AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA CIRCADIANA NO RENDIMENTO E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ÓLEO ESSENCIAL DE MYRCIA SPLENDENS (SW.) DC. OBTIDOS POR HIDRODESTILAÇÃO E ARRASTE A VAPOR

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Anjos, T.O. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Pereira, S.F.M. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Silva, S.H.C.N. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Sousa, E.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Moraes, A.A.B. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Nascimento, L.D. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Cascaes, M.M. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI) ; Pinheiro, R.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Andrade, E.H.A. (MUSEU PARAENSE EMILIO GOELDI)

Resumo

Myrtacea é uma das famílias botânicas da flora brasileira que merecem destaque por apresentar gêneros como o Myrcia, que são produtores de Óleo Essencial, estes são oriundos de metabolitos secundários que ficam armazenados em bolsas secretoras e podem ser obtidos de diversas partes da planta. No entanto, as condições ambientais e técnicas de extração podem influenciar no rendimento e composição química desses Óleos, com base nisso o presente trabalho buscou avaliar a influência circadiana rendimento e composição química do OE obtido por Hidrodestilação e Arraste a Vapor. O maior teor de óleo essencial das folhas de Myrcia splendens foi obtido por arraste a vapor e a constituição quimica sofreu influência tanto pela técnica de extração.

Palavras chaves

Teor; Constituição ; Óleo Essencial

Introdução

Myrtaceae se destaca entre as famílias botânicas com grande potencial econômico a ser explorado. As espécies brasileiras da família geralmente não produzem madeiras valiosas, restringindo-se ao fornecimento de lenha, à utilização em pequenas peças e outras formas de uso local (MARCHIORI & SOBRAL, p.304, 1997). No entanto, dentre os gêneros da flora brasileira, com destaque para a produção de óleo essencial pode-se citar: Myrcia (CERQUEIRA et al, p.1544, 2009; STEFANELLO et al, p.82, 2010). Em toda a parte da planta podem ser encontrados princípios ativos importantes, sintetizados pelo metabolismo secundário que originam uma série de substâncias conhecidas como alcalóides, flavonóides, cumarinas, saponinas e óleos essenciais, entre outras (CARVALHO, P. 480, 2004). As plantas aromáticas são amplamente utilizadas como agentes antissépticos, contra infecções, na forma de aromas em perfumes, conservantes para bebidas e alimentos. Suas propriedades biológicas são diretamente relacionadas com sua composição química, e pode ser afetada pelo ambiente, geografia e sazonalidade (CERQUEIRA et al, p. 998, 2007). A composição dos óleos essenciais pode ser influenciada pelos métodos de extração, os quais quando empregados de forma simplificada podem gerar produtos alterados e, consequentemente, ter suas propriedades bioativas comprometidas. Além do método, as condições operacionais empregadas para extração de óleos essenciais, poderão alterar suas características físico- químicas e também seus efeitos terapêuticos (POVH et al, p. 2, 2001). Com isso, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a influência circadiana no rendimento e composição química do óleo essencial de folhas secas de M. splendens obtido por duas técnicas de extração: hidrodestilação (HD) e arraste a vapor (AV).

Material e métodos

O material botânico (folhas) foi coletado de um exemplar de M. splendens cultivado no Campus de Pesquisa do Museu Emilio Goeldi, Belém-Pará, em dois horários (8:00h e 14:00h). A identificação botânica foi feita por comparação com amostras depositadas no Herbário do Museu Emílio Goeldi (MG). Após a coleta, a secagem do material botânico ocorreu em estufa com ventilação a temperatura de 35º C por 5 dias em seguida, moído em moinho de facas e submetidas a técnica de HD e AV, utilizando sistemas de vidros do tipo Clevenger modificado, acoplado a um sistema de refrigeração para manutenção da água de condensação entre 10-15º C, durante 3h. A composição química dos constituintes voláteis dos óleos essenciais foi analisada por cromatografia de fase gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), em sistema Shimatzu QP Plus-2010 equipado com coluna capilar de sílica DB-5MS (30 m x 0,25 mm; 0,25 m de espessura do filme) nas seguintes condições operacionais: gás de arraste: hélio, em velocidade linear de 36,5 cm/s; tipo de injeção: sem divisão de fluxo (2µ L de óleo em 1mL de hexano); temperatura do injetor: 250C, programa de temperatura: 60-250C, com gradiente de 3C/min; temperatura da fonte de íons e outras partes 220C. O filtro de quadrupolo varreu na faixa de 39 a 500 daltons a cada segundo. A ionização foi obtida pela técnica de impacto eletrônico a 70 eV. A identificação dos componentes voláteis foi baseada no índice de retenção linear (IR), e no padrão de fragmentação observado nos espectros de massas por comparação destes com amostras autênticas existentes nas bibliotecas do sistema de dados e da literatura (ADAMS, 2007).

