Perfil químico por CLAE-DAD e ensaio de toxicidade em Artemia salina de extratos das folhas da planta medicinal Sphagneticola trilobata (Asteraceae)

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Venancio Ruas, L. (IFRJ) ; Marques Casanova, L. (UFRJ) ; Leal de Castro, D. (IFRJ)

Resumo

A Sphagneticola trilobata é uma planta da família Asteraceae, pertence gênero Sphagneticola, tem amplo uso medicinal: suas folhas são empregadas sob a forma de chá para aliviar sintomas de gripes e também para tratar febres e inflamações O objetivo deste trabalho foi determinar o perfil químico dos extratos aquoso e etanólico por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada ao detector de arranjo de diodos (CLAE-DAD) e compará-los, além de avaliar a toxicidade dos extratos de Sphagneticola trilobata sobre Artemia salina Leach.

Palavras chaves

Sphagneticola trilobata; Artemia salina; CLAE-DAD

Introdução

O presente estudo foi desenvolvido para a análise do perfil químico de extrato aquoso e etanólico de folhas de Sphagneticola trilobata, utilizando o método de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). e também realizar um ensaio de toxicidade desses extratos frente à Artemia salina LEACH.A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detector de arranjos fotodiodos (CLAE-DAD) é uma técnica versátil e sensível, muito utilizada para analisar de forma qualitativa e quantitativa a composição fenólica de extratos vegetais (WOLFENDER, 2009). As substâncias fenólicas pertencem a um amplo e complexo grupo de fitoquímicos, abrangendo em torno de 8.000 compostos que apresentam em comum o grupamento fenol (ROBBINS, 2003). Essa técnica não permite a identificação de todos os metabólitos secundários, mas, o formato dos espectros de UV, o tempo de retenção das substâncias e o conhecimento prévio dos dados da literatura referentes à composição química, permitem propor a classe química de cada substância detectada (CASANOVA, 2012). Uma forma de complementar os estudos fitoquímicos é associá-los a bioensaios, por causa disso, muitos laboratórios de Produtos Naturais têm realizado ensaios biológicos simples, no intuito de selecionar e monitorar a pesquisa de extratos de plantas. Dentre esses bioensaios, encontra-se a toxicidade sobre Artemia salina Leach, que é um microcrustáceo de água salgada muito usada como alimento para peixes, sendo seus ovos facilmente encontrados em lojas de aquaristas.

Material e métodos

As análises por CLAE-DAD foram realizadas no Instituto de Pesquisa em Produtos Naturais da UFRJ. Utilizou-se um cromatógrafo Shimadzu® LC-20AT com detector de arranjos fotodiodos (Shimadzu® SPDM20A) e módulo de comunicação, amostrador automático e coluna de fase inversa RP-18 (4,6250 mm, partícula de 5 μM, Zorbax Eclipse XDB-C18, Agilent). Os espectros na região do UV foram adquiridos em escala de 200-500 nm, que permitem a análise da presença de compostos fenólicos. O sistema de eluentes, foi água (Milli-Q) acidificada com 0,1% de ácido fórmico (A) e acetonitrila (B), o fluxo de eluição foi de 1 ml/min com volume de injeção de 20 µl. Após as análises por CLAE, foi utilizado o que restou da solução aquosa e da solução alcoólica, para fazer os experimentos de citotoxicidade (Figura 12), utilizando a Artemia salina LEACH, 1819. Os ovos de Artemia foram colocados em água do mar por 24 horas. Após a eclosão dos náuplios eles foram recolhidos com auxílio de pipetas graduadas, em grupos de 20 náuplios. O teste foi realizado em triplicata. Foi realizado um ensaio em branco, contendo 20 náuplios e água do mar. Foram feitos também o teste com concentrações de 10μg/ml, 100μg/ml e 1000μg/ml de cada extrato (aquoso e etanólico) e 20 náuplios de A. salina. Após a administração dos extratos nos tubos com os náuplios, os mesmos foram colocados sob luminária com lâmpada incandescente de 40W pelo período de mais 24horas.

Resultado e discussão

A análise por CLAE-DAD mostrou a presença de substâncias fenólicas no extrato. O termo fenólico engloba aproximadamente 8000 compostos de ocorrência natural, que possuem uma característica em comum, o grupamento fenol (ROBBINS, 2003). Em sua maioria foram observados espectros de UV compatíveis com derivados do ácido cinâmico, particularmente derivados de ácido cafeico, que apresentam máximos de absorção em torno de 324 – 328 nm (CASANOVA, 2012; ROBBINS, 2003). Também foram identificado derivado de flavonóide. Já a toxicidade foi calculada a partir do gráfico do percentual de animais vivos contra o logarítmico das concentrações do extrato aquoso e etanólico, utilizando o programa Microsoft Office Excel 2016. A Dose Letal 50 para o extrato aquoso foi de Dose 151,35 μg/mL e para o extrato etanólico foi de 27,54 μg/mL. Segundo DOLABELA (1998), a classificação da toxicidade dos extratos em Artemia salina podem ser classificados como altamente tóxicos se a dose letal 50% (DL50) for inferior a 80 μg/mL; moderadamente tóxicos para valores entre 80 e 250 μg/mL; e pouco tóxicos se esse valor for superior a 250 μg/mL. Dessa forma o extrato aquoso é moderadamente tóxico e o extrato etanólico extremamente tóxico. A alta toxicidade desse extrato é provavelmente por substâncias não detectadas pela técnica utilizada, como terpenos, que já foram descritos na espécie.

Conclusões

A CLAE-DAD permitiu sugerir a presença de quatro diferentes classes de substâncias fenólicas nos extratos aquoso e etanólico de Sphagneticola trilobata: ácidos fenólicos derivados do ácido cafeico, ácidos fenólicos derivados do ácido cinâmico e flavonoides. Essas substâncias já foram anteriormente descritas para extratos etanólicos ou hidroetanólicos de partes da aéreas da planta. Porém, esse parece ser o primeiro estudo da composição química de um extrato aquoso de folhas da espécie. O extrato aquoso estudado mostrou-se de forma geral mais rico em substâncias fenólicas do que o extrato aquoso

Agradecimentos

Referências

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Wedelia paludosa D.C. extracts and constituents. Revista Brasileira de Farmacognosia
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CECHINEL FILHO, V.; YUNES, R.A. Estratégias para obtenção de
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DI STASI, L.C. Química de produtos naturais: Principais constituintes
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ROBBINS, R. J. Phenolic acids in foods: an overview of analytical
methodology. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 53, p. 2866-2887, 2003.

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