Quantificação de compostos fenólicos e avaliação da atividade antioxidante dos extratos etanólicos das cascas e sementes da Romã (Punica granatum L.). Um estudo comparativo.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Produtos Naturais

Autores

Morais, S.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, A.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Maciel, G.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Lopes, F.F.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)

Resumo

A romãzeira é uma árvore de belo aspecto. Desta planta pode-se obter a romã, fruta que reúne diversas propriedades medicinais. Frente à presença de compostos fenólicos na fruta e à importância destes para a saúde do homem, este trabalho teve como objetivo realizar um estudo comparativo acerca do teor de compostos fenólicos e potencial antioxidante dos extratos etanólicos das cascas e sementes da romã. Para isso, foi realizado o teste de quantificação de fenóis totais, onde foi constatado um menor teor destes compostos nas sementes, comparado com o extrato etanólico das cascas onde foi apurado um teor bem maior. Por fim, foi realizado o teste de atividade antioxidante que constatou uma maior capacidade de inibição do radical livre DPPH٠ nas cascas em comparação com as sementes.

Palavras chaves

Romã; compostos fenólicos; atividade antioxidante

Introdução

A romãzeira (Punica granatum L.) da família Punicaceae, é um arbusto lenhoso e ramificado, nativo da região que abrange desde o Irã até o Himalaia, a Noroeste da Índia. Esta planta tem sido cultivada há muito tempo por toda a região Mediterrânea da Ásia, América, África e Europa. Apresenta folhas pequenas, rijas, brilhantes e membranáceas, flores vermelho-alaranjadas dispostas nas extremidades dos ramos, originando frutos esféricos, com muitas sementes angulosas em camadas as quais se acham envolvidas em arilo polposo (LORENZI & SOUZA, 2001; FERREIRA, 2004). A romãzeira é resistente à condições de baixa precipitação e umidade relativa do ar (Ercisli 2004). A romã inicialmente foi adotada popularmente no tratamento da diarréia e inflamações na garganta. Com o passar dos anos, uma nova gama de benefícios da romã passou a ser conhecida através de novos estudos, confirmando as qualidades já apontadas por cientistas internacionais. Desta fruta pode-se aproveitar praticamente todas as partes já que ela possui substâncias antioxidantes e antiinflamatórias que ajudam no tratamento de doenças; é abundante em água, tem baixa quantidade de gorduras e pouquíssimas calorias. A parte comestível da fruta apresenta em sua composição compostos fenólicos como: antocianinas (delfinidina, cianidina e pelargonidina), quercetina, ácidos fenólicos (caféico, catequínico, clorogênico, orto e paracumárico, elágico, gálico e quínico) e taninos (punicalagina) (NODA et al., 2002).Diante do grande potencial fitoterápico da romã, o presente trabalho teve o intuito de realizar uma quantificação dos compostos fenólicos e avaliar o potencial antioxidante dos extratos etanólicos das cascas e sementes da romã, realizando um estudo comparativo a fim de se comprovar sua eficácia através de teste in vitro.

Material e métodos

Para a obtenção dos extratos etanólicos, foi realizada a maceração dos frutos, onde as cascas foram separadas das sementes, cortadas em pequenos pedaços, e colocadas em contato com o álcool etílico, separadamente, por 10 dias para a extração dos princípios ativos. A quantificação de fenóis totais foi feita por meio de espectroscopia na região do visível pelo método de Folin-Ciocalteau (SOUSA et al., 2007). Na preparação das amostras utilizou-se 7,5 mg dos extratos etanólicos dissolvidos em metanol. Na preparação das concentrações utilizou-se 100μL da solução das amostras, mais 500μL de Folin-Ciocalteau, 6 mL de água destilada, e 2 mL de carbonato de sódio a 15%. Essa mistura foi agitada por 1 minuto, e completou-se o restante da solução com água destilada até atingir o volume final de 10 mL do balão volumétrico. A preparação do branco foi feita seguindo a mesma metodologia da preparação das concentrações, porém sem a solução amostra. Foram realizadas as leituras no espectrofotômetro a 750nm. Por fim, o teste de avaliação da atividade antioxidante foi feito pelo método de captura do radical livre DPPH٠ [1,1-difenil-2-picril-hidrazil] (BLOIS, 1958). Para a preparação da solução de DPPH utilizou-se uma solução com 2,6 mg de DPPH dissolvidos em 100 mL de metanol, sob comprimento de onda entre 0,6 e 0,7nm. Para a preparação da solução amostra (concentração de 10.000 ppm) Pesou-se 15 mg de extrato etanólico das cascas e sementes da romã, e dilui-se em metanol. Na preparação das demais concentrações utilizou-se diluições sucessivas com metanol. Após estas diluições, acrescentou-se em cada tubo de ensaio 100 μL das respectivas concentrações e 3,9 mL de solução de DPPH. Foram realizadas as leituras no espectrofotômetro UV/VIS a 515nm. Todos os testes foram feitos em triplicata.

