Avaliação da atividade antibacteriana de extratos da folha e da seiva de Brosimum gaudichaudii Trécul (Moraceae)

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Bioquímica e Biotecnologia

Autores

Soares, L.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL​ DO MARANHÃO​) ; Moreira, G.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL​ DO MARANHÃO​) ; Santos​, E.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL​ DO MARANHÃO​) ; Santos​, G.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL​ DO MARANHÃO​) ; Silva, S.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL​ DO MARANHÃO​) ; Gonçalves​, A.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL​ DO MARANHÃO​) ; Rocha, J.A. (UFMA)

Resumo

A sociedade tem utilizado plantas medicinais desde os tempos ancestrais como estratégia para tratar ou prevenir doenças. A prática do uso de produtos derivados das plantas e o conhecimento acerca da sua aplicação com fins terapêuticos vêm sendo passado de geração a geração. Esta pesquisa foi realizada com intuito de testar, a atividade antibacteriana de extratos das folhas e da seiva do inharé (Brosimum gaudichaudii). Para o experimento foram usadas duas linhagens bacterianas E.coli e S. aureus utilizando a técnica da CIM. Os resultados obtidos nesta pesquisa mostram que a fração metanolica com 250ug/mL foi a melhor contra E. Coli. Assim esta espécie pode ser considerado um agente antibacteriano promissor no tocante a linhagens gram-negativas.

Palavras chaves

Moraceae; Atividade antibacteriana; fitoquímica

Introdução

As plantas sem nenhuma dúvida tem sido parte importante na vida dos seres humanos ao logo de sua história evolutiva na terra. Elas são utilizadas desde os primórdios da civilização pelo homem primitivo para satisfazer as necessidades da vida- alimento, abrigo, vestuário e na prevenção e/ou na cura de doenças, por meio de recursos obtidos a partir de caules, folhas e raízes de diversas plantas, sendo estes conhecimentos culturalmente difundido de geração para geração. (LOPESet al., 2010; SANTOSet al., 2012; FEIJÓet al., 2012). Brosimum gaudichaudii Trécul conhecida popularmente como; Mama-cadela, maminha-cadela, mama-de-cadela, mamica- deporco, algodão-do-campo, mururerana, inhoré, inharé, espinho-de- vintém, maminha-de-cachorra, mamica- de-cachorra, apê-do-sertão, manacá-do- campo, amoreira-do-mato, conduru, conduro, conduri, algodãozinho (OLIVEIRA, 1997). Segundo Conceição (1980) B. gaudichaudii é utilizada como meio de tratamento de doenças relacionadas com a pele, como as manchas e o vitiligo, pode ser utilizado externamente por meio de pomadas e cremes, quanto por chás e infusões e garrafadas. Visando identificar a eficácia do seu uso medicinal, objetivou-se com este trabalho avaliar o potencial antibacteriano de extratos da seiva e das folhas do B. gaudichaudii coletadas no município de Grajaú, Maranhão.

Material e métodos

A seiva e as folhas de B. gaudichaudii foram coletadas em Maio de 2018 no Bairro Expoagra, que fica situada no município de Grajaú, Maranhão. Após coletadas, as folhas foram levadas para o laboratório de Pesquisa do CIENATEC da Universidade Federal do Maranhão/Campus Grajaú, em seguida passaram por um processo de limpeza, utilizando-se água destilada e posteriormente desidratadas em estufa a 40°C por 192 horas. Após essa etapa passou-se por um processo de trituração no liquidificador até formar um pó, conforme Araújo et al. (2014). A partir deste pó foram utilizados seis solventes de extração: acetona; clorofórmio; metanol; etanol; acetato de etila e hexano, segundo Parekh et al. (2005). Já com a seiva, utilizou-se a forma in natura. Em seguida foram pesadas seis porções de 20 gramas do pó do material vegetal para a extração com os solventes, utilizando 100 mL de cada um, que foram filtrados em bomba a vácuo e papel filtro nº 15 e, em seguida colocadas na capela para ocorrer a evaporação dos solventes. Para o ensaio antibacteriano, utilizou-se duas linhagens bacterianas: uma gram- negativa (Escherichia coli ATCC 25922) e outra gram-positiva (Staphylococccus aureus ATCC 29213). A Concentração Inibitória Mínima (CIM) foi determinada a partir da utilização de placas de microdiluição estéreis com 96 poços de fundo chato. Todos os experimentos realizaram-se em triplicata, as placas de microdiluição foram incubadas em estufa bacteriológica a 36°C por 24 horas, para visualizar a inibição e o crescimento bacteriano foi inserido 10 μL do corante TTC (2,3,5 - Cloreto de Trifeniltetrazólio) diluído a 1% em cada poço da microplaca.

