AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE LARVICIDA E ANTICOLINESTERASE DOS DERIVADOS DO ÁCIDO CINÂMICO NO COMBATE AO AEDES AEGYPTI.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Química Orgânica

Autores

França, S.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; Lima, L.C.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; Maia, I.R.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Trevisan, M.T.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Conserva, L.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; Barros, M.E.S.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS) ; Lima, D.J.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS)

Resumo

O Aedes aegypti é responsável pela transmissão de vírus causadores de arboviroses, a qual causam morbidade e mortalidade. Em decorrência do aumento no número de casos no Brasil em diferentes regiões, faz-se necessário medidas profiláticas que contribuam na redução dessas doenças, e uma delas é o controle do mosquito através de inseticidas. Entretanto, além de diversos desses inseticidas apresentarem toxidez para outras espécies de animais as larvas vêm adquirindo resistência. O presente trabalho traz como alternativa a síntese de ésteres cinâmicos substituídos no anel aromático na posição para, a qual foram submetidos aos ensaios larvicida e anticolinesterásico apresentando resultados promissores para alguns dos compostos até mesmo em ambos ensaios.

Palavras chaves

Inseticidas Sintéticos; arboviroses; atividade biológica

Introdução

O vetor Aedes aegypti constitui um problema de saúde pública, pois transmite patologias infecciosas como dengue, chikungunya e zika vírus. Ademais, há suspeitas de que a ocorrência de microcefalia e síndrome de Guillain-Barré estão relacionadas ao arbovírus que ocasiona a zika (LOPES et al, 2014; SOUZA et al, 2016). No Brasil, o monitoramento dos casos de dengue, chikungunya e zika vírus, doenças de notificação compulsória, até a semana epidemiológica 17 (31/12/2017 a 28/04/2018) mostram que o maior número de casos prováveis de dengue ocorreu na região Centro-Oeste (40.806 casos; 37%). Seguida das regiões Sudeste (36.801 casos; 33,4%), Nordeste (21.267 casos; 19,3%), Norte (8.915 casos; 8,1%) e Sul (2.502 casos; 2,3%). Neste mesmo período, foram registrados 32.200 e 3.266 casos prováveis de chikungunya e zika vírus (SVS, MS, 2018). Uma das medidas adotadas para reduzir a incidência destas arboviroses tem sido o controle da população do vetor, através de larvicidas como o temefós e pyriproxyfen. Contudo, além de anti seletivo, as larvas vêm apresentando resistência (DINIZ et al, 2014 e SANTOS et al, 2017). Neste sentido, é de suma importância a busca por agentes larvicidas mais promissores e que sejam de menor impacto ambiental. Assim, o ácido cinâmico e seus derivados por apresentarem um leque de atividades farmacológicas destacando repelente de insetos, tonam-se uma ótima alternativa na busca de inseticidas prontamente eficazes (SHARMA, 2011 e PROCÓPIO et al, 2015). Em virtude, destes compostos serem oriundos de espécies vegetais em baixa concentração é importante sintetizá-los em quantidades significativas que atrelado a química medicinal tem o objetivo e o desafio de compreender o mecanismo de ação farmacológico destes compostos (SANDES e DI BLASI, 2000).

Material e métodos

A atividade larvicida foi feita no Instituto de Química e Biotecnologia da UFAL. Os ovos foram adicionados em recipientes contendo água isenta de cloro, o qual foram submetidos a uma temperatura e umidade de 28 ± 2ºC e 80 ± 4%, no fotoperíodo de 12h respectivamente. As larvas foram alimentadas com ração para gatos desde a eclosão até o quarto estágio (L1-L4). Cada teste foi realizado em triplicata, a qual as amostras foram dissolvidas em 100 ml de uma solução aquosa contendo 330µL de DMSO, em seguida adicionadas em copos descartáveis contendo 20 larvas (L4) em cada grupo teste. O grau de mortalidade foi computado em 48h, a qual a atividade larvicida foi avaliada de acordo com a OMS (WHO, 2005), tendo como controle positivo e negativo o temefós (3µg/ml) e DMSO (330µL). Na confirmação da atividade larvicida as amostras foram expostas a cinco diferentes concentrações. Uma análise quantitativa foi executada, através do método Probit (Finney 1972), em prol de determinar a DL50. O ensaio preliminar anticolinesterásico foi realizado na UFC, em que consistiu em retirar uma alíquota de 5μl na concentração de 2mg/mL das amostras e aplicou-se em uma cromatoplaca (DC-Alufolien, Silicagel 60 F254, 0,2 mm Merck). Em seguida foi borrifado uma mistura (1:1) de iodeto de acetilcolina com o reagente de Ellman (ácido 5,5’ – Ditiobis- (2–nitrobenzóico, DTNB, 1 mmol.L-1), deixando em repouso por 3 minutos para a secagem da placa. Em seguida foi borrifado a enzima acetilcolinesterase (18U/ml)(ELLMAN et al,1961; RHEE et al,2001).

Resultado e discussão

O ensaio larvicida para a determinação da DL50 dos ésteres cinâmicos e do temefós, para fins comparativos, foram determinados (Tabela 1.0). Embora a literatura reporte uma DL50 de 3 µg/ml (0,007 mmol/L) para o temefós foi observada uma DL50 de 0,01 mmol/L, o qual pode estar atrelado a resistência das larvas. Dentre os ésteres cinâmicos, a melhor atividade observada foi a do p- clorocinamato de etila (1g) numa concentração de 0,040 mmol/L que quando comparado ao temefós (DL50 = 0,010 mmol/L) mostrou-se como um possível larvicida promissor. O mesmo encontra-se com o bom intervalo de confiança de 95% e com grau de validação igual ao do temefós. Para os demais ésteres cinâmicos substituídos com os grupos CF3, OCF3, OMe, F e Br, verificou-se uma atividade significativa. O p-nitrocinamato de etila (1f) apresentou uma alta DL50 em relação a grande maioria dos derivados do ácido cinâmico que pode ser justificado pela sua baixa solubilidade em água. Neste sentido, os compostos que obtiveram melhores resultados foram aqueles contemplados com substituintes eletro-retiradores. O resultado da atividade larvicida dos derivados do ácido cinâmico pode estar atrelada a cinética da reação de hidrólise enzimática, à qual é influenciada pelos efeitos de polaridade e ressonância ocasionados pelos substituintes no anel aromático. Esta hipótese pode ser justificada através do ensaio anticolinesterásico, a qual verificou-se que alguns ésteres cinâmicos foram positivos na inibição enzima acetil anticolinesterásica AChE, a qual teve como controle positivo a Eserina (Tabela 2.0).







Conclusões

Os ésteres cinâmicos substituídos na posição para com grupos retiradores de elétrons, podem ser bons agentes larvicida, destacando-se o p-clorocinamato de etila o qual apresentou uma DL50 = 0,040 mmol/L. Ademais, os resultados preliminares de inibição da AChE mostraram que alguns ésteres cinâmicos podem atuar pelo mesmo mecanismo de inibição que o temefós.

Agradecimentos

Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Instituto de Química e Biotecnologia, LPqPNSO, Universidade Federal do Ceará (UFC), CNPq, CAPES e FAPEAL.

Referências

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