Abordagem contextual de Química Orgânica por meio da utilização de armas quimicas

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Nunes, L.D. (UFG) ; Mesquita, N.A.S. (UFG) ; Carvalho, I.F. (UFG) ; Marinho, L.S. (UFG)

Resumo

O presente trabalho explicita uma proposta de abordagem contextualizada para química orgânica a partir do tema armas químicas que foi desenvolvido no âmbito das atividades do PIBID/Química da UFG. No desenvolvimento da atividade utilizou-se um vídeo e um texto sobre o assunto e propôs-se o debate com os estudantes. Na análise dos resultados observa-se que a problematização do assunto possibilitou tanto a compreensão do contexto das armas químicas quanto a relação desse tema com os conceitos da química orgânica e, além disso, contribuiu na formação inicial das bolsistas considerando o desafio de planejar e implementar uma ação em sala de aula sem o enfoque tradicional.

Palavras chaves

Armas químicas; Contextualização; Impacto Ambiental

Introdução

Com o desenvolvimento da indústria química no século XIX, armamentos químicos começaram a ser testados de forma mais frequente. Os principais gases usados na Primeira Guerra foram o gás de cloro, o gás mostarda e o gás fosgênio. Ao longo da guerra, várias formas de lançá-los foram empregadas. A principal era a produção de nuvens gasosas a favor do vento que ia em direção às trincheiras inimigas. Assim, o uso de armas químicas foi recorrente em guerras no passado e, ainda hoje, são noticiadas utilizações desses compostos em ataques terroristas, como no caso da Síria em que, desde 2013, há evidências do uso de armas químicas na guerra civil em andamento no país (FURTADO, RODER e AGUILAR, 2014). A partir desse tema, é possível estabelecer relações contextuais entre os conceitos de Química Orgânica e aspectos que envolvem a história da humanidade tendo como foco a utilização perversa de compostos orgânicos em disputas por territórios, poder e até religião. A contextualização precisa considerar perspectivas que possam aprofundar discussões sobre a vida em sociedade. Importante ressaltar que a contextualização foi inserida nas diretrizes curriculares desde a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais buscando uma maior significação para os conteúdos escolares (BRASIL, 1999). De acordo com Lopes (2002), é preciso imprimir um sentido mais político e crítico à perspectiva de “cotidiano”. Assim, propôs-se, para uma turma de 3º ano do Ensino Médio do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicado à Educação, uma abordagem contextual de Química Orgânica considerando o uso de armas químicas. A atividade foi planejada pelo grupo do PIBID/Química da UFG e desenvolvida no primeiro semestre de 2017.

Material e métodos

No desenvolvimento das atividades foi utilizado um vídeo produzido pelo biólogo Atila Lamaring. Este vídeo relata a história da criação das armas químicas e em que época foram utilizadas pela primeira vez, como foram desenvolvidas, motivo da criação e quais os malefícios para o meio ambiente e aos seres humanos. Após o vídeo discutimos o que ele abordava, correlacionamos com o cotidiano do aluno e contextualizamos com a química orgânica. Em seguida entregamos aos alunos um texto abordando (ALCANTARA e VANIN, 1992; CAVALCANTI et al, 2016; DELFINO, RIBEIRO e FIGUEROA-VILLAR, 2017) como surgiram as armas químicas e de que maneira foram utilizadas na primeira Guerra Mundial e na guerra civil na Síria. O texto relatava os principais gases utilizados na primeira Guerra Mundial que foram o gás de cloro, o gás mostarda e o gás fosgênio. No entanto, a discussão com os alunos aprofundou-se a partir do uso do gás mostarda e, no caso do ataque na Síria, abordamos o gás sírio. Após a entrega do texto foram levantadas várias discussões abordando as causas ambientais e os malefícios a saúde dos seres humanos.

