Avaliação da tala do Miriti (Mauritia flexuosa) como meio filtrante para a retirada de contaminantes da água de consumo

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Teixeira, P.V.Q. (UFPA) ; Pereira, S.F.P. (UFPA) ; Silva, B.E.J. (UFPA) ; Silva, T.M. (UFPA) ; Costa, H.C. (UFPA) ; Oliveira, A.F.S. (UFPA) ; Santos, D.C. (UFPA) ; Freitas, K.H.G. (UFPA) ; Santos, L.P. (UFRA)

Resumo

A filtragem e a adsorção tem se tornado técnicas simples e eficientes na remoção de contaminantes da água. Este trabalho teve objetivo de preparar um filtro à base de tala de buriti (Mauritia flexuosa), para o melhoramento das características físico-químicas da água. Foram preparados três filtros utilizando materiais de fácil acesso pela população. Os resultados mostraram que o filtro utilizando tala de buriti, sem carvão de açaí apresentou o melhor desempenho entre os filtros estudados. Conclui-se que a tala de miriti tem potencial para ser empregada como meio filtrante na melhoria da qualidade da água, porém, necessitando de mais testes para a elucidação do mecanismo de filtração.

Palavras chaves

Filtro; Tala de Buriti; Qualidade da água

Introdução

Nos últimos anos diversos estudos tem voltado atenção para o entendimento do problema da redução da qualidade da água em âmbito local, regional e global. A preocupação com essa questão ambiental deve-se, em parte, ao fato de que todas as formas de vida na Terra dependem da água para sua sobrevivência e que a parcela de água doce no planeta representa apenas cerca de 3%. Destes, apenas 1% está diretamente disponível para consumo humano, 20% como água subterrânea e 79% em forma de geleiras e icebergs (BAIRD, 1999). De acordo com Barros & Amin (2008), em 2025 cerca de 4 bilhões de pessoas, 45% da população mundial, estarão sofrendo com a falta de água. O Relatório do Desenvolvimento Humano 2006, da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que cerca de 1,1 bilhão de pessoas sofre com a falta de acesso à água potável e 2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico (PNUD, 2006). Nesse contexto, utilizam-se técnicas de melhoria da qualidade da água para consumo humano, dentre as quais a filtragem simples e a adsorção são as maneiras mais simples. A adsorção tornou-se, um dos métodos mais populares para este fim, ganhando importância como um processo de separação e purificação, nas últimas décadas (NASCIMENTO et al., 2014). A filtração também pode ser utilizada para melhorar a qualidade da água, como cor e turbidez, além de retirar partículas sólidas presentes na água. É uma técnicas mais simples, barata, porém, menos eficiente na remoção de substâncias menores, como metais e outros sais dissolvidos. Este trabalho teve objetivo de preparar um filtro à base de tala de buriti (Mauritia flexuosa), para o melhoramento das características físico-químicas da água, diminuindo anomalias presentes nas propriedades físico-químicas da água.

Material e métodos

O Miriti foi coletado no município de Abaetetuba, cerca de 100 km da capital Belém (PA). Os materiais utilizados na construção do filtro foram garrafas pet, algodão, areia branca, carvão feito do caroço de açaí e miriti. As medidas de condutividade foram realizadas com auxílio de Sonda Multiparâmetro tipo Hanna. Após a lavagem do material, o miriti foi posto para secar ao ar livre por 24 horas. As garrafas foram cortadas no fundo, deixadas de molho em água e sabão por 24 horas, enxaguadas com água destilada e secas sobre bancada, expostas ao ar, por 24 horas. Foram preparados 3 filtros, os quais foram denominados Filtro 1 (algodão e areia), Filtro 2 (algodão, areia e tala de buriti) e Filtro 3 (algodão, areia, tala de buriti e carvão de açaí). As amostras foram submetidas às analises físico-químicas (temperatura, pH, salinidade, TDS, ORP) pela sonda multiparâmetro imediatamente após a coleta, às margens do Rio Tucunduba. Após a coleta, as amostras foram armazenadas sob refrigeração no Laboratório de Química Analítica e Ambiental (LAQUANAM-UFPA) para análise de dureza e cloreto. As analises de dureza foram realizadas pelo método da titulação com EDTA. Já as análises de cloreto foram realizadas de acordo com o método de Mohr, utilizando solução de nitrato de prata (AgNO3). Os testes de filtragens foram conduzidos utilizando amostras de água do rio Tucunduba, no perímetro que passa pela Cidade Universitário José da Silveira Netto (UFPA-Belém). Para os ensaios de filtragem, foram utilizados cerca de 0,5 L de cada amostra para cada filtro. As amostras eram despejadas lentamente sobre os filtros. O filtrado foi separado em frasco devidamente limpo e descontaminado, o qual foi armazenado sob refrigeração, para as análises, ao fim de todos os ensaios.

