FORMAÇÃO DE CÁLCULO RENAL E A ALIMENTAÇÃO COMO UM CONTEXTO PARA O ENSINO DE EQUILÍBRIO QUÍMICO

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Silva, W.O. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA) ; Souza, N.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA) ; Pereira, D.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA) ; Jovito, R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA)

Resumo

A formação de cálculo de oxalato de cálcio no organismo está ligada, na maioria das vezes a ingestão de alimentos que aparentemente são inofensivos, mas possuem propriedades antinutricionais. Dentre esses alimentos está à carambola (Averrhoa carambola L.), um fruto rico em vitamina A e C, mas que possui um alto teor de ácido oxálico que, quando ingerido em grandes quantidades, forma esse sal pouco solúvel dentro do organismo. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo contextualizar o estudo de Equilíbrio Químico a partir do desenvolvimento de um experimento de precipitação de oxalato de cálcio a partir do suco da carambola. O mesmo foi aplicado com sucesso em uma turma do 2º ano do ensino médio de uma escola pública do município de Parintins-AM.

Palavras chaves

Equilíbrio Químico; Ensino-Aprendizagem; Cálculo Renal

Introdução

Um dos desafios dos educadores está em fazer com que os alunos sejam mais participativos nas aulas. Assim, importa que os professores sejam cautelosos na escolha do método de ensino, selecionando o que melhor se adeque aos conteúdos ministrados. Nesse processo de aprendizagem, é de extrema importância que o ensino esteja voltado aos conhecimentos prévios do sujeito que aprende. É pertinente ao ensino introduzir nos processos educativos experiências significativas, situando o ensino à realidade dos mesmos (GARCÍA MÁRQUEZ,1997 p. 87). Segundo Moreira (2010), a aprendizagem significativa é aquela que possui sentido e compreensão. Para o referido autor, é necessário despertar uma intencionalidade por parte de quem aprende. Esta, por sua vez, depende da relevância que o aprendiz atribui ao novo conhecimento e de sua predisposição em aprender. Assim, o saber sobre a formação de cálculo de oxalato de cálcio no organismo, visa fomentar nos alunos o desejo em conhecer a química que esta presente por trás da formação desses cristais, ocasionado na maioria das vezes pela ingestão de alimentos que aparentemente são inofensivos. Dentre esses alimentos está à carambola, fruto da caramboleira, uma árvore de origem asiática bastante cultivada no Brasil. Seu fruto pode ser consumido in natura ou industrialmente na forma de compotas, geleias, vinhos, passas, doces e sucos e etc. (NUNES et al. 2015). Embora seja um fruto rico em vitamina A e C, possui um alto teor de ácido oxálico, que quando ingerido em grandes quantidades pode causar a formação de cálculos renais compostos por Oxalato de Cálcio. Nesse sentido o presente trabalho objetivou desenvolver um experimento contextualizado de equilíbrio químico heterogêneo (precipitação) a partir do suco da carambola.

Material e métodos

O projeto foi realizado em uma Escola pública no município de Parintins/AM. O trabalho foi direcionado para os alunos do 2° ano do Ensino Médio, em acordo com a grade curricular do ensino de Química. Um total de 21 estudantes participou das atividades. Os trabalhos tiveram inicio com a preparação dos testes de obtenção do Oxalato de Cálcio (CaC2O4) no laboratório de Química da UEA de Parintins, para que em seguida, fossem repetidos os mesmos procedimentos com os alunos da escola. E assim o desenvolvimento do projeto na escola foi dividido em duas partes, com a primeira sendo a parte contextual e a segunda laboratorial. Na primeira etapa do trabalho foi realizada uma aula expositiva voltada para recapitular alguns conceitos de equilíbrio químico, e mostrar os processos biológicos de formação de cálculos renais no organismo. Foram demonstradas algumas reações químicas envolvidas na formação dos cálculos renais e foram aplicados formulários com perguntas abertas e fechadas, visando medir o grau de conhecimentos dos alunos sobre os assuntos abordados. A parte prática do projeto consistiu em desenvolver um experimento de precipitação do Oxalato de Cálcio (CaC2O4 ). Esse processo químico foi realizado a partir da reação do Ácido Oxálico (C2H2O4) presente no suco da carambola, com uma solução de Cloreto de Cálcio (CaCl2). Os testes foram realizados tanto pela mistura direta do suco com a solução de Cloreto de Cálcio, quanto partindo de uma neutralização prévia do ácido com Bicarbonato de Sódio (NaHCO3).

