Estudo das Propriedades Físico-Químicas do Cristal de 1,10-Fenantrolina e Glicina complexados com íons Cu2+ para o uso em Antitumorais.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Materiais

Autores

Neto, J.G.O.N. (UFMA) ; Ramos, M.C. (UFMA) ; Rodrigues, J.A.O. (UFMA) ; Reis, I.F.S. (UFMA) ; Abreu, K.R. (UFMA) ; Souza, F.F. (UFPA) ; Santos, A.O. (UFMA)

Resumo

A introdução de complexos metálicos no meio medicinal, tendo como finalidade a terapia clínica no tratamento do câncer,além de ser uma proposta nova apresenta- se como promissora. Nesse contexto, este trabalhou buscou sintetizar um cristal ternário de 1,10-Fenantroliga e Glicina complexado com Cobre (II) pela técnica de evaporação lenta do solvente, posteriormente o material foi caracterizado por DRX, Espectroscopia Raman e TG-DTA. As medidas de DRX mostraram que o cristal pertence ao sistema monoclínico com grupo espacial P21/n, contendo 4 moléculas por célula unitária. A medida de Raman confirmou a presença do íon metálico interagindo com as moléculas orgânicas. Por meio das análises térmicas verificou-se que o material é um possível candidato para ser aplicado em atividade antitumoral.

Palavras chaves

Cristal; Cobre (II); Câncer

Introdução

Dados mundiais atuais apontam um alto número de mortes causadas pelo progresso das doenças neoplásicas. Particularmente, nos últimos anos o câncer tem apresentado dados alarmantes, sendo responsável por uma taxa de mortalidade superior a das demais patologias. A crescente demanda pela produção de materiais efetivos contra tumores malignos e atóxicos para as células do corpo vem motivando inúmeros estudos sobre a molécula de DNA ao longo das ultimas décadas. Os tumores ocorrem devido a uma replicação celular descontrolada, por outro lado, íons metálicos se apresentam como cátions aceptores de elétrons e podem propiciar uma forte interação com a estrutura do DNA, visto que essa molécula possui íons fosfatos que são ricos em ânions, tal fato favorece a formação de complexos. Esta relação tem motivado a comunidade científica a buscarem o desenvolvimento de materiais a base de metais não tóxicos ao organismo, visando uma regularidade na atividade antitumoral. Neste âmbito, sintetizar cristais ternários de metais com moléculas orgânicas como é o caso da 1,10-Fenantrolina, tem chamado atenção dos cientistas, visto que estes compostos orgânicos possuem a capacidade de atuar como quelantes e interagir com a molécula de DNA. Complexos com Cobre, não apresentam somente ligações com a molécula de DNA, mas também exibem propriedades antitumorais, devido ao organismo possuir aminoácidos, proteínas e enzimas que dependem deste metal. Nesse contexto este trabalhou visou a síntese de um cristal de 1,10- Fenantrolina e glicina complexado com cobre (II), bem como estudo das propriedades estruturais, vibracionais e térmicas, com intuito de elucidar possíveis interações dos compostos organometálicos com a molécula de DNA.

Material e métodos

Síntese O cristal foi sintetizado por meio da preparação de solução equimolar, pela técnica de evaporação lenta do solvente. Primeiramente pesaram-se massas para o metal e a 1,10-Fenantrolina, onde ambos foram misturados em um béquer de 5 mL em solução água-metanol, em seguida a mistura permaneceu sobre agitação magnética durante 30 min. Após isto, um precipitado foi obtido e seco em estufa a 40 °C. Adiante, foram estimadas massas por razões estequiométricas para o precipitado, o aminoácido e o bicarbonato de sódio, e posteriormente, diluídos em 5 mL de água deionizada em agitação magnética a uma temperatura de 40 °C. Ao final, a solução formada foi deixada em um béquer vedado com filme plástico e colocada em uma estufa com temperatura constante de 35 °C. Difração de Raios X - O cristal foi pulverizado em um em almofariz de ágata com pistilo e posteriormente levado a um Difratômetro da marca Rigaku, modelo Miniflex II, radiação de Cu Kα (λ= 1,5418 Å), com tensão de 40 kV e corrente 30 mA, em um porta-amostra de vidro. Raman - Foram realizadas medidas Raman em um espectrômetro triplo, marca Jobin- Yvon modelo T64000 com detector CCD resfriado a ar. Utilizando laser de estado sólido, com λ = 514,5 nm, potência de 80 mW e resolução espectral de 2 cm-1. Análise Termogravimétrica – Análise Térmica Diferencial (TG-DTA) - Na medida de TG-DTA a amostra foi analisada de forma simultânea por meio de um analisador termogravimétrico da Shimadzu modelo DTG-60 utilizando cadinho aberto, numa atmosfera de nitrogênio com fluxo de 100 mL/min, com uma faixa de temperatura de 298 a 1073 K em razão de aquecimento de 283 K (10ºC)/min.

