Ambientes não formais de educação: Uma análise interdisciplinar sobre a importância e influências da inserção de licenciandos em química no CRIAAD

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Esteves, F.M.F.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA) ; Souza, R.O. (INSTITUTO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)

Resumo

O presente resumo é uma análise da situação da formação docente atual ao que tange sua introdução em ambientes não formais de educação. A finalidade gira em torno de que se tenha um êxito positivo na introdução do ensino da química em locais ainda considerados atípicos pelos docentes da área. O trabalho foi desenvolvido a partir de relatos dos licenciandos em química do IFRJ campus Duque de Caxias, numa experiência de inserção no CRIAAD (Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente), com jovens em cumprimento de medida socioeducativa e situação de semiliberdade. Resultados demonstraram a urgência de se dialogar políticas de readaptação, ordenação e formação do docente para que o mesmo atue eficientemente em diversos espaços.

Palavras chaves

Formação de Professores; Ensino de Química; Ciências Sociais

Introdução

A formação de professores e o exercício da docência implica em diversos desafios diários, principalmente quando estão ligados à prisão que se tem a modelos tradicionais de formação, metodologia e ambiente (LÜDKE e BOING, 2012; JACOBUCCI, 2008). Resultado disso, segundo Conde et. al. (2013), é o despreparo desses profissionais para novas práticas que procuram alfabetizar cientificamente seus alunos, e também os “pré-conceitos” de educação em locais que fogem da tradicional sala de quatro paredes de uma escola. Com isso, pode-se discutir sobre a importância de levar os licenciandos a ter experiências em ambientes não-formais, para uma potencialização da sua formação e também para a utilização de seus conhecimentos teóricos acerca dos assuntos de ciência e seu poder, em potencial, de transformação social. Levando em conta que a educação pressupõe “uma atuação de um conjunto geracional com outro mais jovem, ou, com menor domínio de conhecimentos ou práticas, na direção de uma formação social, moral, cognitiva, afetiva, num determinado contexto histórico” (GATTI, 2016), é válido reconhecê-la como um importante agente também na ressocialização de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. Com base nisso, na virtualidade de aprendizagens ao licenciando e nas decorrentes histórias de rupturas e abandono escolar por parte desses jovens infratores, este trabalho busca analisar e discutir os resultados e influências que a inserção, ainda que breve, de futuros professores de química num Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (CRIAAD) localizado em Duque de Caxias/RJ para realizar atividades com adolescentes em condição de restrição de liberdade.

Material e métodos

Dentro de uma hierarquia acadêmica encontrada no ambiente educacional no geral, a ideia desse trabalho é iniciada a partir da observação e conclusão de que há uma certa urgência em dar legitimidade a relatos de alunos que estão em processo de formação, tendo poucos trabalhos baseados em seus relatos. Logo, entende-se a necessidade de adaptar a metodologia e o material usado nesse trabalho em forma de legitimar a visão dos futuros professores que se depararam com uma realidade bem divergente da qual acharam que encontrariam em seu espaço de ação. A base que do relato, se deu a introdução dos professores em formação no CRIAAD Duque de Caxias, que faz parte do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (DEGASE), através de disciplinas ofertadas no curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) campus Duque de Caxias, no qual foi oportunizada a inserção dos licenciandos nesse espaço não-formal de educação, para levar atividades que propiciam ensino-aprendizagem sobre diversos assuntos, assim como diálogos, discussões e desconstruções de ambos os lados. Assim foi levantado um material de análise, a partir de relatos desses alunos em processo de formação, que concluíram, através da prática no ambiente não-formal de ensino, que existe uma necessidade latente de diálogo e reajuste em seus próprios processos de introdução e formação nesses espaços.

Resultado e discussão

A partir da análise de relatos e da proximidade do tema na qual todo esse processo nos privilegiou, percebe-se a falta de adesão das instituições de ensino superior, de pluralizar seus ambientes de atuação, mantendo uma lógica culturalmente arcaica de introdução de licenciandos em ambientes perpetuamente vistos como símbolos de educação. É percebido que, por falta de diálogo da Química com outros campos de saberes que tem a sociedade e sua pluralidade como objeto de estudo, perpetua-se uma lógica baseada em preconceitos ideológicos e sociais - historicamente introduzidos pela lógica de quem detém o saber científico-, que afastam ainda mais os futuros professores dos ambientes nos quais mais deveriam introduzir a formação educacional, a fim de que se readapte os indivíduos que estão em situação de restrição de liberdade e que abra as visões desses alunos para que empoderem em si, a capacidade de ampliarem suas perspectivas perante suas respectivas vidas. Devido a isso, discute-se a relevância de ações como essa na formação de professores pois, com base nos relatos, há também toda a aprendizagem que tais experiências ocasionaram nos estudantes, que puderam exercer um papel de mediador de conhecimento com pessoas reais, de diferentes escolaridades e, muitas vezes, com histórico de abandono escolar. Além de ocasionar uma desconstrução de preconceitos com aquele local e aqueles jovens e prepará- los para a vivência docente em diferentes ambientes. Com base nos resultados apresentados acima, a discussão é direcionada para a importância da interdisciplinaridade no contexto educacional, para que o diálogo explore campos nos quais o estudo da Química, isoladamente, não tem acesso a informações que possam vir a ser úteis no processo de construção de um ensino mais eficiente.

Figura 1

Licenciandos e adolescentes do CRIAAD interagindo na aplicação da atividade.

Figura 2

Licenciandos e adolescentes do CRIAAD interagindo na aplicação da atividade.

Conclusões

Por fim, as conclusões que se atinge após essa discussão, tateiam a urgência de uma formação docente de qualidade, que tenha comprometimento do fazer entender, fazer criticar e formar cidadãos. Além da produção de métodos de saberes que contemplem a pluralidade cultural presente no nosso país, para que enfim, o ensino da Química seja finalmente democratizado e a informação seja amplamente alcançada pela sociedade como um todo.

Agradecimentos

A professora Gabriela Salomão, que propôs as inserções dos estudantes no CRIAAD, aos funcionários e servidores do Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (CRIAAD) Duque de Caxias, ao IFRJ e UFJF.

Referências

CONDE, T.T.; MENDES, L. L.; BAY, M. Utilização de metodologias alternativas na formação dos professores de biologia no IFRO - campus Ariquemes. Revista Labirinto, v.13, n.18, p. 139-147, 2013.
GATTI, B. A. Formação de professores: Condições e problemas atuais. Revista Internacional de Formação de Professores (RIPF) - Vol. 1, n° 2, p. 161 - 171, 2016.
JACOBUCCI, D. F. C. Contribuições dos espaços não formais de educação para a formação da cultura científica. Em extensão, Uberlândia, v.7, 2008.
LÜDKE, M.; BOING, L. A. Do trabalho à formação de professores. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, v. 42, n. 146, p. 425-451, maio/ago. 2012.

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