A importância do conhecimento químico para a vida em sociedade: Concepções de alunos do 3º ano do Ensino Médio

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Barbosa Júnior, A.S. (UEPA) ; Lopes, D.P. (UEPA) ; Silva, L.P. (UEPA)

Resumo

Este trabalho objetivou analisar as contribuições das aulas de Química para a formação cidadã de alunos do 3º ano do Ensino Médio. A pesquisa baseou-se num estudo exploratório por meio de análise de conteúdo de questionários aplicados para 31 alunos do 3º ano do Ensino Médio, em Salvaterra-PA. 74,20% dos alunos relacionou a importância de se estudar Química à compreensão de fenômenos da natureza; 22,58% ao entendimento de situações cotidianas; e apenas 3,22% considera sem relevância estudar química, elencando: “pois não tenho muita afinidade com a matéria” (aluno 21). O professor deve trabalhar de forma mais contextualizada e interdisciplinar para que os conhecimentos químicos façam sentido no contexto do aluno.

Palavras chaves

Contexto do Aluno; Ensino de Química; Formação Cidadã

Introdução

O ensino de Química, segundo Assis, Schmidt e Halmenschlager (2013), tem acontecido, geralmente, de modo que o conhecimento cientifico abordado não tem relação com o contexto sociocultural do aluno, colaborando para um entendimento distorcido de alguns fenômenos e situações. A função primordial da educação básica do Brasil é mostrar a importância do conhecimento científico, conforme estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, na qual a escola deve ser compreendida como espaço de produção de saberes (BRASIL, 1996). Neste caso, Balica et al. (2016) incluem o ensino de Química como importante agente desse processo de formação de indivíduo crítico e apto a se situar frente a situações que associem os conceitos referentes à Química com as experiências em sociedade. Além disso, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio dão importância para o tratamento de temas sociais, como estratégia de promover uma educação que articule o conhecimento prévio do aluno e o conhecimento científico (BRASIL, 2006). Defende-se uma abordagem de temas do cotidiano como uma efetiva possibilidade de contextualização dos conhecimentos químicos, tornando-os socialmente mais relevantes. Apesar disso, Santos e Mortimer (1999), Nunes e Ardoni (2010) e Sales e Batinga (2017) citam que a implementação da contextualização no ensino tem sido um desafio para os professores de Química, isso se deve especialmente ao fato de que a formação inicial da maioria deles não teve como objetivo práticas contextualizadas e interdisciplinares. Partindo desse pressuposto, objetivou-se analisar as contribuições das aulas de Química para a formação cidadã de alunos do 3º ano do Ensino Médio, em Salvaterra, compreendendo sua realidade de ensino de Química, e verificando estratégias auxiliadoras.

Material e métodos

TIPO DE PESQUISA, PÚBLICO-ALVO E LÓCUS DE ESTUDO: A pesquisa baseou-se num estudo exploratório por meio de análise de conteúdo (MORAES, 1999; BARDIN, 2011) de questionários aplicados para 31 alunos do 3º ano do Ensino Médio pertencentes a uma escola de Ensino Médio Regular e uma escola de Ensino Médio integrado com Ensino Técnico, ambas as instituições estão situadas no munícipio de Salvaterra, Ilha de Marajó – Pará. QUESTIONÁRIO: O questionário utilizado na sondagem continha cinco perguntas discursivas a respeito da importância da Química para os interesses sociais, algumas acompanhadas de figura ilustrativa ou manchete, de modo a servir de base/contexto para cada enunciado. A parte textual das perguntas era o seguinte: “1. Você considera importante estudar Química? Por quê?” “2. ‘A Ciência não tem sentido senão quando serve aos interesses da humanidade’. Com base nessa afirmação, você considera que a Química é importante para os interesses sociais? Justifique.” “3. Explique o motivo da descoberta do fogo ter importância fundamental para o desenvolvimento de nossa civilização.” “4. ‘Fim da resistência? Novo composto pode impedir que bactérias causem doenças. Estados Unidos, 2018’. Como podemos perceber na manchete acima, a Química é uma importante aliada no âmbito da saúde mundial. Dê exemplos de outras contribuições dessa Ciência para a medicina.” “5. Você considera a Química como vilã ou aliada no combate aos problemas ambientais?”

