EFEITO DO EXTRATO DAS FOLHAS DE MONTRICHARDIA LINIFERA (ARRUDA) SCHOTT (ARACEAE) CONTRA O SCHISTOSOMA MANSONI

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Lima, C.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Andrade, D.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Moreira, G.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Miranda, J.A.L. (UFC) ; Moraes, J. (UNG) ; Andrade, I.M. (UFPI) ; Leal, A.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Rocha, J.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)

Resumo

A esquistossomose é uma doença causada por vermes é comum em comunidades rurais de baixa renda e tem sido relativamente negligenciado por pesquisadores médicos. O tratamento químioterapico da esquistossomose é baseado no uso de apenas um medicamento, praziquantel, mas seu uso extensivo tem causado resistencia do verme. Portanto necessita-se do desenvolvimento de novas alternativas terapeuticas, principalmente com uso de produtos naturais. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antischistosoma apartir do extrato bruto de M. linifera. A avaliação foi feita através do estudo in vitro de esquistossomos adultos. O referido extrato em concentrações relativamente baixa apresentou ação contra os esquistossomos bastante satisfatoria comparados ao outro candidatos a farmaco ja existente.

Palavras chaves

Anti-Schistosoma mansoni; Montrichadia linifera; Produtos naturais

Introdução

São chamadas de plantas medicinais toda espécie vegetal que possui substâncias que ajudam no tratamento ou até mesmo na cura de algumas doenças, dessa forma, as plantas medicinais apresentam características que proporcionam fins terapêuticos. Esses conhecimentos empíricos do poder dessas plantas vêm sendo descobertos e usados desde muito tempo (GIRALDI e HANAZAKI, 2010). Montrichardia linifera (Arruda), conhecida como Aninga, pertence à família Araceae, monocotiledôneas herbáceas (HAIGH et al., 2009). Esta espécie é de origem nativa brasileira, porém não é endêmica (COELHO et al, 2015). Esta espécie possui tradição etnofarmacológica no Brasil (AMARANTE et al., 2010) A esquistossomose mansônica é uma endemia de veiculação hídrica causada pelo helminto Schistosoma mansoni que acomete principalmente os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, pelo fato de sua relação com condições higiênicas precárias ou inadequadas, sua abrangência se dá especialmente em comunidades rurais, com expansão para os centros urbanos (SANTOS; MELO, 2011). Segundo Moraes (2012) e WHO (2017) essa patologia é considerada um problema de saúde pública e também, com relação à mortalidade e morbidade torna-se uma das mais importantes infecções humanas causadas por helmintos, sendo um caso de preocupação mundial, calcula-se que o número de pessoas infectadas seja superior a 200 milhões e que 779 milhões estão em risco de infecção, resultando em 280 mil mortes por ano. Atualmente o tratamento químioterapico da esquistossomose é baseado no uso de apenas um medicamento, praziquantel, porem o verme ja mostra resistencia a essa medicação. (DOENHOFF 2008). Portanto o objetivo principal deste trabalho foi buscar novas alternativas no combate a esses vermes através de extratos de Montichardia linifera.

Material e métodos

Para a preparação dos extratos foram coletadas as folhas de Montrichardia linifera. Uma parte das folhas foram mantida in natura e a outra passou pelo processo de desidratação em estufa a 40º C. Em seguida, as duas amostras da planta foram trituradas. Estas foram utilizadas, posteriormente, na etapa extração e obtenção dos extratos (ARAÚJO et al., 2014). Foram utilizados dois solventes de extração, o metanol e o etanol, segundo Parekh et al., 2005. Pesou-se à duas porções de 10 gramas de material vegetal seco para a extração com metanol e etanol, sendo utilizados 100 mL de cada solvente, o mesmo processo foi feito com o material vegetal fresco. Foram submetidas à agitação por 24 horas e logo após foi feito a filtração e armazenadas em frascos âmbar. Ao final obteve-se quatro extratos (Extrato Etanol Seco - EES, Extrato Etanol Fresco - EEF, Extrato Metanol Seco - EMS, Extrato Metanol Fresco – EMF). Pares adultos de Esquistossomos (macho e fêmea) foram incubados em uma placa de cultura de 24 poços (Plastic Techno Produtos, TPP, St. Louis, MO, EUA) contendo o mesmo meio suplementado com 10% de soro fetal. Após 1 a 2 h, o alcaloide foi adicionado à cultura, obtendo-se uma concentração de droga final de 25-200 μg/mL. A droga foi adicionada à cultura a partir de 4000 μg/mL de umas solução de reserva em meio RPMI 1640 contendo dimetil sulfóxido (DMSO). O volume final em cada poço foi de 2mL. O controle foi feito com os vermes em meio RPMI 1640 e RPMI 1640 com 0,5% de DMSO com o grupo controle negativo e 5μg/mL de praziquantel como grupo controle positivo. Os parasitas foram mantidos durante 120 horas e monitorados a cada 24 h utilizando microscópio de luz para avaliar seu estado geral: atividade motora e taxa de mortalidade (DE MORAES et al., 2011).

Resultado e discussão

Nos ultimos dias, o desenvolvimento de novos medicamentos a partir de produtos naturais para as doenças negligenciadas, incluindo a esquistossomose, foi altamente encorajado (VERAS et. al. 2012). Os ensaios de atividade anti-helmínticos contra S. mansoni em todos os extratos (EES, EEF, EMS, EMF) evidenciaram uma atividade positiva e potente a uma concentração de 100 ug/mL, matando 100% dos vermes após 72 horas de incubação. Além disso teve uma significante redução da atividade motora em 100% dos vermes (Tabela 01). Os resultados são promissores pois estamos testando apenas extratos brutos da planta, que podem contar muitas substancias além do princípio ativo que gerou esta atividade. A avaliação nos extratos (EES, EEF, EMS, EMF), pode-se perceber que há uma diferença entre a redução da atividade motora dos vermes macho e fêmea, onde a fêmea apresenta uma maior resistencia aos extratos testados. Além dos outros extratos, pode-se perceber essa diferença no EEF na concentração 200 µg/mL, nas primeiras 24 hora de teste pode-se observar a morte do esquistossomo macho e redução da atividade motora de 10% da fêmea e após as 48 horas o extrato combateu 100% os dois vermes tanto o macho como a fêmea. Estudos de MORAES et al., 2012 e VERAS et. al. 2012 onde realizaram estudos anti-Schistosoma de outras substancias, também encontraram valores semelhantes ao nossos, apesar de usarem substancias isoladas. No entanto necessita-se saber quais compostos químicos presentes nas folhas de M. Linifera estão apresentando essa atividade biológica.

Figura 1.

Efeito do extrato das folhas de Montrichardia linifera (Arruda) Schott (Araceae) contra o Schistosoma mansoni adulto.

Conclusões

Através dos resultados obtidos, concluiu-se que a atividade dos extratos (EES, EEF, EMS, EMF) da folha de Montrichardia linifera mostrou-se bastante promissora contra Schistosoma mansoni, levando em consideração que foi testado apenas o extrato bruto e que podem conter muitas substancias além do princípio ativo que gerou esta atividade.

Agradecimentos

Referências

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