DIFICULDADES NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM: OS CONTEÚDOS DE QUÍMICA NA COMPONENTE CURRICULAR CIÊNCIAS.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Rodrigues dos Santos, J.K. (UFPA) ; Gonçalves Tenoro, E.L. (UFPA)

Resumo

Este estudo aborda as dificuldades dos professores no processo de ensino/aprendizagem dentro da área de ciências da natureza e suas tecnologias. Para a construção da pesquisa, realizou-se um levantamento das dificuldades e correlacionou-se com os aspectos formativos dos docentes que lecionam a disciplina de ciências. Nesta direção, realizou-se uma pesquisa com os professores de ciências que atuam no município de Ananindeua, Estado do Pará. Sobre os resultados, foi possível observar que a maioria dos professores é habilitada em ciências naturais. Os docentes reclamam sobre as condições de trabalho e citaram os conteúdos de Química (atomística, orgânica, inorgânica e tabela periódica) como eixo de maior dificuldade de ensinar.

Palavras chaves

Formação; Desafios; Necessidades

Introdução

Segundo as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2008) os conteúdos referentes a ciências da natureza devem ser trabalhados visando a qualidade de ensino e não a quantidade de elementos e informações desconexas do cotidiano dos alunos. Na educação básica nacional, a disciplina de Química é uma componente curricular do ensino médio. No ensino fundamental, o conhecimento químico é presente na matriz de conhecimentos da disciplina de ciências. Seu ensino é uma introdução para compreender os modelos que explicam a composição da matéria e seus processos de transformação. De acordo com Gadelha (2011), a química é uma disciplina de natureza experimental e investigativa que necessita desta interação entre, aluno, professor, experiências e contextualização. Contudo, principalmente na área de exatas temos um déficit de professores com formação acadêmica na área de atuação, principalmente, em física e química. Imagina-se que tal situação reverbere na prática de ensino dos professores que atuam na área. Concomitante, vale destacar a atuação e o comprometimento desses profissionais que assumem a docência diante de muitas exigências, além das discutidas em seu curso de graduação. Por exemplo, de acordo com Faria (2015) quando recém-graduados chegam ao mercado de trabalho e assumem a sala de aula, muitos reclamam sobre: a desvalorização da carreira; a falta de recursos e infraestrutura insatisfatória, o programa de transporte e merenda escolar precário; a indisciplina dos alunos; a violência entre outros. Nessa perspectiva, esta pesquisa visa mapear a formação dos professores que ministram aulas de ciências com a finalidade de caracterizar a atuação profissional e as necessidades formativas desses sujeitos.

Material e métodos

Para caracterizar a atuação profissional e as necessidades formativas dos professores de Ciências, utilizou-se a pesquisa qualitativa. Estas fazem parte de uma investigação sobre um fenômeno social humano que apresenta dimensões complexas e subjetivas. Assim, a pesquisa qualitativa contribuiu com referencial teórico do estudo, o que evitou conclusões pautadas no determinismo hipotético-dedutivo que outrora os fenômenos sociais eram analisados (CHIZZOTTI, 2003). Como instrumento de coleta de informações, foi usado um questionário com perguntas abertas e fechadas, distribuídas em quatro eixos. O qual elenca perguntas referentes: a formação inicial (graduação), a atuação profissional (docência) e as necessidades formativas (pós-graduação e aperfeiçoamento). Além de um espaço voltado para manifestação de opinião em relação ao apoio oferecido pelo Município, anseios e parcerias almejadas. Para a interpretação das respostas obtidas no questionário, utilizou-se a análise de conteúdo de Bardin (2009). Para a realização desta pesquisa, houve a parceria com a Coordenação de Ciências da Secretaria Municipal de Educação de Ananindeua-Pará. Os sujeitos desta pesquisa foram os professores de Ciências que estão em exercício profissional ativo na rede municipal de ensino de Ananindeua. Para preservar as identidades, eles estão nomeados da seguinte forma: EA, EB, EC, e assim por diante. A Secretaria Municipal de Educação de Ananindeua (SEMED) disponibilizou o quantitativo de professores da rede municipal de ensino no ano de 2017. Havia 38 professores, com lotação de trabalho distribuída em 19 escolas. Destes, 25 foram entrevistados, correspondendo a 68% do percentual amostral desta pesquisa. Essas 25 pessoas assinaram um termo autorizando sua participação sem ônus nesta pesquisa.

Resultado e discussão

3. Dificuldades no ensino e na aprendizagem de conteúdos de química. Os conteúdos de química têm suas particularidades e dificuldades (ROCHA; VASCONCELOS, 2016). No processo de ensino/aprendizagem, a atomística (modelos atômicos) é um desafio comum para o professor (ensino) e para o aluno (aprendizagem). Este assunto abordar a parte microscópica da matéria e esta parte influência nas reações e comportamentos existente nas observações macroscópicas. Orgânica, inorgânica e tabela periódica, também foram citadas como eixo de dificuldade. De acordo com Mitami; Mortorano & Santana (2017) estes conteúdos tornam-se pouco eficiente quando não contextualizado. E Segundo Lima; Paula & Messeder (2016) os assuntos envolvendo os elementos químicos são ensinados sem contextualização, o que o deixa associado à pura abstração. O último tópico destacado pelos docentes foi a introdução à Ciência Química. Muitos alunos não conseguem entender a essência desse estudo na componente curricular Ciência. 3.1 Formação dos professores de ciências: Perfil acadêmico. Segundo os dados, constatou-se que 50% dos professores são formados em Ciências Naturais, 35% em Biologia, 11% em Química e 4% em Física. Sobre a formação continuada. Observou-se que 74% dos sujeitos têm o curso de pós- graduação na área de humanas, 21% na área biológica e 5% na área de exatas. Em síntese, a maioria se especializou em áreas correlacionadas a sua atuação profissional, tais como: ensino de ciências, educação de jovens e adultos e educação especial. Relacionando as dificuldades (lecionar) com a formação inicial dos professores, constatou-se que dos docentes formados em Ciências Naturais, biologia e química, respectivamente 62%, 67% e 33,3% manifestaram dificuldades em lecionar os conteúdos de Química.

Figura 1. Formação/dificuldades

3.2. Formação dos professores: perfil acadêmico. Relacionamos a formação inicial com a temática de maior dificuldade encontrada pelos professores.

Quadro 1. Correlação ensino/aprendizagem

Quadro 1 - Correlação de conteúdos mais complexos de ensinar pelos professores e mais difíceis dos alunos aprenderem (de acordo com os docentes).

Conclusões

Nesta pesquisa é possível conhecer algumas dificuldades dos docentes de ciências.Os destaques dizem respeito à formação inicial, continuada e as áreas de atuação profissional. Vale destacar que o professor não pode estar sozinho. O apoio de órgãos competentes é essencial. Neste sentido, esta pesquisa torna-se uma “vitrine” do perfil profissional da rede municipal de ensino. Deste modo, almejamos contribuir com a área de ensino divulgando os resultados na Secretaria Municipal de Educação de Ananindeua e seguir o mapeamento em outros municípios da região metropolitana da capital paraense.

Agradecimentos

Agradecemos a Secretaria Municipal de Educação de Ananindeua e a Universidade Federal do Pará, assim como a todos os professores que se submeteram a essa pesquisa.

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