ENSINO DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL: um olhar para os trabalhos de conclusão de curso em uma licenciatura

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Martins, A.C.R.N. (IFRJ-NILÓPOLIS) ; Messeder, J.C. (IFRJ-NILÓPOLIS)

Resumo

De acordo com a Lei das Diretrizes e Bases, as Instituições de Ensino Superior (IES) devem assegurar a todo aluno com deficiência, ou superdotação, que seus professores possam ter domínio para facilitar a inserção destes alunos em classes comuns. Neste sentido, realizou-se um estudo que teve como objetivo verificar as produções ao final do curso de Licenciatura em Química do IFRJ- Nilópolis que tivessem vieses na Educação Especial. Para alcançar o objetivo foi realizada uma revisão bibliográfica em Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) catalogados na biblioteca da IES desde 2013. O total já publicado com o viés na Educação Inclusiva representa apenas 7% de todos os TCC concluídos. Os resultados indicam que deva existir um maior intento em pesquisas voltadas para a temática em questão.

Palavras chaves

Educação Especial; Ensino de Química; Monografias

Introdução

Sobre a Educação Especial, a Lei das Diretrizes e Bases, artigo nº 58, traz: “a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” (BRASIL, 2001). Com base no segmento da Educação Especial no Ensino de Química, Mariano e Regini (2015, p. 22) indicam que as escolas deverão proporcionar, obrigatoriamente, o direito ao “acesso, a permanência e o sucesso do aluno com deficiência na escola, ou seja, assegurar ao aluno a oferta de materiais e recursos didáticos que possibilitem desenvolver suas potencialidades para além de suas limitações”. Embora que, no Ensino de Química, a inclusão tenda a formar um grande obstáculo na vida do estudante, por se tratar de um conteúdo não palpável, imaterial, dada em sala de aula com poucos recursos alternativos. Constitui-se um revés, pois ainda há escolas que não possui profissionais capacitados para um trabalho voltado à Educação Especial e, no que se refere ao Ensino da Química, não é usual a discussão a respeito da inclusão, incluindo a Educação Superior voltada à formação de professores de química (OLIVEIRA; BENITE 2015, p. 459). Torna-se imprescindível garantir a boa formação dos alunos com algum tipo de deficiência, e para isso, temos que contextualizar a formação do professor para este fim. O professor precisa estar preparado para enfrentar as adversidades encontradas em uma aula inclusiva. Com isso, visa-se considerar a formação inclusiva do professor como parte integrante deste assunto e não como algo opcional. O objetivo deste trabalho foi averiguar como o interesse pela Educação Especial se reflete nos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) de licenciatura em química.

Material e métodos

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, de natureza quantitativa, tendo como lócus o curso de Licenciatura em Química, do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), campus Nilópolis. A pesquisa seguiu um modelo de Revisão Bibliográfica conhecida como Sistemática, que em geral é definida como “a aplicação de estratégias científicas que permitem limitar o viés de seleção de artigos, avaliá-los com espírito crítico e sintetizar todos os estudos relevantes em um tópico específico” (BOTELHO; CUNHA; MACEDO, 2011, p. 126). Foram consultados, a partir de uma busca manual, todos os TCC do curso de Licenciatura em Química, defendidos no período de 2007 a 2016, sendo encontrados 123 exemplares, catalogados na biblioteca da instituição (o curso teve seu início em 2003). Com o resultado obtido foi criada uma categorização para distinguir cada TCC por tipo de deficiência, podendo ser: visual, auditiva, física ou mental. A partir disto, foram destacados os objetivos de cada trabalho. Em todas as etapas da pesquisa bibliográfica, houve uma interlocução com a licencianda responsável pela investigação. Este momento de pesquisa contemplou a prática como componente curricular, exigida como requisto da disciplina Pesquisa no Ensino de Química (PEQ) do curso de Licenciatura em Química do IFRJ, campus Nilópolis, no 1º semestre de 2017. Tais atividades fazem parte da componente curricular correspondente ao domínio da teoria e práxis pedagógica, exigida aos cursos de licenciatura (BRASIL, 2015).

