APLICAÇÃO DO MÉTODO JIGSAW PARA O ESTUDO DO CONTEÚDO SOLUÇÕES QUÍMICAS: uma investigação sobre a proposta aplicada

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Ferreira, F.C.S. (UEMA/UAB CODÓ) ; Santos, F.A.S. (IFMA/CAMPUS CODÓ) ; Cantanhede, L.B. (IFMA/CAMPUS CODÓ) ; Cantanhede, S.C.S. (UFMA/CAMPUS CODÓ)

Resumo

A aprendizagem cooperativa se apresenta com característica de natureza social, através da interação entre estudantes ao compartilharem suas ideias, até chegarem a um entendimento individual e coletivo. Essa característica pode contribuir para a melhoria do processo de ensino aprendizagem. Nesse sentido, este trabalho apresenta a utilização do método cooperativo de aprendizagem Jigsaw, no formato de oficina para o conteúdo químico soluções, em uma turma do 2º ano do ensino médio. A eficiência do método foi analisada a partir da aplicação de questionários em formato Likert. Os resultados demonstram que, aproximadamente, 73% das respostas dos alunos confirmam como positiva e eficiente a utilização do método Jigsaw, no formato de oficina, como ferramenta de aprendizagem.

Palavras chaves

Aprendizagem cooperativa; Jigsaw; Soluções

Introdução

O estudo a respeito da aprendizagem cooperativa teve início a partir da década de 1970, onde Johnson, Johnson e Stanne a tratam como uma das áreas que fomentam a aprendizagem através da relação entre teoria, prática e investigação em educação. Este modelo é baseado na formação de grupos, que ao trabalharem em conjunto ampliam a condição de aprendizagem coletiva e individual (JOHNSON; JOHNSON; HOLUBEC, 1999). Diversos métodos cooperativos foram desenvolvidos e são objetos de extensa investigação. Destacam-se, entre outros, o TGT (Teams-Games-Torunament), a Instrução Complexa, o STAD (Student Teams Achievement Division) e o Jigsaw. Cada método caracteriza-se pela sua peculiaridade e a escolha depende do objetivo e da disciplina em que será ministrada (COCHITO, 2004). O método Jigsaw, por exemplo, baseia-se em perspectivas motivacionais. A sua organização parte formação de grupos e o conteúdo é distribuído entre os participantes de cada grupo. Cada componente do grupo é orientado a estudar apenas a sua parte do conteúdo. Os alunos dos grupos que possuem os mesmos conteúdos, reúnem-se em um novo grupo, no qual estudam e debatem o mesmo conteúdo em conjunto. Após discutirem os seus assuntos, os integrantes de cada grupo retornam aos seus grupos iniciais, apresentando o conteúdo discutido para os outros membros. Ao final, todos os alunos aprendem todos os conteúdos (ARONSON; PATNOE, 1997). Neste trabalho, foi aplicada uma oficina utilizando o método Jigsaw, como ferramenta de aprendizagem para o conteúdo químico Soluções, parte integrante da disciplina de química no 2º ano do Ensino Médio, avaliando ao final da oficina a percepção dos alunos sobre a utilização do método Jigsaw como ferramenta do processo de ensino aprendizagem.

Material e métodos

A aplicação do método cooperativo de aprendizagem Jigsaw, com a aplicação de oficina, em uma turma do 2º ano do ensino médio de uma escola da rede pública, foi baseado no trabalho de Ferreira,Cantanhede e Cantanhede (2017), com o intuito de avaliar a utilização do método como ferramenta de aprendizagem para conteúdos químicos. O planejamento da proposta foi mediado em parceria com professor da disciplina e orientado segundo o plano de aula e roteiro de atividades. A oficina ocorreu durante um único encontro, com 2 horas/aula, considerando a abordagem do conteúdo soluções químicas, com ênfase nos diferentes tipos de dispersões (Suspensão, Solução e dispersão Coloidal) e na classificação das soluções em: Solução Iônica e Solução Molecular. A formação dos grupos foi realizada considerando o critério de heterogeneidade dos alunos. Para a identificação do perfil de cada aluno, contou-se com a ajuda da professora encarregada pela disciplina, levando em consideração os pressupostos para a aplicação do método: habilidade com a escrita, facilidade ao se expressar e capacidade de intermediar conflitos (ARONSON; PATNOE, 1997). Ao término da oficina, a proposta foi avaliada através da aplicação de um questionário composto por 10 afirmativas para respostas no formato Likert. A escala Likert utilizada foi de 5 graus de concordância: A = Concordo Totalmente, B = Concordo, considerados neste trabalho como índices positivos e C = Indeciso, D = Discordo, E = Discordo Totalmente, considerados como índices negativos. Os resultados obtidos foram tabelados e submetidos a tratamento estatístico baseado nas frequências absolutas e relativas das repostas dos alunos. Essa forma de tabulação das respostas possibilita uma compreensão de forma geral, não apenas de dados isolados(MONTEIRO, 1999).

