A Importância da Química na Botânica: A Confecção de Sabonetes e Velas com Essências Naturais.

ISBN 978-85-85905-21-7

Área

Ensino de Química

Autores

Bezerra, A. (FACULDADE DE RONDÔNIA - F ARO) ; Lima, R.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM) ; Rodrigues, D.V. (CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS, PORTO VELHO- RO.)

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo contribuir no ensino-aprendizagem para o ensino médio utilizando abordagens contextualizadas sobre a importância da química na botânica. O trabalho foi desenvolvido em uma escola de tempo integral no município de Porto Velho-RO com alunos de turmas da 2º serie do ensino médio. A prática foi realizada em três fases, 1ª fase consistiu na aplicação de questionário prévio para análise de conhecimento químico na botânica, 2ª fase na explicação de forma oral e contextualizada sobre essências naturais e a 3ª fase consistiu em uma abordagem prática. Verificou-se o interesse dos alunos com a didática e com a atividade prática, pois direcionou o foco do aluno a aprender noções básicas de fitoquímica e de química por um método lúdico e inovador.

Palavras chaves

Planta da Amazônia; Ensino de Química ; Ensino médio

Introdução

Na Amazônia, o padre João Daniel, entre 1757-1776, fez um inventário sobre as riquezas do Amazonas, citando várias plantas que eram utilizadas pelos indígenas na cura de doenças. Esse conhecimento sobre as plantas medicinais manteve-se vivo nas tradições repassadas ao longo do tempo, contribuindo para a sobrevivência das populações que habitavam a floresta (FILOCREÃO et al., 2013). Apesar da utilização secular das plantas medicinais, o crescimento da indústria farmacêutica moderna inibiu o uso mais intensivo do conhecimento nativo dessa terapia pela população urbana (CARRERAS & GONZALEZ, 2011). Vários autores defendem a importância da contextualização no ensino de Química (LIMA et al., 2000; SILVA, 2007), sendo que de acordo com Silva (2007), “a contextualização no ensino de Química tem como grande vantagem possibilitar ao aluno uma educação para a cidadania concomitante à aprendizagem significativa dos conteúdos”. Além disso, professor e educandos devem dialogar sobre os conhecimentos envolvidos no processo educativo (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2011). Dessa forma, análises botânicas e químicas de espécies vegetais são de suma importância para a identificação e controle de qualidade farmacognóstico de plantas medicinais (SIMÕES et al., 2007). Desse modo, o principal objetivo desse trabalho foi contribuir com sugestões de abordagens contextualizadas e prática para o ensino médio, sobre a importância da química na botânica, a partir do tema muito comum no cotidiano de vários de alunos que é o sabonete e velas.

Material e métodos

O presente trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Médio Brasília, com alunos de turmas da 2ª série do ensino médio, envolvendo 29 alunos, na faixa etária de 16 a 17 anos de idade, sendo que 18 são do sexo feminino e 11 do sexo masculino. A prática foi realizada em três fases, primeiramente foi aplicado um questionário prévio com cinco perguntas para analisarmos o conhecimento químico na botânica. Em seguida, aplicou-se a teoria aonde foi abordado o tema do projeto “Essências Naturais” para detectar se essa cultura fazia parte do cotidiano desses alunos. A segunda fase foi aplicada à prática, onde na sala de aula, utilizou-se com auxílio de béquer de 200 mL, 5 mL de essências naturais de açaí (Euterpe oleracea Mart), cupuaçu (Theobroma grandiflorum L.), banana (Musa spp) e buriti (Mauritia flexuosa L.), 200 g de glicerina e 3 mL de corantes artificiais. Em seguida, em uma panela de aço inox levou se a glicerina ao banho-maria até sua completa dissolução. Após a dissolução da glicerina adicionou-se as essências e corantes, realizando movimentos circulares até se tornar uma solução homogênea. Levou-se a solução às formas de formatos variados e aguardou-se por 30 minutos até a completa solidificação. O mesmo procedimento dos sabonetes foi utilizado para as velas. E a terceira fase foi à aplicação do segundo questionário para obter os conhecimentos obtidos pelos alunos.

