CARACTERIZAÇÃO DA FARINHA DE MESOCARPO DE BABAÇU (Orbignya sp) BRANQUEADA PARA OBTENÇÃO DE FILMES BIODEGRADÁVEIS

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Materiais

Autores

Rego, V.S. (UFMA) ; Souza, A.D.R. (UFMA) ; Nascimento, T.F. (UFMA) ; Moreira, G.C. (UFMA) ; Sousa, A.A.F. (UFMA) ; Leal, A.S. (UFMA)

Resumo

O mesocarpo de babaçu (Orbignya sp.) possui alto teor de amido, porém é pouco explorado na obtenção de filmes biodegradáveis. Portanto, o objetivo desse estudo foi promover o branqueamento da farinha de mesocarpo de babaçu, e utilizá-la na elaboração de filmes. O processo de branqueamento foi realizado sob ação de agente oxidante e avaliada sua composição química. Os filmes foram obtidos pela técnica de casting e avaliada sua transmissão de luz. A farinha branqueada apresentou variação na composição química, aumento no teor de amido em relação a farinha natural. Os filmes obtidos a partir da farinha de mesocarpo branqueada se apresentaram mais claros e baixa transmissão de luz na região do visível. Os resultados indicaram o potencial da farinha branqueada na elaboração de filmes.

Palavras chaves

Mesocarpo de Babaçu; Branqueamento; Filmes Biodegradáveis

Introdução

O amido é um carboidrato de reserva dos vegetais armazenado sob a forma de grânulos, constituído pela mistura de amilose e amilopectina. Pode ser extraído de grãos, tubérculos e raízes. O milho, o trigo, a batata e a mandioca são as fontes mais importantes, e têm sido exploradas comercialmente em maior escala. Porém, há investigações de outras fontes alternativas de amido visando sua aplicação no desenvolvimento de filmes biodegradáveis (LÓPEZ et al., 2015). Uma fonte de amido pouco explorada para esse fim é o mesocarpo de babaçu. No Brasil é abundante a presença de babaçuais (Orbignya sp.) nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sendo que 54,2 % estão localizados no estado do Maranhão. O fruto da palmeira de babaçu é composto de quatro partes: epicarpo, mesocarpo, endocarpo e sementes (SCHEIBE et al., 2016). O mesocarpo de babaçu é constituído de amido (68,3 %), proteínas (1,54 %), lipídeos (0,27 %), glicídios solúveis (1,25 %), fibras (2,51 %), umidade (14,90 %) e outras substâncias orgânicas como aminoácidos, hemicelulose e pentosanas (11,23 %) (BALDEZ et al., 2006). A farinha do mesocarpo de babaçu pode ser considerada uma fonte alternativa de amido para elaboração de filmes biodegradáveis. No entanto, não há muitos estudos na literatura sobre o emprego desse material no desenvolvimento de filmes, o que aponta para o grande caráter inovador dessa pesquisa. Nesta perspectiva, este trabalho tem como objetivo investigar o efeito do branqueamento da farinha do mesocarpo de babaçu sobre suas propriedades físico-químicas e avaliar seu potencial na elaboração de filmes.

Material e métodos

A farinha de Mesocarpo de Babaçu (Ativa Vida) foi adquirida em comércio local. Percarbonato de sódio (Sigma-Aldrich, Brasil), Glicerol (Dinâmica), Carboximetilcelulose de Sódio (Synth). Os reagentes são de grau analítico e foram utilizados sem previa purificação. Processo de branqueamento da farinha do mesocarpo de babaçu Uma amostra de 10 g de farinha de mesocarpo foi embebida em 100 mL de solução aquosa de percarbonato de sódio 15% (p/v), pH 11 e permaneceu em repouso por um período 4 horas, a 25±3°C. Em seguida, a suspensão foi filtrada e o resíduo resultante passou por sucessivas lavagens com água destilada até atingir pH neutro. Composição química da farinha de mesocarpo de babaçu O teor de umidade, proteína, lipídeos e cinzas do mesocarpo de babaçu natural e branqueado foram obtidos de acordo com os métodos descritos por AOAC (2005). O teor de amido foi determinado de acordo as normas do Instituto Adolf Lutz (2008). Carboidratos não amiláceos foram obtidos por diferença. Preparo dos filmes Os filmes foram elaborados pela técnica de casting. Inicialmente, preparou- se suspensões aquosas de mesocarpo de babaçu natural ou branqueado a 4% (p/v), utilizando o glicerol como plastificante (30% p/p). A suspensão da farinha de mesocarpo foi aquecida a 90 °C por 30 minutos para gelatinização. Posteriormente, a suspensão filmogênica foi vertida em placas de Petri, para secagem em estufa por 24 horas. Transmissão de luz A opacidade dos filmes foi determinada em duplicata através da análise em espectrofotômetro (UV 3600, Shimadzu), no qual os filmes foram fixados no orifício de passagem da luz UV-vis, para se obter a transmitância do filme na região 200 e 900 nm.

