerados como um auxílio ao ensino de química para a compreensão de conceitos científicos de forma agradável e motivadora. Segundo Kishimoto (2002), o jogo didático quando utilizado em sala de aula possui inúmeras funções que possibilitar o prazer ou até o desprazer, ou seja, é um método alternativo de ensino que procura aproximar o estudante da Química ao mesmo tempo que visa suprir as necessidades de aprendizagem desse estudante. Nesse sentido, o estudante tem possibilidade de relacionar os conhecimentos científicos com a vivência do dia a dia, podendo compreender o porquê das várias reações e fenômenos que ocorrem na natureza. Para abordar a temática “Mapas Conceituais” no ensino de ciências, foi solicitada a elaboração de um material didático sobre o assunto. Pensou- se então em elaborar um jogo didático no formato de um mapa conceitual. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi levantar a percepção dos professores de ciências em formação Stricto Sensu do PPG Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sobre um jogo didático no formato de mapa conceitual que abordou a temática “estrutura da matéria”, elaborado para aulas de ciências naturais do 9º Ano do Ensino Fundamental.

Material e métodos

O estudo foi proposto na disciplina de “Formação de professores - diferentes formas de ensinar ciências da natureza em escolas urbanas e do campo”, ofertada no Programa de Pós-Graduação Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde da UFRGS. Essa investigação pedagógica ocorreu durante o primeiro semestre de 2017, mais especificamente no mês de junho. Foram 17 os participantes da pesquisa, entre mestrandos e doutorandos. A presente investigação configura-se como uma pesquisa descritiva e exploratória. Segundo Gil (2008), esse tipo de pesquisa são habitualmente realizadas por pesquisadores preocupados com a atuação prática. Quanto a abordagem o estudo pode ser considerado quantitativo, pois compreende um procedimento que auxilia o pesquisador a extrair dos dados de perguntas objetivas que foram elaboradas com intuito de responder a questão de pesquisa (GATTI, 2004). São situações em que os números se tornam importantes e suas relações também. Esse jogo didático foi planejado para o 9º ano do Ensino Fundamental e abordou a temática “Estrutura da matéria” que é um dos assuntos discutidos durante as aulas de ciências naturais nessa etapa de escolarização. O jogo é composto por 20 peças, das quais 14 peças deveriam ser encaixadas e 06 peças sobravam, além do tabuleiro, confeccionadas em EVA. As peças são os conceitos chaves para elaborar um entendimento sobre a estrutura da matéria, que envolve os conceitos de átomos, elementos químicos, representação dos elementos, moléculas, fórmulas, substâncias puras e misturas. O tabuleiro já possui os elementos conectivos entre os espaços para o encaixe das peças/conceitos de maneira a completar o mapa conceitual com as informações corretas sobre a temática estudada. A turma formou 4 grupos, sendo que cada grupo tinha o mesmo tabuleiro e um envelope contendo as 20 peças. Para concluir a atividade, foi preenchido um questionário, utilizado como instrumento para coletar dados, de maneira individual. Esse questionário foi constituído por 6 questões fechadas sobre importantes aspectos desse jogo didático, cujas respostas foram em escala likert, de 1 (nunca) a 5 (plenamente). As perguntas foram: 1) O jogo didático possibilita a compreensão dos conceitos estudados? 2) Essa estratégia de ensino pode ser considerada motivadora? 3) O jogo didático favorece o trabalho colaborativo? 4) O jogo no formato de mapa conceitual é viável como instrumento de avaliação? 5) A atividade favorece a construção de Aprendizagem Significativa? 6) O jogo didático é adequado para ensinar ciências no 9º Ano do Ensino Fundamental? Todos os professores de ciências em formação foram informados dos objetivos e os procedimentos adotados nesse estudo e se dispuseram a participar voluntariamente assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A análise e interpretação dos dados coletados por meio do questionário, foi feita sob a luz do referencial teórico utilizado.