Resultado e discussão

A questão da inclusão no ensino da química demanda de um conjunto de fatores que podem ser um ponto preocupante para a aprendizagem de um aluno com alguma necessidade especial. Com base nos TCC encontrados que abordam o assunto, podem-se destacar três referentes à deficiência auditiva, e três sendo referentes à deficiência visual. A tabela 1 fornece os dados obtidos a partir da pesquisa feita na biblioteca do IFRJ-Nilópolis. Nota-se, portanto, que foram explicitados somente dois tipos de deficiências, enquanto que outros tipos de necessidades especiais são pouco explorados por discentes deste curso. Tal ausência de interesse ao tema, ou falta de entendimento, é algo preocupante, pois no contexto de uma sala de aula estes professores em formação precisam saber lidar com as adversidades que poderão encontrar. Contudo, há de se manifestar nos futuros docentes de Química, formados pelo IFRJ-Nilópolis, o interesse pela inclusão de pessoas com deficiências visuais e auditivas, e apurar a possibilidade de aumentar os estudos voltados para a introdução do ensino de química para pessoas com outros tipos de necessidade. Este estudo introdutório permite enfatizar a importância da Educação Especial como tema de TCC para futuros acadêmicos do curso. Corroborando os trabalhos de Guntzel, Oliva e Krause (2016), que advertem: “existe a necessidade de ampliação no número de pesquisas publicadas, que possam contribuir satisfatoriamente para a inclusão dos alunos com necessidades especiais nas aulas de ensino de Ciências”. Não menos importante quanto seguir as Leis estabelecidas para garantir a boa formação dos alunos com algum tipo de deficiência, temos que contextualizar a formação do professor destes alunos.

Tabela 1

Trabalhos de Conclusão de Curso sobre Educação Especial (2007 a 2016)

Conclusões

Pode-se perceber que existe insuficiência quanto ao interesse dos acadêmicos sobre temas que abordam a Educação Especial. Nem todo discente deste curso possui chances de trabalhar com pessoas com necessidades especiais, o que pode gerar pouco entendimento prático sobre o tema, e ainda ocasionar falta de interesse destes alunos na graduação. Como proposta, visa-se a inclusão de habilitações sobre conteúdos vistos atualmente como optativos, aprimoramento dos professores para tipo de atuação, e maior produção de materiais didáticos para o auxílio no ensino de pessoas com necessidades especiais.

Agradecimentos

Nossos agradecimentos ao IFRJ, por fomentar o trabalho de investigação desenvolvido.

Referências

BOTELHO, L. L. R.; CUNHA, C. C. A.; MACEDO, M. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e Sociedade. Belo Horizonte, v.5, n. 11, p. 121-136, maio-ago. 2011.

BRASIL. Ministério da Educação (Org.). Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. SEESP, Brasília-DF, p.3-79, 2001.

BRASIL. Resolução CNE/CP 07/2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Brasília, 1 de jul., 2015. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-regulacao-e-supervisao-da-educacao-superior-seres/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/21028-resolucoes-do-conselho-pleno-2015 . Acesso em: 12 jul. 2017.

GUNTZEL, F.; OLIVA I. V., KRAUSE, C. D. Educação Inclusiva e os desafios no Ensino de Ciências. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, orais, v.8, nº 2, 2016. Disponível em: http://publicase.unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/view/18064/6892. Acesso em 07 ago. 2017.

MARIANO, L. S.; REGIANI, A. M. Reflexões sobre a formação e a prática pedagógica do docente de química cego. Química Nova na Escola, v. 37, nº esp. 1, p. 19-25, 2015.

OLIVEIRA, W. D.; BENITE, A. M. C. Aulas de ciências para surdos: estudos sobre a produção do discurso de intérpretes de LIBRAS e professores de ciências. Ciênc. Educ., Bauru, Belo Horizonte, v.21, p.457-472, 2015.

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