EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA: UM OLHAR PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL EM SALA DE AULA.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Vitória Araujo Bahia, G. (UEPA) ; da Silva Feijo, G. (UEPA) ; Gabriel Pinho Botelho dos Santos, R. (UEPA) ; da Silva Carneiro, J. (UEPA)

Resumo

Buscando alcançar a consonância entre a Química e o cotidiano como proposta de resolução para o ensino de Química, o presente trabalho visou a experimentação e contextualização do ensino de Química, dentro da perspectiva da produção de biodiesel, como via facilitadora no processo de ensino – aprendizagem de Química. Os resultados obtidos foram satisfatórios e analisados a partir de uma experimentação com materiais de alternativos e levantamentos de dados.

Palavras chaves

Ensino de Química; Experimentação; Produção de Biodisel

Introdução

A Química é um ramo da ciência que se dedica ao estudo dos elementos constituintes da matéria, levando em consideração a sua composição, as reações e as transformações (MOREIRA, 2017), ou seja, essa área avança e evolui por meio de pesquisas científicas, desenvolvidas mediante a investigação de fenômenos naturais. O espaço responsável pela formação do cidadão e pela democratização do ensino de química é a escola. No entanto, existem muitas críticas à educação tradicional, pois o aprendiz é tratado como mero ouvinte das informações que o professor expõe (GUIMARÃES, 2009). Além do mais, o atual modelo curricular favorece representações químicas e fórmulas matemáticas e, consequentemente, não há a aprendizagem significativa, que, segundo David Ausubel (MOREIRA, 2009), “ é um processo pelo qual uma nova informação se relaciona, de maneira substantiva (não literal) e não arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do indivíduo”. Em decorrência desse fato, os alunos não entendem o motivo de estudar química e não percebem como essa disciplina está presente no cotidiano. Concomitante a esse processo, conforme Silva (2016), o comportamento dos estudantes dos ensinos fundamental e médio alterou bastante, pois a aquisição de novos aparatos tecnológicos interfere nas suas relações com o professor em sala de aula, o que torna mais difícil a tentativa do docente de atrair a atenção dos alunos. Por isso, é necessário utilizar novas práticas pedagógicas a fim de despertar a atenção do aluno para a química. Aristóteles já era adepto da experimentação há mais de 2.000 anos, ao afirmar que “ quem possua a noção sem a experiência, e conheça o universal ignorando o particular nele contido, enganar-se-á muitas vezes no tratamento” (apud GIORDAN, 1993, p.43). Ou seja, o método investigativo é essencial para que a aprendizagem não seja mecânica ou automática, classificada por Guimarães (2009) como sendo aquela em que a nova informação é aprendida pelo sujeito sem que haja interação com informações já existentes em sua estrutura cognitiva. Uma das medidas para otimizar essa problemática no ensino básico consiste na implementação de aulas práticas, a fim de fazer o discente relacionar a teoria com a prática, pois, mediante esse método as dificuldades dos alunos em química podem ser superadas, tornando o estudo mais prazeroso e contribuindo com o conhecimento científico, conforme defende Salesse (2012). Considerando esses aspectos positivos os quais a prática proporciona, este trabalho tem por objetivo visar o uso da experimentação por meio da produção do biodiesel como uma das alternativas de resolução para o desafio de aprimorar o ensino de química e das ciências no Brasil.

Material e métodos

O estudo foi realizado no Laboratório de Química da Universidade do Estado do Pará. Em primeiro momento, foi preparado em um béquer de 100mL, uma solução de etóxido de sódio (dissolvido 1,2 gramas de hidróxido de sódio em 40 mL de etanol). A partir disso, foi transferido e medido, com auxilio de uma proveta, 15 mL da solução de etóxido de sódio para uma garrafa plástica (PET) de 600mL, juntamente com 30 mL de óleo vegetal. Em seguida, toda a solução da garrafa plástica foi agitada por 10 minutos. Após o preciso tempo de 10 minutos, foram adicionados à garrafa plástica 20 mL de água e, em seguida, 10 mL de etanol, agitando-se, novamente a mesma por poucos segundos. Foram adicionados, também, cerca de meia colher de sobremesa de cloreto de sódio (sal de cozinha), seguida de mais agitação da garrafa. Após isso, o líquido foi transferido para o funil de separação e foi deixado em repouso, para separação das fases, por 10 minutos. Após isso, foram separadas as fases, inferior da fase superior, em béqueres diferentes e enumerados.

