AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE FARINHA DE MARACUJÁ (Passiflora edulis) COMERCIALIZADA EM CUIABÁ-MT

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Alimentos

Autores

Siqueira, A.E.B. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Tomborelli, P.M. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Filbido, G.S. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Macedo, D.A. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Mesquita, J.A. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Miranda, A.C.V. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Lara, M.O. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Masson, J. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA)

Resumo

Nos últimos anos, houve um aumento significativo no consumo, processamento e comercialização de frutos tropicais no Brasil, encontra-se o maracujá. Durante processamento do maracujá (Passiflora edulis) para a produção de sucos, a casca é considerada um subproduto, a qual após desidratada e triturada é comercializada na forma de farinha. Objetivo do trabalho foi investigar a capacidade bioativa da farinha da casca do maracujá comercializada em Cuiabá-MT. Foram analisados os parâmetros de fenólicos totais, atividade antioxidante DPPH, e teor de carotenoides. Nos parâmetros analisados para fenólicos totais de 44,73±2,67 mg GAE 100g −1; para DPPH (13,07±4,65%) e para os carotenoides, (28,28 ± 5,89). Conclui-se que a farinha da casca de maracujá apresenta atividades antioxidantes.

Palavras chaves

subproduto; antioxidantes; nutricionais

Introdução

Atualmente, vários estudos comprovaram e relataram a potencialidade do maracujá relacionado à sua atividade antioxidante. Os antioxidantes possuem a função de capturar radicais livres no ambiente extracelular ou intracelular. O estresse oxidativo ocorre quando há excesso de radicais livres em determinado meio (organismo humano, por exemplo). Os antioxidantes combatem e previnem diversas doenças degenerativas causadas pelo estresse oxidativo (SPINOSA, 2017). Dentre outros benefícios do maracujá destaca-se o seu teor de polifenóis totais. Estes por sua vez, possuem resultados positivos e expressivos na redução de câncer, doenças cardiovasculares, além de apresentarem atividades antiviral, anti-inflamatória, antialérgica, antibacteriana, etc. Os flavonoides e os ácidos fenólicos são as principais substâncias dos compostos fenólicos e se apresentam distribuídas vastamente no reino vegetal (ZERAIK et al., 2010; BROINIZI et al., 2007). Um exemplo de subproduto é a farinha de maracujá. Durante o processamento de separação da polpa para a produção do suco são formados diversos resíduos, como casca, fibras e sementes. É estimado que estes resíduos correspondam em até 70% da massa do maracujá. Além disso, em alguns estudos, a farinha de maracujá foi utilizada na fabricação de vários produtos, substituindo matérias-primas convencionais, obtendo boa aceitação sensorial dos consumidores e ainda foi comprovada ação funcional dessa farinha (ZERAIK et al., 2010). O presente trabalho teve como objetivo investigar a capacidade bioativa da farinha da casca do maracujá comercializada em Cuiabá-MT através de análises da atividade antioxidante, compostos fenólicos totais e carotenoides.

Material e métodos

Foram adquiridas 400 g da farinha de casca de maracujá no comércio local da cidade de Cuiabá - MT, no mês de Abril de 2018, armazenadas em local fresco no Laboratório do IFMT – Campus Cuiabá Bela Vista até o momento das análises. A concentração de fenóis totais foi determinada colorimetricamente conforme o procedimento padrão de Folin-Ciocauteau. Procedeu-se às diluições para a curva de calibração do ácido gálico nas concentrações de 1; 0,5; 0,25; 0,13 e 0,6 mg.mL-1 e adicionou-se em tubos de ensaio 3,0 mL da solução de Folin-Ciocauteau, 1,0 mL de amostra e diluições padrões. Aguardou-se 3 minutos, e foi então adicionado 1,0 mL de solução de Na2CO3 saturada. Aguardou-se 2 horas. Após isto, realizou-se leitura em espectrofotômetro UV/Visível a λ=750 nm. A medida da capacidade sequestrante foi realizada de acordo com a metodologia descrita por Brand-Willians et al. (1995) com adaptações de Rufino et al. (2007). Preparou-se uma solução 60,0 μM de DPPH em álcool metílico e construiu-se a curva padrão de 10,0 μM a 50,0 μM e realizou a leitura após 45 minutos em espectrofotômetro a 515 nm. Do extrato obtido, preparou-se em tubos de ensaio com três diluições (0,050; 0,025; 0,012 mg.mL-1) diferentes em triplicata. Após 45 minutos em repouso no escuro realizaram-se as leituras a 515 nm. A determinação do teor de carotenoides foi realizada segundo a metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2008). Onde pesou-se 0,5 g da amostra, seguida da maceração em graal de porcelana com 0,75 g de Celite P.A. e 12,5 mL de acetona P.A. A absorbância da solução foi lida em espectrofotômetro, para a determinação dos β- carotenos utilizando λ = 453 nm. As leituras foram realizadas em triplicata. Ao final de cada análise, foi realizado o cálculo de média e desvio padrão.

