FRACIONAMENTO E MOBILIDADE DE METAIS POTENCIALMENTE TÓXICOS NO LIXÃO DO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ-MA POR INTERMÉDIO DE EXTRAÇÃO SEQUENCIAL

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ambiental

Autores

Gomes, D.L. (UEMASUL) ; Cruz, N.D. (UEMASUL) ; Sá, W.S. (UEMASUL) ; Patrocinio, E.S. (UEMASUL) ; Santos, D.S. (UEMASUL) ; Pinho, C.M.F. (UEMASUL) ; Oliveira, J.D. (UEMASUL)

Resumo

Este trabalho tem como objetivo avaliar o fracionamento e mobilidade de MPT (Metais Potencialmente Tóxicos) em solo do lixão do município Imperatriz-Ma por meio de Extração Sequencial, que tende a simular as diferentes condições ambientais (ácida, alcalina, oxidantes ou redutoras), tornando-a um instrumento útil na caracterização do comportamento químico dos metais no solo. As coletas foram realizadas no Centro do Lixão (C.L) e Fora do Lixão (F.L), em três profundidades 20 cm, 40 cm e 60 cm. De um modo geral as concentrações totais de metais obedeceram a seguinte ordem decrescente: Zn > Mn > Cr > Pb > Cd. Os resultados obtidos permitiram concluir que os resíduos sólidos urbanos dispostos no lixão causaram variações nas concentrações e biodisponibilidade das espécies metálicas investigadas.

Palavras chaves

Resíduos; Contaminação; Biodisponibilidade

Introdução

Os resíduos sólidos são considerados a expressão mais visível e concreta dos riscos ambientais, ocupando um papel importante nos aspectos relacionados à saúde pública (ALCÂNTARA et al., 2011). No estado do Maranhão a situação é preocupante em relação à destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), pois dos 217 municípios, apenas três municípios maranhense possuem aterros sanitário. Os demais que representam 97,7% descartam os RSU de forma descontrolada, sendo que 80,3% dos municípios depositam seus resíduos em lixões (IBGE, 2010). Moreira et al. (2010), afirma que estes resíduos podem liberar metais potencialmente tóxicos (MPT), como: Cd, Cu, Pb, Mn, Zn e Ni, ampliando as formas de poluição e contaminação que estes materiais podem causar ao meio ambiente. A determinação das concentrações totais de MPT em solo dá uma indicação de sua significância ecotoxicológica, mas não informa sobre a sua mobilidade, toxicidade, disponibilidade para os organismos vivos, pois estes possuem diferentes formas físico-químicas. Pereira, et al. (2007), afirma que a concentração total tem uma importância sob o ponto de vista estocástico, mas fornece pouco dado sob o ponto de vista ambiental. Para isso extração sequencial tem sido muito aplicada no fracionamento de espécies metálicas em solos para obter informações a respeito das frações químicas, buscando compreender e avaliar a mobilidade, biodisponibilidades e a toxicidade destas espécies metálicas (SILVA e VITTI, 2008; LINHARES et al., 2009).O procedimento de extração sequencial dá uma melhor avaliação do comportamento químico (solubilidade, mobilidade, biodisponibilidade e toxicidade) dos MPT no ecossistema terrestre, pois tende a simular as diferentes condições ambientais (ácida, alcalina, oxidantes e/ou redutoras).

Material e métodos

Para uma melhor avalição, as coletadas das amostras foram realizadas em dois pontos amostrais: A1 dentro da área do lixão e A2 aproximadamente a 10 metros da borda de resíduos sólidos, nas profundidades de 20 cm, 40 cm e 60 cm, ambas as áreas foram divididas em 3 pontos, os quais foram homogeneizados pelas profundidades, de forma a verificar o deslocamento das espécies metálicas provenientes dos resíduos sólidos. Após as coletas as amostras de solos foram identificadas e acondicionadas e transportadas para o laboratório. No lab. de Química Ambiental da UEMASUL as amostras de solos foram transferidas para bandeja plástica e secas ao ar, descompactadas, trituradas, fracionadas utilizando-se peneiras de 0,35 mm. As amostras para determinação dos metais potencialmente tóxicos Cd(II), Cr(III), Mn(II), Pb(II) e Zn(II), foram transferidas para cápsulas de porcelana e submetidas a secagem em estufa a 60 ± 1 °C, por 24 horas. A essa temperatura, os metais não são arrastados pelo vapor d’água (LACERDA et al., 1990). Para a determinação dos metais utilizou-se o método de extração sequencial proposto “European Communities Bureau of Reference” (BCR), com algumas modificações. O método consiste em submeter à amostra a um protocolo contendo quatro etapas sequenciais (DAVIDSON; THOMAS et al., 1994). As determinações de MPT nas amostras foram feitas por espectrometria de absorção atômica em chama (FAAS), com corretor de fundo com lâmpada de deutério. Soluções padrão utilizadas para a calibração do instrumento serão preparadas com base em alíquotas de uma solução estoque de 1000 mg/L.