Resultado e discussão

Os testes evidenciaram que todos dos extratos possuem ação antibacteriana nas concentrações, com exceção da fração acetona, que não apresentou CIM em nenhuma das duas linhagens testadas (Tabela 1). Foram utilizados neste trabalho os solventes considerados mais eficazes na extração das substâncias ativas das plantas segundo dados da literatura. As frações metanol e o etanol foram os solventes que tiveram resultados mais satisfatórios, respectivamente com CIM de 250 e 500 µg/mL para E. coli e 500 e 2000 µg/mL para S. aureus. As frações hexano, clorofórmio e acetato de etila obtiveram CIM semelhantes com de 1000 µg/mL para E. coli e 2000 µg/mL para S. aureus. Já a seiva pura obteve CIM de 2000 µg/mL para E. coli e não apresentou atividade para a S. aureus na mesma concentração. O extrato das folhas e da seiva de B. gaudichaudii, apresentou-se resultados diferentes em relação às duas linhagens analisadas, os resultados de concentração inibitória mínima foram melhores contra a bactéria, gram negativa, E. coli. Já a bactéria gram- positiva apresentou mais resistência aos extratos da planta em estudo. A pesquisa se trata de extratos brutos, onde existe uma infinidade de compostos químicos, mesmo assim, o CIM de 250 µg/mL da fração metanólica contra E. coli, torna o B. gaudichaudii como um promissor candidato à agente antimicrobiano natural contra linhagens bacterianas gram-negativas. Assim como evidenciado em nosso estudo, outras pesquisas, a exemplo de Borges et al. (2017), também obtiveram resultados promissores com o uso de extratos metanólicos para avaliação da atividade antibacteriana da planta (B. gaudichaudii). O aumento da atividade antimicrobiana foi observado quando extratos da casca e folhas foram testados contra Staphylococcus aureus (63,64%) e Pseudomonas aeruginosa (66,67%). Análises estatísticas da casca e extrato de folhas demonstraram atividade antimicrobiana contra bactérias gram-positivas ( p = 0,000 ) e gram-negativas ( p = 0,012 ). O extrato da casca ( p = 0,075) ou da folha ( p = 0,005) associado ao antibiótico ACA mostrou atividade antimicrobiana contra bactérias gram-positivas.

Tabela 1

Concentração inibitória mínima (CIM) dos extratos da folha e da seiva em µg/mL para linhagens S. aureus e E. coli.

Conclusões

No estudo em questão foi comprovado que a espécie B. gaudichaudii apresenta um potencial antibacteriano contra bactérias Gram-negativas, sendo promissor realizar novos testes com outras linhagens gram-negativas, para comprovação de sua eficácia. Além disso, é necessário, que haja outros estudos para a verificação da toxicidade da planta e a determinação de seus constituintes químicos responsáveis por estas atividades.

Agradecimentos

Primeiramente à Deus, ao CIENATEC e a Universidade Federal do Maranhão.

Referências

ARAÚJO, K.M. et al. Identification of Phenolic Compounds and Evaluation of Antioxidant and Antimicrobial Properties of Euphorbia Tirucalli L.. Antioxidants, v.3, p.159-75, 2014.
BORGES, Joelma da Costa et al. Evaluation of antibacterial activity of the bark and leaf extracts of Brosimum gaudichaudii Trécul against multidrug resistant strains. Natural product research, v. 31, n. 24, p. 2931-2935, 2017.
CONCEIÇÃO, M. As plantas Medicinais do ano 2000. Brasília. Ed. Tao.1980.
FEIJÓ, A.M. et al. Plantas medicinais utilizadas por idosos com diagnóstico de Diabetes mellitus no tratamento dos sintomas da doença. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.14, n.1, p.50-56, 2012.
LOPES, G.A.D. et al. Plantas medicinais: indicação popular de uso no tratamento de hipertensão arterial sistêmica (HAS). Revista Ciência em Extensão, v.6, n.2, p.143-55, 2010.
OLIVEIRA, M.C., Vera, L.C. Informatização do Herbário do museu nacional: Moraceae. Rio de Janeiro,1997.
PAREKH, J. et al. Efficacy of Aqueous and Methanol Extracts of Some Medicinal Plants for Potential Antibacterial Activity. Turkish Journal of Biology, v.29, p.203-10, 2005.
SANTOS, M.M. et al. Uso empírico de plantas medicinais para tratamento de diabetes. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v.14, n.2, p.327-34, 2012

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