Resultado e discussão

A estrutura do cristal foi avaliada por meio de medidas de difração de raios X, e os dados obtidos foram refinados pelo método de Rietveld. Com base no difratograma obtido pela difração de raios X refinado pelo método Rietveld, pode-se afirmar que em temperatura ambiente de 25 °C a amostra se cristalizou em um sistema monoclínico com grupo espacial P21 /n contendo quatro moléculas por célula unitária (Z=4), obtendo os seguintes parâmetros de rede, a= 7,068 (6) Å, b= 12,295 (8) Å e c= 20,281 (9) Å e ângulo β= 94,895 (9). Os dados coletados exibiram padrões de confiabilidade, tal fato pode ser explicado devido os valores de Rwp= 6,60% e Rp= 4,65%. Por meio da espectroscopia Raman verificou-se que usualmente para a cristalografia de moléculas contendo aminoácidos se observa no intervalo espectral de baixos números de onda os modos externos/modos de rede. Para o cristal todas as bandas presentes na região inferior a 435 cm-1, foram apontadas como modos externos da rede cristalina, todavia a banda posicionada no número de onda 435 cm-1 faz referência à presença do íon metálico no sistema. As demais bandas no espectros fazem referência as vibrações para os compostos orgânicos na estrutura cristalina. Estudo térmico no material foi realizado a fim de verificar o comportamento do cristal quando submetido à variação de temperatura. Foi possível averiguar que o material é estável até 315 K,tal fato torna este sistema como um bom candidato para uso de antitumorais visto que a estabilidade térmica dele é superior a temperatura corporal.

Conclusões

A estrutura do cristal foi determinada por DRX, sendo pertencente a um sistema monoclínico com grupo espacial P21/n. Por meio da espectroscopia Raman verificou- se a presença do íon metálico complexado as moléculas de Glicina e 1,10- Fenantrolina, bem como observou-se as vibrações referentes aos grupos funcionais do composto. As análises térmicas mostraram que o cristal é estável ate 315 K, posterior a isso o material encontra-se na sua forma anidra e após 333 K amorfiza- se. Por meio das propriedades verificou-se que o material é um possível candidato para atividade antitumoral.

Agradecimentos

CAPES, CNPQ, FAPEMA, UFMA, CBPF, LDRX e PPGCM.

Referências

A. C. Guyton and J. E. Hall, Textbook of Medical Physiology. 2006.
B. G. Katzung and A. J. Trevor, Farmacologia Básica e Clínica. 2017.
B. Rosenberg and L. VanCamp, “The Successful Regression of Large Solid Sarcoma 180 Tumors by Platinum Compounds,” Cancer Res., vol. 30, no. 6, pp. 1799–1802, 1970.
S. Neidle and D. E. Thurston, “Chemical approaches to the discovery and development of cancer therapies,” Nat. Rev. Cancer, vol. 5, no. 4, pp. 285–296, 2005.

Patrocinadores

CapesUFMA PSIU Lui Água Mineral FAPEMA CFQ CRQ 11 ASTRO 34 CAMISETA FEITA DE PET

Apoio

IFMA

Realização

ABQ