Resultado e discussão

Para a área do C.L (Gráfico 1) as amostras de solo apresentaram as concentrações de Cd ligado preferencialmente a fração trocável (F1) em todas as profundidades, na 0–20 cm com 47%, na 20–40 cm com 43%, no horizonte mais fundo (40–60 cm) 31%. O Cr encontram-se majoritariamente na Fração residual (F4) em todas as camadas do solo investigado, com percentuais de 84% em 0-20 cm, 67% em 20-40 cm e 72% em 40-60 cm. Para Mn as maiores percentagens foram determinadas na F1, sendo 44% no horizonte de 0-20 cm, de 20-40 cm as frações 1 e 2 apresentaram a mesma percentagem de associação (36%), no horizonte de 40-60 cm encontrou-se, 45%. O Pb nas amostra de solo no horizonte 0-20 e 40-60 cm apresentaram similaridade na sua distribuição percentual na fração sulfeto e matéria orgânica (F3) com 37% e 39%, respectivamente. No horizonte 20–40 cm esteve preferencialmente ligado a fração óxido ferro e manganês (F2) com 47%. O Zn exibiu uma maior associação com a F1 em todas as profundidades, no perfil 0–20 cm com 59%, no perfil 20– 40 cm com 47% e no perfil 40–60 cm com 33%. O Gráfico 2, mostra a associação das espécies metálicas na área F.L. os maiores percentuais para o Cd e Cr nos perfis estudados foram obtidos na F4, Cd no perfil 0-20 cm, encontra-se com 33%, no perfil 20-40 cm 37% e no perfil 40-60 cm 40% e Cr com 79% na camada 0-20 cm, 73% na camada 20-40 cm e 88% na camada 40-60 cm. Já Mn encontra-se associados a F2 com 41% na profundidade 0-20 cm, na profundidade 20-40 cm com 35% e de 40-60 cm com 37%. O Pb apresentou maior percentagem de associação na F3 nos perfis 0-20 cm (33%) e no 40-60 cm (54%). No perfil 20-40 cm o mesmo teve percentagem de 32 % na F4. O Zn encontra-se com 29% na F4 no horizonte 0-20 cm e 34% no horizonte 20-40 cm e no horizonte 40-60 cm com 52% na F1.

Gráfico 1

Gráfico 1. Distribuição percentual das análises de metais por intermédio de extração sequencial no Centro do Lixão nas profundidades investigadas.

Gráfico 2

Gráfico 2. Distribuição percentual das análises de metais por intermédio de extração sequencial na área Fora do Lixão nas profundidades investigadas.

Conclusões

Os resultados das concentrações de MPT permitem concluir que os metais estudados sofrem alterações em sua disponibilidade e mobilidade pela presença dos RSU na área do C.L, e que com exceção do Cr, que teve maior representatividade na fração residual, aprestando assim baixa mobilidade e disponibilidade, os metais encontram-se nas frações geoquímicas menos estáveis ou lábeis (F1, F2 e F3), portanto, esses metais estão disponíveis, podendo ser liberados para biota e para fase líquida do solo, contaminando assim os lençóis freáticos das proximidades do lixão.

Agradecimentos

Agradeço a FAPEMA pelo Fomento de minha Bolsa, ao meu Orientador Jorge Diniz de Oliveira e ao Grupo de Pesquisa de Química Ambiental da UEMASUL.

Referências

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. IBGE: Rio de Janeiro, p. 219, 2010.
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LINHARES, L. A.; EGREJA FILHO, F. B.; BELLIS, V. M. SANTOS, E. A. Disponibilidade de cobre e zinco em solos tropicais avaliada pelo processo de Extração Sequencial (BCR). TECNO-LÓGICA, v. 13, n. 1, p. 12-18, 2009.
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PEREIRA, J. C.; SILVA, A.K.; JÚNIOR, H.A.N.; SILVA, E.P.; LENA, J.C. Distribuição, fracionamento e mobilidade de elementos traços em sedimentos superficiais. Química Nova, v.30, n.5, p.1249 - 1255, 2007.
SILVA, M. L. S.; VITTI, G. C. Fracionamento de metais pesados em solo contaminado antes e após cultivo de arroz. Química Nova, v. 31, n. 6, p. 1385-1391, 2008.

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