Resultado e discussão

Testes de Parâmetro Qualquer matéria-prima oleaginosa produz biodiesel, contudo nem sempre atende às especificações internacionais, sendo necessário verificar se o biodiesel produzido está de acordo com os parâmetros mais determinantes (solubilidade, densidade e viscosidade), acompanhando os seguintes resultados: Insolúvel em água; densidade de 0,867 g/mL; e viscosidade (tempo de escoamento em pipeta graduada de 9,0 mL), aproximadamente, de 4,37 segundos. Salientando que todos os resultados do experimento obtidos estavam de acordo com o objetivo esperado: a geração de biodiesel a partir do óleo de soja foi positivo e satisfatório, obtendo o biodiesel. As análises foram realizadas pelos alunos em conjunto com os experimentos, seguindo o roteiro de testes do IPC (Instituto de Pesquisa Tecnológica). A EXPERIMENTAÇÃO E A DIDATICA DE ENSINO A partir dos dados alcançados com o experimento, foi possível observar a interdisciplinaridade do experimento, o qual pode ser utilizado como proposta metodológica de aula, permitindo alternativas para o ensino tradicional. Podendo ser utilizada a Figura 1, que possibilita a observação de umas das etapas do procedimento, onde ocorre com auxílio do funil de separação, a separação das fases, no caso do processo: glicerina (solúvel) e biodiesel (Insolúvel). Trabalhar com as substâncias, aprender a observar um experimento cientificamente, visualizar de forma que cada aluno descreva o que observou durante a reação, isto sim leva a um conhecimento definido. O grande desinteresse dos alunos pelo estudo da química deve-se, em geral, a falta de atividades experimentais que possam relacionar a teoria e a prática (QUEIROZ e ALMEIDA, 2004). A estratégia de resolver problemas e desafios para o ensino de química incentiva os discentes a trabalhar de acordo com os conceitos apreendidos e emprega os conhecimentos pré-estabelecidos com os adquiridos em sala de aula, tornando possível a abordagem de ensino CTSA (Ciência – Tecnologia – Sociedade - Ambiente), que tem como ênfase a prática para alcançar a teoria e, também, o ensino investigativo: reunindo, avaliando e analisando informações. A temática escolhida permitiu trabalhar conteúdos diversos como o processo de transesterificação, em que a reação entre o óleo (triglicerídeo) e o etanol é catalisada pela soda caústica, produzindo biodiesel e glicerina para a formação do biodiesel, abordando as reações químicas (OLIVEIRA, SUAREZ, SANTOS, 2008) e as funções orgânicas envolvidas na reação; a densidade e a solubilidade utilizadas como teste para verificar se estava adequado aos parâmetros de legislação; e a importância do conhecimento da química no cotidiano. Figura 1. Separação das fases. Estes temas citados fazem parte da grade curricular do ensino médio, portanto o experimento da produção do biodiesel, a partir do óleo de soja, pode ser utilizado como forma didática, contextualizando o assunto com o cotidiano dos estudantes, a fim de tornar mais atraente a busca pelo conhecimento e as aulas de química.

Figura 1. Separação das fases.



Conclusões

É notável a importância de um ensino de Química contextualizado e dinâmico em sala de aula. O ensino de Química deve ir além das formulas e equações, pois aprendizagem se baseia essencialmente na visão, seja através da observação de experimentos ou estruturas das moléculas presentes nas literaturas. Deve haver real sentido ao dia a dia do aluno, deve gerar a capacidade de assimilação dos assuntos ao cotidiano. A experimentação pode proporcionar ao alunato o senso crítico, a interação e a atração para as habilidades de Química, a partir da interdisciplinaridade e contextualização dos assuntos, pois, a partir da experimentação do biodiesel podem-se obter diversas vias, que se infiltrem cada vez mais próxima da aprendizagem significativa do aluno, gerando neste a autonomia suficientemente eficaz para o exercício da cidadania para entendimento de problemas sociais e ambientais.

Agradecimentos

Referências

GIORDAN, M. O Papel da Experimentação no Ensino de Ciências. Química Nova
na Escola, 1999.
GUIMARÃES, Cleidson C. Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e
Descaminhos Rumo à Aprendizagem Significativa. Química Nova na Escola, 2009.
MOREIRA, Marco A. A Teoria da Aprendizagem Significativa. Porto Alegre, 2009.
MOREIRA, Jackeline da Rosa. Potencialidade de um plano de ensino pautado na atividade experimental problematizada (AEP) à alfabetização científica em Química. 2017. 36 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de Licenciatura em Ciências Exatas - Química, Universidade Federal do Pampa, Caçapava do Sul, 2017.
SALESSE, A.M.T. A Experimentação no Ensino de Química: importância das
aulas práticas no processo de ensino aprendizagem. Medianeira, 2012.
SILVA, Vinícius G. A Importância da Experimentação no Ensino de Química e Ciências. Bauru, 2016.
OLIVEIRA, F.C.C.; SUAREZ, P.A.Z. e SANTOS, W.L.P. Biodiesel: possibilidades e desafios. Química Nova na Escola, n. 8, maio, p. 3-8, 2008.
QUEIROZ, S. L.; ALMEIDA, M. J. P. M. Do fazer ao compreender ciências: reflexões sobre o aprendizado de alunos de iniciação científica em química. Ciência e Educação, Bauru, v.10, n.1, 2004.

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