Resultado e discussão

A partir das respostas dos alunos dadas ao questionário a respeito da importância de se estudar Química (Figura 1), pôde-se criar três subcategorias: 74,20% dos alunos relacionou à compreensão de fenômenos da natureza; 22,58% ao entendimento de situações cotidianas; e apenas 3,22% considera sem relevância estudar química, justificando o seguinte: “pois não tenho muita afinidade com a matéria” (aluno 21). Esse dado está de acordo com Nunes e Ardoni (2010), que dizem que a falta de interesse do aluno pelo conteúdo trabalhado em sala de aula está relacionado com a falta da relação com a importância desse para sua vida cotidiana. Para a segunda categoria (Figura 2), os alunos foram unânimes em considerar a grande contribuição da Química para os interesses da sociedade, onde se dividem em cinco pontos principais: 54,52% relaciona ao desenvolvimento CT; 25,82% a resolução de problemas diários; 3,22% considera que tal conhecimento serve somente aos profissionais da Química; 3,22 à descoberta de curas para doenças; e 3,22% a outras contribuições. Na última questão, 61,30% considera a Química como aliada ao combate de problemas ambientais, "porque em muitos casos essa Ciência busca soluções para acabar com problemas que ocorrem na sociedade" (Aluno 12); 22,58% considera um meio termo; e 16,12% cogita-a como vilã, desse último grupo a principal justificativa é que essa Ciência é responsável por produzir substâncias tóxicas (“produtos com muita química”) e contaminar o meio ambiente. Peruzzo e Canto (2010) consideram incorretas ideias como essa, pois confundem o significado dessa Ciência tão importante com substância tóxica ou com algo maléfico para a saúde.

Figura 1

Respostas dos alunos a respeito da importância de estudar Química (questão 1).

Figura 2

Importância da Química para os interesses sociais na percepção dos alunos (questão 2).

Conclusões

Por meio de algumas respostas ainda carecendo de criticidade obtidas dos alunos, considera-se que o ensino de Química precisa ser melhor trabalhado e sua importância social deve ser abordada, durante as aulas, para que os alunos não vejam essa disciplina apenas como informações que serão úteis somente no ambiente escolar, como para passar numa prova. É preciso, portanto, ensinar de modo mais contextualizado e interdisciplinar para que os conhecimentos químicos façam sentido no contexto do aluno; para que ele desenvolva competências de resolver situações problemas que surgem na sociedade.

Agradecimentos

Aos alunos participantes desta pesquisa; aos professores; e a direção das respectivas escolas, lócus de estudo.

Referências

ASSIS, L. M.; SCHMIDT, A. M.; HALMENSCHLAGER, K. R. Abordagem de temas sociais no Ensino de Química: compreensões de professores, 23 f. 2013. Trabalho de Conclusão de Curso (em formato de artigo) (Graduação em Ciências Exatas) -Universidade Federal do Pampa – Campus Caçapava do Sul, 23 f., 2013. Disponível em: <http://cursos.unipampa.edu.br/cursos/cienciasexatas/files/2014/06/Lisiane-Morais-de-Assis.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2018.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares para o ensino médio: Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília, 2006.

________. Casa Civil. Lei Nº. 9.394, de 20 de janeiro de 1994. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996.

MORAES, R. Análise de conteúdo. Revista Educação, Porto Alegre, v. 22, n. 37, p. 7-32, 1999.

NUNES, A. S. ; Adorni, D.S . O ensino de química nas escolas da rede pública de ensino fundamental e médio do município de Itapetinga-BA: O olhar dos alunos.. In: ENCONTRO DIALÓGICO TRANSDISCIPLINAR, 1., 2010, Vitória da Conquista. Anais... Vitoria da Consquista: UESB, 2010. Disponível em: < http://www.uesb.br/recom/anais/artigos/02/O%20ensino%20de%20qu%C3%ADmica%20nas%20escolas%20da%20rede%20p%C3%BAblica%20de%20ensino%20fundamental%20e%20m%C3%A9dio%20do%20munic%C3%ADpio%20de%20Itapetinga-BA%20-%20O%20olhar%20dos%20alunos.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018.

PERUZZO, F. M.; CANTO, E. L. Química na abordagem do cotidiano: Química Geral e Inorgânica. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2010.

SALES, A. B. V. M.; BATINGA, V. T. S. Sequência didática baseada na resolução de problemas para a abordagem de cinética química. Experiências em Ensino de Ciências, Cuiabá, v. 12, n. 6, 201-2018, 2017. Disponível em: <http://if.ufmt.br/eenci/artigos/Artigo_ID412/v12_n6_a2017.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2018.

SANTOS; W. L. P.; MORTIMER, E. F. Dimensão social do ensino de Química: um estudo exploratório da visão de professores. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 2., 1999, Valinhos. Anais... Valinhos: ABRAPEC, 1999. Disponível em: <http://fep.if.usp.br/~profis/arquivos/iienpec/Dados/trabalhos/A57.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2018.

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