Resultado e discussão

A quantificação dos compostos fenólicos foi encontrada através da curva analítica do ácido gálico, já no teste de atividade antioxidante calculou-se a concentração inibitória de 50% do radical livre DPPH (IC50). Os resultados obtidos estão apresentados na tabela 1. Analisando os resultados, pode-se observar que ambas as amostras testadas apresentaram em sua composição um significativo teor de compostos fenólicos. Entretanto, o extrato etanólico das cascas da romã evidenciou uma quantidade mais expressiva de fenóis totais, corroborando, portanto, com sua maior atividade antioxidante. Em contrapartida, o extrato etanólico das sementes da romã apresentou uma menor quantidade de compostos fenólicos, o que possivelmente está associado a sua menor atividade antioxidante. Outros trabalhos ratificam o presente estudo, em que os compostos bioativos da romã, como os compostos fenólicos concentraram-se principalmente no extrato da casca, a qual possui maior poder antioxidante comparado ao extrato das sementes. Zhang et al. (2010), por exemplo, quantificaram polifenóis extraídos de diferentes partes da planta e também observaram maiores quantidades de polifenóis na casca (63,65 mg/g) e nas folhas (61,53 mg/g) e menores nas sementes (2,17 mg/g).

Tabela 1

Representação do teor de compostos fenólicos e o potencial inibitório de 50% do radical livre.

Conclusões

Os resultados analisados permitiram verificar variações consideráveis na quantidade de compostos fenólicos presentes nas cascas e sementes da romã, bem como expressivo potencial antioxidante. Frente a estes dados, vale ressaltar que o extrato etanólico das cascas apresentou maior teor de fenóis totais em sua composição, além de mostrar-se mais eficiente em inibir o radical livre DPPH. Com isso, podemos comprovar que a romã é uma importante fonte de compostos bioativos, recomendando-se a realização de estudos mais aprofundados acerca de suas demais atividades biológicas.

Agradecimentos

À Dra. Selene Maia de Morais, pela orientação durante todo trabalho. Ao Laboratório de química de produtos naturais, pelo suporte técnico. À Universidade Estadual do Ce

Referências

BLOIS, M. S. Antioxidant determinations by the use of a stable free radical. Nature, v. 181, p. 1199-1200, 1958.

ERCISLI, S. A short review of the fruit germplasm resources of Turkey. Genetic Resources and Crop Evolution, Dordrecht, v. 51, n. 4, p. 419-435, 2004.

FERREIRA, A.B.H. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3.ed. Curitiba: Positivo, 2004. 2120p. IAL – Instituto Adolfo Lutz. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4 ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2005.

LORENZI, H.; SOUZA, H.M. Plantas ornamentais no Brasil – arbustivas, herbáceas e trepadeiras. 3.ed. Nova Odessa: Plantarum, 2001. 1088p.

NODA, Y.; KANEYUKI, T.; MORI, A.; PACKER, L. Antioxidant activities of pomegranate fruit extract and its anthocyanidins: delphinidin, cyaniding and pelargonidin. J. Agric. Food Chem., Washington, v.50, n.1, p. 166-171, 2002.

SOUSA, C. M. M. et al. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Quím. Nova, v.30, n.2, São Paulo Mar./Apr. 2007

Zhang L, Gao Y, Zhang Y, Liu J, Yu J. Changes in bioactive compounds and antioxidant activities in pomegranate leaves. Sci Hortic. 2010;123(4):543–6.

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