Resultado e discussão

As informações contidas no questionário apontam para resultados satisfatórios no que se refere a aprovação dos alunos quanto a aplicação da proposta, evidenciando o fator inovador da prática como ferramenta de ensino. O Quadro 1 apresenta as informações acerca das frequências absolutas e acumuladas para o questionário aplicado.Os maiores índices de respostas obtidos se encontram nas classes A e B, com percentual de frequência acumulada em torno de 73%. Um indicador positivo que caracteriza a aceitação dos alunos quanto a viabilidade do método, ao proporcionar novas situações que possam vir a favorecer o processo de aprendizagem. As demais classes apresentaram índices relativamente baixos, como o número de indecisos que ocorreu em cerca de 4% das respostas. O Quadro 2 apresenta o detalhamento analítico para cada afirmativa do questionário aplicado.Para Vieira (2000) o trabalho em grupo favorece os alunos, ao criar formas de interdependência, o que os torna responsáveis pela aprendizagem dos outros membros. Os dados da primeira afirmativa (n1), apresentou níveis de concordância em torno de 96% das respostas, indicando que os alunos entenderam e vivenciaram a interdependência. Alunos com competências sociais trabalham juntos, passando a ter a consciência de que o grupo é uma célula, base de uma organização em sala de aula, baseada na cooperação e solidariedade (COCHITO, 2004). Segundo Barbosa, Jófili e Watts(2004), no desenvolver da atividade, os alunos ao compreenderem suas responsabilidades dentro do grupo, assumem o compromisso de desenvolver cada papel, cumprindo suas atribuições. Esse entendimento é evidente por parte dos alunos nas respostas atribuídas às afirmativas n7, n8 e n9, que tiveram indicadores positivos de 100%, e, portanto, não havendo índices discordantes

Quadro 1:

Frequências acumulada e absoluta das respostas dos alunos para o questionário de avaliação da proposta.

Quadro 2:

Respostas dos alunos para o questionário de avaliação da proposta.

Conclusões

As constatações e impressões obtidas no decorrer do desenvolvimento do método, apontam para uma efetiva participação dos alunos ao trabalharem de forma mais independente, apreciando a forma didática de realização das tarefas e em cooperação com os demais colegas, aprovando a oficina de maneira satisfatória, uma vez que grande maioria opinou como favorável a utilização do método no processo de ensino. A satisfação e vontade dos alunos em participarem novamente em atividades dessa natureza, demonstra um fator motivacional, que representa um dos preceitos da aprendizagem cooperativa.

Agradecimentos

Ao IFMA/Campus Codó, a UFMA/Campus Codó e ao Grupo de Pesquisa em Ensino de Química do Maranhão – GPEQUIMA.

Referências

ARONSON, E.; PATNOE, S. The jigsaw classroom: building cooperation in the classroom. Educational Publishers Inc, 1997.
BARBOSA, R.; JÓFILI, Z. e WATTS M. Cooperating and constructing knowledge: Case studies from Chemistry and Citizenship. International Journal of Science Education, v.26, n.8, p. 935-949, 2004.
COCHITO, M. I. G. S. Cooperação e Aprendizagem: educação intercultural. Lisboa: ACIME, 2004.
FERREIRA, F. C. S.; CANTANHEDE, L. B.; CANTANHEDE, S. C. S. Uma Estratégia Didática no Formato de Oficina para o Ensino do Conteúdo Soluções Químicas a Partir do Método Cooperativo de Aprendizagem Jigsaw. Conexões - Ciência e Tecnologia, v. 11, n. 6, p. 114-123, dec. 2017.
JOHNSON, D. W.; JOHNSON, R. T.; HOLUBEC; E. J. El aprendizaje cooperativo en el aula. Buenos Aires: Paidós, 1999.
MONTEIRO, C. E. F. Interpretação de Gráficos: Atividade social e conteúdo de ensino. ANPED, 22ª, 1999.
VIEIRA, P. N. B. Estratégias Alternativas de Ensino-Aprendizagem na Matemática: estudo empírico de uma intervenção com à aprendizagem cooperativa, no contexto do ensino profissional. Dissertação – Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, 2000.

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