Resultado e discussão

A despigmentação da farinha do mesocarpo de babaçu proposta neste trabalho foi eficiente conforme pode ser visto na Figura 1, na qual se observa a farinha despigmentada de coloração mais clara. Ocorreu um aumento no teor de amido de 44,31 ± 6,12 % para 67,36 ± 2,88 % após o processo de branqueamento (Tabela 1). Pode-se dizer, que o tratamento químico promoveu não somente a remoção de pigmentos, mas favoreceu a extração de grânulos de amido durante o processo de despigmentação. A farinha de mesocarpo de babaçu apresentou redução no teor de cinzas, de 1,43 ± 0,03 % para 0,52 ± 0,02 %, que pode estar relacionado a ausência de sódio residual na farinha branqueada, que foi lixiviado nas etapas de lavagens. Os teores de lipídeos e proteínas não apresentaram diferença significativa entre as amostras de farinhas. Isto indica que o processo químico não solubilizou lipídeos e proteínas, mesmo ocorrendo em meio alcalino com pH 11. Propriedades ópticas de filmes mais claros e transparentes, são atributos importantes que influenciam a sua aparência, valor comercial e sua adequação para várias aplicações (AHMAD et al., 2012). A transmissão de luz ultravioleta foi muito baixa na faixa de comprimento de onda de 200-280 nm para todos os filmes. Este resultado sugere a aplicação como embalagens de alimentos, pois impede as alterações como a oxidação lipídica em alimentos provocada pela luz UV (PRODPRAN; BENJAKUL; PHATCHARAT, 2012). A transmissão de luz no visível é menor no filme de mesocarpo natural devido a maior concentração de compostos fenólicos e pigmentos, que agem como barreira e limitam a transmissão de luz.

FIGURA. 1 . Farinha do mesocarpo do babaçu e seus respectivos filmes

MBN (Mesocarpo do babaçu natural) e MBB (Mesocarpo do babaçu branqueado).

Conclusões

A farinha branqueada apresentou variação na composição química, aumento no teor de amido, e redução no poder de intumescimento, melhores propriedades para elaboração de filmes em relação a farinha natural. O processo de branqueamento da farinha de mesocarpo de babaçu foi eficiente na obtenção de um material sem pigmentos, obtendo-se filmes mais claros. Assim, conclui-se que a farinha branqueada de mesocarpo de babaçu é um excelente candidato à elaboração de filmes com potencial aplicação como matriz de liberação de drogas.

Agradecimentos

À Universidade Federal do Maranhão/Campus Grajaú, pelo espaço cedido para a realização deste trabalho.

Referências

AOAC. Official methods of analysis of the Association Analytical Chemists. 18.ed. Gaithersburg, Maryland (2005).

AHMAD, M. et al. Physico-mechanical and antimicrobial properties of gelatin film from the skin of unicorn leatherjacket incorporated with essential oils. Food Hydrocolloids, v. 28, n. 1, p. 189–199, 2012.
BALDEZ, R. N. et al. Análise da cicatrização do cólon com uso do extrato aquoso da Orbignya phalerata (Babaçu) em ratos. Acta Cirurgica Brasileira, v. 21, p. 31–38, 2006.
Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4. ed. São Paulo:1020, 2008.
LÓPEZ, O. V. et al. Agro-industrial residue from starch extraction of Pachyrhizus ahipa as filler of thermoplastic corn starch films. Carbohydrate Polymers, v. 134, p. 324–332, 2015.
PRODPRAN, T.; BENJAKUL, S.; PHATCHARAT, S. Effect of phenolic compounds on protein cross-linking and properties of film from fish myofibrillar protein. International Journal of Biological Macromolecules, v. 51, n. 5, p. 774–782, 2012.
SCHEIBE, C. L. et al. Schinus terebinthifolius raddi (Aroeira) and Orbignya phalerata mart. (Babassu) effect in cecorrahphy healing in rats. Acta cirúrgica brasileira / Sociedade Brasileira para Desenvolvimento Pesquisa em Cirurgia, v. 31, n. 6, p. 402–10, jun. 2016.

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