Resultado e discussão

O interesse dos alunos com a didática em prática foi satisfatório, pois direcionou o foco do aluno a aprender a química por um método inovador. O trabalho exemplifica a importância de estudos multidisciplinares com plantas medicinais, envolvendo a química, botânica e a fitoquímica, que juntas enriquecem os conhecimentos sobre a inesgotável fonte medicinal .Na exposição oral, os alunos puderam acompanhar de como fazer a coleta das espécies vegetais até a obtenção de óleos essenciais e de extratos vegetais utilizando diferentes solventes de acordo com a polaridade. Enquanto que na prática, conhecimentos de química orgânica, temperatura e contaminação de material biológico foram citados. Socializar conhecimentos sobre os aspectos químicos e biológicos de plantas medicinais com os estudantes do ensino médio e membros da escola trouxe um grande rendimento científico. Essas modalidades permitem que os alunos vivenciem os métodos científicos e os relacionem com as implicações ambientais aprendendo de forma significativa os conceitos básicos de botânica e consequentemente do meio ambiente com a química. Com relação ao Ensino de Química, o texto dos PCNEM (BRASIL, 2000) explicita que aquele deve “possibilitar” ao aluno a compreensão tanto dos processos químicos em si quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas (BRASIL, 2000). Resultados semelhantes foram encontrados por Costa et al.(2016), onde trabalhando com as essências de Açaí, Maracujá e Camomila na produção de sabonetes verificaram que os alunos puderam vivenciar a construção do conhecimento científico e um ambiente favorável ao desenvolvimento social, tecnológico e pessoal.

Conclusões

Concluiu-se que este trabalho aplicado em sala de aula foi significativo, superando as dificuldades e os desafios na área da Química e Botânica, passando a identificar que os vegetais fazem parte da nossa vida cotidiana apresentando assim importância na área da pesquisa científica. O envolvimento e a participação ativa dos alunos nas atividades devem ser explorados como recursos motivadores para que estes se integrem no mundo como seres atuantes nas modificações ambientais. Acreditamos que este trabalho seja de grande relevância para a sociedade educadora em geral.

Agradecimentos

Ao Laboratório de Pesquisa em Química de Produtos Naturais da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), pela oportunidade de fazer a extração das essências A Escola Est

Referências

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CARRERAS, R. de la T.; GONZALEZ, J. L. Las plantas aromáticas y medicinales: futuro y potencialidad en Extremadura. In: Martínez, J. M. C.; Pardo, E de M.; Blanco, R. G.; García, F. P. (Coord.). La agricultura y la ganadería extremeñas: informe 2010. Espanha, 2011, p.139-152.

COSTA, S.I.; PIMENTEL,G.S.; CASTRO, S.E.; SANTOS, S.O.R.; ANDRADE,G.L.; MESQUITA,S.M.; LIMA,V.P.; SILVA, N.A.; ZANELATO,I.A. A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA NO ENSINO DE QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO: OFICINA DE PRODUÇÃO DE SABONETE A PARTIR DE GLICERINA E ESSÊNCIAS NATURAIS, NA ESCOLA ESTADUAL DOM GINO MALVESTIO NO MUNICÍPIO DE PARINTINS-AM, Congresso Brasileiro de Química, 56, Anais...Belém, 2016.

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI. A.J.; PERNAMBUCO. M.M. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2011. 364p.

FILOCREÃO, A.S.; GALINDO, A.G.; SANTOS, T.J.S.; CARVALHO, A.M. Arranjo produtivo local e inclusão social: O Caso da Fitoterapia no Estado do Amapá – Relatório Final. Rio de Janeiro: UFRJ/Instituto de Economia/Redesist/ Project RISSS, 2013.

LIMA, J.F.L.: PINA, M.S.L.; BARBOSA, R.M.N.; JÓFILI, Z.M.S. A contextualização no Ensino de Cinética Química. Química Nova na Escola, n. 11, p.26-29, 2000.

SILVA, E.L. Contextualização no ensino de Química: ideias e proposições de um grupo de professores. 2007. 110 f. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de São Paulo, Instituto de Física, Instituto de Química, São Paulo, São Paulo – SP, 2007.

SIMÕES, C.M.O. et al. (Orgs.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6. ed. revisada e ampliada. Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFRGS/Editora da UFSC, 2007. 1102p.

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