Resultado e discussão

O assunto despertou o interesse dos alunos, gerando curiosidade por parte deles acerca de como devemos preservar o meio ambiente e quais os impactos ambientais que o meio ambiente e os seres vivos sofrem com o uso das armas químicas. Após a leitura do texto e a visualização do vídeo os alunos levantaram discussões em relação a saúde dos seres humanos, discutindo quais os problemas de saúde que a população adquiria pela inalação desses gases, de que forma eram afetados o solo e animais. Pode-se perceber o interesse dos alunos por meio das perguntas e das colocações feitas. Embora o tema tenha como objetivo a contextualização, é importante que os conteúdos químicos não sejam deixados de lado. A abordagem conceitual também fez parte da discussão ao apresentarmos e descrevermos a equação química do gás mostarda e do gás sírio e explicarmos que esses gases são compostos orgânicos classificados como halogênios que tem um grau de toxidade muito grande. De acordo com Wartha, Silva e Bejarano (2013), a contextualização precisa ser considerada como um recurso pedagógico para conduzir os estudantes na construção do conhecimento científico. Os alunos se mostraram preocupados com as questões ambientais que foram apontadas, pois foram feitas várias colocações por eles, além de responderam de maneira satisfatória uma pergunta na avaliação sobre as questões ambientais. Outro aspecto ressaltado é a contribuição do desenvolvimento da atividade na formação das pibidianas que participaram da atividade. Apesar da contextualização ser um tema discutido na formação de professores, a ação docente tendo como foco essa abordagem exige conhecimento não apenas de conteúdos químicos, mas também de conhecimentos pedagógicos que permitam a proposição de atividade que equilibre conceito e contexto.

Conclusões

A contextualização de conceitos de Química Orgânica a partir do tema armas químicas mostrou-se uma proposta viável, pois os alunos evidenciaram interesse e preocupação com o assunto. No entanto, há necessidade de que busque equilibrar a abordagem contextual e conceitual para que o conteúdo científico não perca sua importância no processo pedagógico. O desenvolvimento dessa atividade, além de contribuir com a apropriação de conhecimento científico dos alunos também contribuiu com a formação inicial das pibidianas que envolveu estudo, seleção de material de apoio e aplicação em sala de aula.

Agradecimentos

Ao CEPAE, à UFG, ao PIBID e à CAPES.

Referências

ALCANTARA, M.R.; VANIN, J.A. Armas Químicas. Química Nova,Vol.15, N°.1, p. 62-72 1992.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999.
CAVALCANTI, L. P. A. N.; AGUIAR, A. P.; LIMA, J. A.; LIMA, A. L. S. Intoxicação por Organofosforados: Tratamento e Metodologias Analíticas Empregadas na Avaliação da Reativação e Inibição da Acetilcolinesterase. Revista Virtual de Química, Vol. 8, Nº 3, p. 739-766, Fevereiro 2016. Acesso em 30 de maio de 2017. Disponível em: http://rvq.sbq.org.br/imagebank/pdf/v8n3a15.pdf
DELFINO, R. T.; RIBEIRO,T. S.; FIGUEROA-VILLAR, J. D. Organophosphorus Compounds as Chemical Warfare Agents: a Review. Journal of the Brazilian Chemical Society, Vol.20, Nº 3, p. 407-428, 2009.
FURTADO, G.; RODER, H.; AGUILAR, S. L. C. A GUERRA CIVIL SÍRIA, O ORIENT MÉDIO E O SISTEMA INTERNACIONAL. Série Conflitos Internacionais, v. 1, n. 6, dezembro, 2014. Acesso em 05 de agosto de 2017. Disponível em : < https://www.marilia.unesp.br/Home/Extensao/observatoriodeconflitosinternacionais/a-guerra-civil-siria.pdf >.
Info escola, química orgânica, disponível em: < http://www.infoescola.com/quimica/quimica-organica/ >. Acesso em 25 de Maio de 2017.
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WARTHA, E. J.; SILVA, E. L.; BEJARANO, N. R. R. Cotidiano e Contextualização no Ensino de Química. Química Nova na Escola, Vol. 35, N° 2, p. 84-91, MAIO 2013.
Youtube, a arma mais mortal/ Nerdologia 45 disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=2jiWgsuLp8w/ >. Acesso em 28 de Maio de 2017.

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