Resultado e discussão

O teor encontrado de fenólicos totais do extrato do resíduo da amostra da farinha de maracujá, foi de 44,73 ± 2,67 mg GAE 100g−1, valor acima do contabilizado por Oliveira, (2013) de 24,87 ± 0,18 em seus estudos. O conteúdo total de fenólicos encontrado por Oliveira et al. (2009) e Cazarin et al. (2014) foram maiores do que os valores encontrados nesse estudo, entre 103 ± 10,4 e 253 ± 3,0 mg GAE 100g−1, visto que os mesmos utilizaram metodologias diferentes para a obtenção da farinha e do extrato. O resultado da atividade antioxidante, apresentou cerca de 13,07 ± 4,65 % da capacidade sequestrante de DPPH, mostrando-se também abaixo dos valores encontrados na literatura por Cazarin et al. (2014) e Oliveira, (2013) que foram respectivamente de 29,6 ± 0,66 % e 65,31± 0,31 % dos extratos hidroalcoólicos da farinha do resíduo do maracujá. Considerando o resultado de carotenoides totais, verificou-se que o teor apresentado para farinha do resíduo do maracujá foi de 28,28 ± 5,89 µg de β-caroteno.g-1 na amostra. Comportamento semelhante ao dessa pesquisa foi relatado por Azevêdo et al. (2008) em estudo sobre a composição química da farinha da casca de manga variedade Tommy Atkins, cujo valor médio foi de 32,80 µg de β-caroteno.g-1. No entanto, Oliveira (2013) estudou os compostos bioativos do extrato de casca de maracujá e encontrou teores inferiores ao observado neste trabalho, cujo o valor foi de 6,54 µg de β-caroteno.g-1 para o resíduo.

Conclusões

Considerando os parâmetros analisados pode-se concluir que a farinha da casca de maracujá apresenta atividade antioxidante, pois estes compostos possuem capacidade de sequestrar radicais livres. O aproveitamento dos subprodutos tem um potencial tecnológico e nutricional diminuindo os problemas de eliminação de resíduos agroindustriais através do processamento desses subprodutos.

Agradecimentos

Referências

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Acesso em: 20 de maio de 2018.

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CAZARIN, C. B. B.; SILVA, J. K.; COLOMEU, T. C.; ZOLLNER, R. L.; MARÓSTIA Jr., M. R. Capacidade antioxidante e composição química da casca de maracujá (Passifl ora edulis). Ciência Rural, Santa Maria, v.44, n.9, p.1699-1704, setembro, 2014.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo: Intituto Adolfo Lutz, 2008. 1020p. 2008.

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RUFINO, M. S. M.; ALVES, R. E.; BRITO, E. S.; MORAIS, S. M.; SAMPAIO, C. G.; PÉREZ-JIMÉNEZ, J.; SAURA-CALIXTO, F. D. Metodologia científica: determinação da atividade antioxidante total em frutas pela captura do radical livre DPPH. Fortaleza: Embrapa, 2007.

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ZERAIK, M. L.; PEREIRA, C. A. M.; ZUIN, V. G.; YARIWAKE, J. H. Maracujá: um alimento funcional? Braz. J. of Pharmacog., v. 20, n. 3, p. 459-471, 2010.

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