UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A ABORDAGEM DA HISTÓRIA DA TABELA PERIÓDICA NOS LIVROS DE QUÍMICA DO ENSINO SUPERIOR

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Carvalho, J.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Neto, D.R.N. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Silva, R.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Machado, D.R.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

O presente trabalho levanta uma discussão sobre como os conceitos relacionados ao estudo e desenvolvimento da tabela periódica vem sendo retratado nos livros didáticos de química, especificamente nos livros de Ensino Superior. Para análise, foi selecionado e delimitado 02 (dois) livros, disponível no acervo da biblioteca da Universidade do Estado do Pará (UEPA), os quais revelam uma abordagem muito superficial acerca da importância da História da Ciência (HQ) e seu papel como auxiliadora na compreensão do conhecimento cientifico.

Palavras chaves

História da Ciência; Ensino de Química; Tabela Periódica

Introdução

Entender como se deu o processo de construção do conhecimento cientifico é de suma importância para o progresso da Ciência e principalmente para desmitificar algumas ideias que se constrói sobre os cientistas e seu fazer ciência. No entanto, paradoxalmente, o que se percebe é uma falta de valorização por parte dos professores, e até mesmo dos livros didáticos sobre a abordagem da História da Ciência. Segundo (PRETTO, 1985), “a apresentação da ciência é absolutamente a-histórica. Sem referência a seu processo de criação e muito menos ao contexto em que foi criada. [...]”. Desse modo, ao analisar essa questão, em uma aula de Epistemologia e História da Ciência II, realizada na Universidade do Estado do Pará, surgiu a ideia de investigar como a própria instituição tem apresentado em suas literaturas os conteúdos de Química (sendo delimitado 02 (dois) livros didáticos de nível superior), com ênfase na Tabela Periódica. Assim, utilizando-se a metodologia de análise de texto, a partir das categorias propostas por Carneiro e Gastal (2005), nos critérios: histórias anedóticas, linearidade, consensualidade e ausências do contexto histórico mais amplo, pode-se perceber uma visão muito superficial e limitada acerca do descobrimento e progresso da Tabela Periódica, revelando que o próprio acervo de livros disponibilizado pela instituição é precário quando o assunto é o ensino de química a partir da HC.

Material e métodos

A análise e estudo do trabalho foi desenvolvido na Universidade do Estado do Pará (UEPA), localizada em Belém-PA, e constituíram-se, em dois momentos, o primeiro momento, foi em relação a escolha do tema, seguido da escolha dos exemplares presentes no acervo da biblioteca local, o segundo momento se deu da investigação da presença e/ou ausência da HC nos 02 (dois) livros escolhidos e posteriormente, a análise presentes nos mesmos, de acordo com os critérios: linearidade, consensualidade, ausência ou distanciamento das ideias sobre o surgimento da Tabela Periódica. O trabalho caracteriza-se como bibliográfico, e para a produção do mesmo, foi selecionado 02 (dois) livros didáticos de Química (LDQ) de nível superior: Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente, de Peter Atkins e Loretta Jones, 3º edição. Porto Alegre: Bookman, 2006. O qual denominou-se: LDQ1. E “Química Geral” de John B. Russell, 2ª edição, volume 1 de 1994, (LDQ2). Os livros foram selecionados propositalmente, uma vez que são bastante utilizados pelos estudantes do curso de Ciências Naturais- Química. Após selecionar os livros, foi feito uma pequena tabela com as informações e descrição dos dois livros escolhidos.

Resultado e discussão

No (LDQ1), notou-se no tópico “Fundamentos B,” que os autores trazem a abordagem da organização dos elementos, suas famílias, grupos e estrutura. Mais adiante, é possível identificar uma visão ingênua acerca da trajetória de Dmitri Mendeleev, a qual é apresentada por meio de um quadro intitulado: “A história da descoberta das relações periódicas por Dmitri Mendeleev (Quadro 1.2.)”, nele é citado alguns dos cientistas anteriores e sucessores a Mendeleev que ajudaram para o desenvolvimento da tabela periódica de forma bastante linear, apresentando uma sucessão de fatos históricos de maneira acumulada, consensual e não articulada entre si. No (LDQ2), o autor descreve os conceitos usando uma linguagem simples e diferente, visando facilitar o aprendizado. No entanto, a explanação dos temas relacionados à (HC), acaba tomando uma postura muito comum a todos os demais livros, apresentando ideias de linearidade na abordagem, poucas ilustrações e as informações sobre os cientistas são apresentadas de forma bem limitada. Há também uma ausência cronológica da tabela, mostrando uma Tabela Periódica estática, o que não é. O capitulo 7: “Periodicidade Química”, o qual dá início a discussão acerca da Tabela Periódica, apresenta alguns tópicos gerais que chamam a atenção e sugerem uma possível abordagem a respeito da história da tabela, como a presença do sub tópico “7.1 A descoberta da lei periódica – Desenvolvimentos preliminares”. Entretanto, ao analisar cuidadosamente, percebe-se que há uma ideia muito limitada sobre os cientistas que construíram a tabela. Como pode ser analisado abaixo: “Desde os primórdios, os químicos são responsáveis pela evolução do conceito de periodicidade química. O alemão Lothar Meyer e o russo Dmitri Mendeleev fizeram mais do que quaisquer outros [...]”.

Conclusões

Diante dos resultados apresentados, pode-se observar, de modo geral,que os dois livros-LDQ1 e LDQ2- apresentam uma abordagem precária e superficial da HC, evidenciando uma desvalorização da história da tabela periódica. Vale ressaltar que nos dois livros escolhidos, analisou-se a predominância da linearidade (conhecimento pronto, acabado e definitivo), consensualidade (mostrando apenas as concordâncias, os consensos na construção do conhecimento científico) e uma sequência cronológica estática e sem muitas considerações sobre os percalços e dilemas que existiram na consolidação do assunto.

Agradecimentos

Referências

ATKINS, P.; JONES, L.; Princípios de Química - Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente, Bookman: Porto Alegre, 2006.

CARNEIRO, M.H.S.; GASTAL, M.L. História e filosofia das ciências no ensino de biologia. Ciência & Educação, v. 11, n. 1,p. 33-39, 2005.

PITANGA, Ângelo. et al. História da Ciência nos livros didáticos de Química: eletroquímica como objeto como objeto de investigação. Química Nova na Escola. Vol. 36, n°1,p.11-17,fevereito, 2014.

PRETTO, N. D. L. A Ciência nos livros didáticos. Campinas: Editora da Unicamp, 1985.

RUSSELL, J.B. Química Geral. 2. ed. São Paulo, 1994. 

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