Resultado e discussão

Um primeiro aspecto avaliado foi se o jogo possibilita a compreensão dos conceitos estudados previamente. Segundo 11 mestrandos e doutorandos, o jogo plenamente permite essa compreensão, ou seja, atribuíram nota 5. Para 4 professores também favorece, pois atribuíram nota 4 e apenas 2 consideram essa possibilidade intermediária pelo jogo didático proposto. Ter esse alto índice de aprovação do jogo (15 entre os 17 investigados) mostra que utilizar mapas conceituais ... Sobre se o jogo pode ser considerado como uma estratégia de ensino motivadora, foi maior ainda a aprovação. Dos 17 investigados, 12 deles atribuíram nota 5, 3 atribuíram nota 4 e 2 professores consideraram intermediário (nota 3). A motivação é um elemento importante para que ocorra aprendizagem significativa. Segundo a teoria de Ausubel, a pré-disposição em aprender é determinante para o processo educativo (MOREIRA; MASINI, 2001). Outro aspecto avaliado pelos professores de ciências em formação foi se o jogo favorece o trabalho colaborativo. Para 13 investigados o jogo foi considerado plenamente (nota 5), outros 3 consideraram que contribuem (nota 4) e apenas 1 considerou intermediário (nota 3). Segundo Kishimoto (2002), os jogos didáticos favorecem a colaboração e o bom relacionamento entre os envolvidos na atividade. Sobre a viabilidade como instrumento de avaliação, 9 professores atribuíram nota 5, 5 deles atribuíram nota 4 e os outros 3 atribuíram nota 3. Em seus estudos Moreira e Rosa (1986) já apontavam que os mapas conceituais podem ser utilizados e são eficazes instrumentos de avaliação. Um dos aspectos investigados mais importantes foi referente se o jogo favorece a construção de Aprendizagem Significativa. Nesse questionamento observou-se que o entendimento desses professores sobre o jogo foi variado. Dos 17 professores, 10 deles atribuíram nota 5, 3 deles nota 4, 2 deles consideraram intermediário (nota 3), um professor atribuiu nota 2 e um considerou que nunca que o jogo favorece esse tipo de aprendizagem (nota 1). Cabe aqui apontar que o jogo considerou os conhecimentos prévios, que são elementos preponderantes para que ocorra aprendizagem significativa, bem como os novos conceitos, conforme indicado por Moreira (2006). O último aspecto também foi o melhor avaliado pelos professores. Quando questionados se a atividade é adequada para ser desenvolvida nas aulas de ciências do 9º Ano do Ensino Fundamental, 14 professores consideraram plenamente (nota 5), 1 atribuiu nota 4 e dois deles consideraram intermediário (nota 3).Todos consideraram os conceitos abordados potencialmente significativos. A maioria avaliou que foi possível estabelecer relações entre esses conceitos e o cotidiano. Esse jogo foi planejado como uma atividade para concluir os estudos desses conceitos científicos, ou seja, a construção desse mapa conceitual serviu como uma espécie de avaliação da aprendizagem, uma vez que permitiu constatar se os conceitos foram compreendidos por meio da organização sistemática desse jogo didático. Conforme defendido por Anastasiou e Alves (2004),compete a nós professores utilizarmos de estratégias de ensino que sejam motivadoras e que favoreçam a construção de aprendizagens com significado.

Resultados da Avaliação

Os gráficos ilustram os resultados da avaliação realizada pelos professores de ciências quanto a diferentes características do jogo didático.

Explorando o jogo didático

Momento em que os mestrandos e doutorandos estavam explorando o jogo didático no formato de mapa conceitual sobre a estrutura da matéria.

Conclusões

Por meio do jogo didático construído e avaliado por esse grupo seleto, foi possível verificar que essa estratégia é viável para abordar a estrutura da matéria aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental durante as aulas de ciências naturais. O jogo foi considerado adequado para esse público, possibilita a compreensão dos conceitos, favorece o trabalho colaborativo, pois colabora para inclusão e interação dos estudantes entre si, é uma estratégia de ensino motivadora e viável como instrumento de avaliação. A atividade também foi avaliada como que favorece a construção de Aprendizagem Significativa. Portanto, esse jogo didático no formato de mapa conceitual é uma alternativa viável e disponível para ser utilizada no ensino de ciências, pois pode contribuir para a construção de aprendizagens com significado. É nessa perspectiva que acreditamos que inserir um método mais dinâmico pode tornar os estudos dos conceitos químicos mais atrativo e que o jogo didático propicia ao estudante a construção e reconstrução de novos saberes tanto de maneira individual, quanto coletivamente.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), pelo incentivo para a qualificação profissional e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por proporcio

Referências

ANASTASIOU, L. G. C.; ALVES, L. P.. Estratégias de ensinagem. In: ANASTASIOU, Léa das Graças Camargos; ALVES, Leonir Pessate. (Orgs.). Processos de ensinagem na universidade. Pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 3. ed. Joinville: Univille, 2004. p. 67-100.

GATTI, B. A. . Estudos quantitativos em educação. Educação e Pesquisa (USP), São Paulo, v. 30, n.01, p. 11-30, 2004.

GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

KISHIMOTO, Tizuco Morchida. O Brincar e suas Teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem Significativa: A Teoria de David Ausubel. São Paulo. Centauro, 2001.

MOREIRA, M. A. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. 1. ed. Brasília: Editora da UnB, 2006.

MOREIRA, M. A.; ROSA, P. Mapas conceituais. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 3, n. 1, p. 17-25, 1986.

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