Resultado e discussão

No desenvolvimeto do experimento, buscou-se realizar a reação apresentada na figura 1. para tanto, testou-se as situações com e sem a neutralização prévia do ácido oxálico. As mesmas podem ser usadas depois para discutir com os alunos a formação do sólido em meio biológico, explicando por exemplo o porquê da precipitação não ocorrer no estômago A apresentação inicial de revisão de equilíbrio e contextualização foi realizada para apresentação do tema. Após sua realização, foi entregue aos alunos o formulário com questões abertas e fechadas, com perguntas pertinentes ao assunto abordado em sala de aula. Para a primeira questão, "Antes dessa aula, você já tinha conhecimento sobre a formação de cálculo renal no organismo?", 18 dos 21 estudantes responderam não. Na mesma linha, apenas 1 dos estudantes citou conhecer sobre a toxicidade da carambola.Foi unânime a importância atribuída pelos alunos sobre se ter conhecimentos sobre alimentos que podem ocasionar possíveis danos a saúde. Pode-se identificar também a vontade dos estudantes em ter mais aulas experimentais e que eles acham importante relacionar os conteúdos de sala de aula ao cotidiano. mostraram que a associação dos conteúdos de química com os conhecimentos do cotidiano através da experimentação são motivadores para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem mesmo quando não se sabe tanto a respeito do assunto associado. Essa perspectiva de ensino faz com que os alunos se sintam mais a vontade para participar ativamente das aulas, ainda mais porque, se estabelece uma relação dos alunos com o conhecimento, melhorando também a relação intrapessoal entre professor e o aluno ( MORTIMER 2002, apud., BEVILACQUA e SILVA 2007).

Figura 1 - Reações envolvidas na Precipitação do oxalato de cálcio



Conclusões

O presente trabalho demonstrou a utilidade da experimentação como estratégia didática para o ensino de química, confirmando que seu uso facilita o trabalho do professor, despertando no aluno o interesse pelos conhecimentos que estão além dos meros saberes teóricos. Assim, a aula torna-se mais atrativa aos alunos e ainda mostra que a disciplina de química não precisa estar isolada das outras e dissociada do cotidiano de cada indivíduo, não sendo restrita a realização de cálculos, demonstração de fórmulas e reações de um modo tecnicista.

Agradecimentos

Ao Centro de Estudos Superiores de Parintins - CESP/UEA

Referências

BENEVIDES, CLÍCIA MARIA DE JESUS. Fatores antinutriciona is em alimentos. Revisão. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 2.ed 67-79, 2011.

BEVILACQUA, GABRIELA DIAS; COUTINHO-SILVA, ROBSON. O Ensino de Ciência na 5a série através da experimentação. Ciência & Cognição. Artigo Científico. v.10: 84-92. Rio de Janeiro, 2007.

BOZZINI L. ALVES. Estudos sintéticos visando à preparação da caramboxina, uma -aminoácidocom potencial atividade biológica. 2. Ed. Ribeirão Preto, SP: 2015.

DIEHL, ASTOR ANTÔNIO; TATIM, DENISE CARVALHO. Pesquisa em Ciências Sociais Aplicados: Métodos e Técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004.

GÁRCIA MÁRQUES, N. Quiero aprender, dame una oportunidade, Gedisa Ed. Barcelona, 1997.

KARINE RADUNZ et. al. Caneca de bolo como ferramenta para o ensino de estequiometria. 34 encontros de debates sobre o ensino de química (EDEQ), Universidade de Santa Cruz do Sul, out. 2014.

LUCIANA, A. NAVARRO. Caracterização dos cristais de oxalato de cálcio nas partes reprodutivas e vegetativas aéreas de Ilex paraguariensis A. St. Hil. (Aquifoliaceae). Revista Brasileira de Biociências. Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 762-764, jul. 2007.

Maifrede, EDUARDO BRAVIM. Estudo das fases de pedras de rins de oxalato de cálcio monohidratado e determinação de uma nova forma polimórfica. Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Exatas Departamento de pós-graduação em Física- a titulação de mestre-Vitória, 2011.

MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa crítica. Instituto de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS, Porto Alegre, 2010.

NUNES, J. S. Vida útil pós-colheita das carambolas submetidas a diferentes tratamentos. Gaia Scientia. Universidade Federal de Campina Grande-UFCG, v. 9, dez. 2015.

SANTOS, WILDSON LUIZ PEREIRA; SCHNETZLER, ROSELI PACHEO. Educação em Química: Compromisso com a Cidadania. 4ª edição. Ed. Unijuí, 2010.

TATIANA ENGEL GERHARDT; DENISE TOLFO SILVEIRA. Métodos de pesquisa. Coordenado pela Universidade Aberta do Brasil- UAB/UFRGS e pelo Curso de graduação Tecnológica- Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS- Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. p. 32.

Patrocinadores

CapesUFMA PSIU Lui Água Mineral FAPEMA CFQ CRQ 11 ASTRO 34 CAMISETA FEITA DE PET

Apoio

IFMA

Realização

ABQ