Resultado e discussão

Na figura 1 observar-se que o maior rendimento de óleo foi obtido por AV (0,22%), CARRAFA et al, p. 1, (2017) ao comparar as técnicas utilizando óleo essencial de Eucalyptus Dunni Maiden obteve melhor rendimento a partir da HD. Além disso, seus teores não foram influenciados quanto ao horário. No entanto, na HD, nota-se um acréscimo de 50% entre 8:00 e14:00h, isso pode estar relacionado a fatores ambientais, pois ao longo do dia, o aroma de cada espécie torna-se mais acentuado, o que leva a acreditar que a concentração do óleo essencial seja maior naquele horário, assim demonstrando que o horário de coleta do material pode ser um fator importante para a produção de óleos essenciais NASCIMENTO et al, p. 214 (2006). A tabela1 apresenta os constituintes identificados (≥1,0%) no óleo essencial de M. splendens nos horários de 8h e 14 h por HD e AV e seus respectivos índices de retenção (IR), em ordem crescente. O constituinte majoritário (E)- cariofileno variou de 20,47% (8h) a 24,84% (14h) no AV e 15,6% (8h) a 15,27 (14h) na HD, os hidrocarbonetos momoterpênicos α- e β-pineno estão presentes apenas nos óleos obtidos por HD variando de 2,69% (08h) a 15,72 (14h) e 0,72% (08h) a 6,8% (14h), respectivamente. O álcool (E)-3-hexenol também encontra- se apenas nos óleos por HD com teores entre 0,64% (08h) e 10,56 (14h), isso pode ocorrer durante o processo de destilação, a água, a acidez e a temperatura podem provocar a hidrólise de ésteres, rearranjos, isomerizações, racemizações e oxidações, interferindo na qualidade final do óleo essencial SIMÕES Et. al, p. 475 (1999).

Figura 1: Teor de óleo essencial obtido das folhas de Myrcia splendens



Tabela1: constituintes identificados (≥1,0%) no óleo essencial de M. s

CONSTITUINTES ACIMA DE 1%

Conclusões

Entre as técnicas de destilação estudadas o maior teor de óleo essencial das folhas de Myrcia splendens foi obtido por arraste a vapor, sem influencia de período de coleta (08 e 14 h). O óleo obtido por Hidrodestilção alcançou maior produção no período da tarde (14h). O perfil químico dos óleos essenciais das folhas de Myrcia splendens sofreu influência tanto pela técnica de extração quanto pelo período de coleta

Agradecimentos

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq Museu Paraense Emílio Goeldi- MPEG Laboratório de Engenharia Química_ LEQ UFPA Laboratório Adolpho Ducke- LAD MPEG

Referências

ADAMS, R.P. (2007). Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Mass Spectrometry.Allured Publishing Corp., Carol Stream.

CARRAFA, A. C. M; PIVA, C.A.G; CORRÊA, I.C. Comparação dos Diferentes Métodos de Extração: Hidrodestilação e Arraste a Vapor, do Óleo Essencial do Eucalyptus Dunni Maiden. Simposio Brasileiro de Óleos Essenciais. 9ª ISBN: 978-85-66836190,2017.

CARVALHO, J.C.T. Fitoterápicos antiinflamatórios: Aspectos químicos, farmacológicos e aplicações terapêuticas. Ribeirão Preto, SP, Tecmedd, 480p., 2004.

CERQUEIRA, M. D. et al. Seasonal variation and antimicrobial activity of Myrcia myrtifolia essential oils. Journal of the Brazilian Chemical Society, v. 18, n. 5, p. 998-1003, 2007.

CERQUEIRA, M. D.; MARQUES, E. J.; MARTINS, D.; ROQUE, N. F.; CRUZ, F. G. Variação sazonal da composição do óleo essencial de Myrcia salzmannii Berg. (Myrtaceae). Quimica Nova, v. 32, n.6, p.1544-1548, 2009
MARCHIORI, J.N.C. & SOBRAL, M. Dendrologia das angiospermas: Myrtales. Asnta Maria: Editora da UFSM. 1997, 304p

NASCIMENTO, IB do et al. Efeito do horário de corte no óleo essencial de capim-santo. Cienc Agron, v. 34, p. 169-172, 2003.

POVH, N. P. et al. Extraction of essential oil and oleoresin from chamomile (Chamomila recutita [L.] Rauschert) by steam distillation and extraction with organic solvents: a process design approach. Plantas Medicinais, v. 4, n. 1, p. 1-8, 2001.

SIMÕES, C. M. O.; SPITZER, V. Óleos voláteis. In: SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento. 2.ed. Porto Alegre: UFRGS, 1999. p. 467-495


STEFANELLO, M. E. A,; CERVI, A. C.; WISNIEWSKI JUNIOR, A.; IMIONATTO, E. L.Composição e variação sazonal do óleo essencial de Myrcia obtecta (O. Berg) Kiaersk. var. obtecta, Myrtaceae. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.20, n.1, p. 82-86, 2010.

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