Resultado e discussão

Os resultados das características físico-químicas das amostras brutas e filtradas estão apresentados na Tabela 1. Com relação ao Filtro 1, apesar da areia e o algodão terem abaixado os valores de algumas variáveis para algumas das amostras, isto não se repetiu de forma contínua, mostrando que apenas a areia não seria um bom material adsorvente. O Filtro 2 apresentou bons resultados, principalmente com relação à cor e à turbidez, onde algumas amostras apresentaram-se dentro dos limites permitidos, enquanto outros estão bastante próximos. Já para o Filtro 3 observou-se que ocorreram diminuição da qualidade da água em todas as amostras. O carvão de açaí causou aumentos drásticos na cor e turbidez da água, além no aumento do pH a níveis acima do estabelecido pela PRC Nº5/2017, além dos demais parâmetros terem aumento significativamente. A Tabela 2 mostra a eficiência de remoção de cada variável para cada filtro. Percebe-se que o uso do leito filtrante utilizando tala de miriti, algodão e areia (Filtro 2) apresentou a melhor eficiência nas filtragens para a maioria dos parâmetros analisados, como condutividade, TDS, EH, cor aparente e turbidez. Apesar de ser insatisfatório em relação à remoção da dureza, ainda assim os níveis de dureza nas águas da região amazônica não chegam a ultrapassar o limite da PRC Nº 5/2017, não tendo, portanto, risco de contaminação pelo aumento dos teores de cálcio e magnésio. Os demais filtros, no entanto, não foram substancialmente satisfatórios, principalmente com relação aos parâmetros de potabilidade. Pela composição dos três filtros, nota-se que a presença do carvão de açaí sem nenhum tipo de tratamento (ativação ácida ou alcalina, simples lavagem, etc) piora as condições da qualidade da água, impedindo, portanto, a filtragem satisfatória.

Tabela 1

Resultados das variáveis físico-químicas da água bruta e filtrada.

Tabela 2

Resultados do processo de filtração e eficiência.

Conclusões

Conclui-se que a tala de miriti tem potencial para ser empregada como meio filtrante na melhoria da qualidade da água, no entanto, mais testes são necessários para a elucidação do mecanismo de filtração, testes de adsorção com metais e substâncias orgânicas, etc. O filtro utilizando carvão de açaí sem nenhum tipo de tratamento não é recomendado, uma vez que piora a qualidade da água filtrada. O filtro simples de areia e algodão apresentou eficiência mediana, podendo ser utilizado como material para suporte de outros materiais na confecção de filtros mais eficientes.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos técnicos do Laboratório de Química Analítica e Ambiental (LAQUANAM-UFPA).

Referências

BAIRD, C. Environmental Chemistry. 2ª Ed. Ontario: University of Western Ontario, 1999.
BARROS, F. G. N.; AMIN, M. M. Água: um bem econômico de valor para o Brasil e o mundo. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional. v.4, n.1, p.75-108, 2008.
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD. Relatório do Desenvolvimento Humano 2006: A Água para lá da Escassez: Poder, Pobreza, e Crise Mundial da Água. New York, 2006.
NASCIMENTO, R. F.; LIMA, A. C. A.; VIDAL, C. B.; MELO, D. Q.; RAULINO, G. S. C. Adsorção: Aspectos Teóricos e Aplicações Ambientais. Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará (UFC). Fortaleza, CE, 2014.

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