OBTENÇÃO DO ÓLEO FIXO DA MANGÍFERA INDICA L. PELO MÉTODO VIA SOXHLET.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Química Orgânica

Autores

Nunes, M.M.P. (UFPA) ; Sarmento, J. (UFPA) ; Capistrano, F.F. (UFPA) ; Sena, E.T. (UFPA) ; Borges, K. (UFPA) ; Freitas, A. (UFPA) ; Dutra, G. (UFPA) ; Pires, A. (UFPA) ; Martins, S. (UFPA) ; Borges, F. (UFPA)

Resumo

A Amazônia abrange uma área rica em variedades de matérias primas. A espécie utilizada no processo foi (Mangífera Indica L. ) popularmente conhecida como mangueira originária da Índia e sudeste da Ásia. O fruto possui relevância significativa no setor industrial tendo como produtos tradicionais mais processados a polpa, suco e o néctar. Dando inicio ao procedimento utilizando como matéria-prima as amêndoas da manga bacuri, em razão de ser a mais consumida da região. Para a realização do procedimento de extração via sohxlet foi utilizado um roteiro prévio para orientação. Como resultado o procedimento apontou um baixo rendimento em relação ao encontrado na literatura que aponta a técnica com uma em que geralmente se obtém bons rendimentos.

Palavras chaves

MÉTODO DE EXTRAÇÃO; ENSINO; MANGA

Introdução

O gênero Mangifera abrange um grande número de espécies, sendo que apenas a M. indica L. é que apresenta destaque na qualidade dos frutos e expressão de cultivo nos trópicos (SOUZA; VILLAS BOAS, 2002). Originária da Ásia e atualmente produzida nas regiões tropicais e subtropicais, sendo os principais países produtores Índia e Paquistão, seguidos por México, Brasil e China (PIZZOL et al., 1998). No Brasil, a manga foi introduzida na Bahia há cerca de 330 anos, no início da colonização, trazida de Goa, tendo-se difundido sua cultura em todas as regiões tropicais (PANIZZA,2002; SOUSA et al., 2002). A manga é uma das mais importantes frutas tropicais, sendo muito apreciada por seu sabor, aroma e coloração característica e atraente, sendo o Norte e Nordeste do Brasil sua principal região produtora, apresentando grande diversidade de tipos e variedades, em contraste com as condições precárias de comercialização da fruta, com base no sistema de distribuição em feiras livres tradicionais (YANRU et al., 1995). No Brasil as variedades mais populares são a manga rosa, a espada, a bourbon, a tommy atkins e a bacuri. Segundo Forsthofer (2002), o fruto conhecido como manga é constituído por casca (epicarpo), polpa grossa (mesocarpo) e um caroço (endocarpo) que contém em seu interior uma única semente. Estima-se que existam mais de 1.500 tipos de manga em todo mundo. Os produtos processados mais tradicionais derivados da manga são a polpa, suco e o néctar. De forma geral, independentemente do produto obtido através do processamento a indústria gera de 40% a 50% da massa total da fruta em rejeitos que podem ser aproveitados como fontes alternativas de nutrientes como no uso da casca para farinha e do caroço para obtenção de óleo e amido a partir da amêndoa. Apresenta uma variedade de fitoquímicos, e nutrientes tais como pré- bióticos, fibras alimentares, vitamina C, polifenóis, carotenoides e provitamina A. Os óleos fixos podem ser obtidos de plantas, sementes, frutos ou de animais. Sua principal função é armazenarem nutrientes (energia) são produtos importantes, usados com fins farmacológicos, industriais e nutricionais, compostos predominantemente por triacilgliceróis, que têm ácidos graxos diferentes ou idênticos, esterificados nas três posições hidroxila da molécula de glicerol. No óleo da manga pode- se encontrar diversas enzimas como as vitaminas A e C, complexo B, fosforo hidratos de carbono, ferro, cálcio, betacaroteno e potássio.

Material e métodos

As mangas foram adquiridas em uma feira local da cidade de Belém (PA), um paneiro (cesto de palha) contendo 50 mangas da variedade bacuri, utilizando desse total 12 mangas, deixando as outras para possíveis perdas. Os caroços ficaram algumas horas secando ao sol para que se facilitasse a retirada das amêndoas. Após essa secagem, utilizando-se de uma faca de serra, as amêndoas foram retiradas cuidadosamente da parte interna dos caroços. E desde então foram secadas ao sol 4 horas por dia segundo COSTA (2008) e seguindo os cuidados com o material botânico apontados por SIMÕES et al. (2010). Esse processo foi realizado durante um mês. Após a secagem, as amêndoas foram cortadas em pequenos pedaços para serem utilizadas na extração do óleo. O procedimento foi seguido conforme metodologia adaptada do INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2005). O laboratório utilizado foi o LEPRON da Faculdade de Engenharia Química, na Universidade Federal do Pará, Campus Guamá. No laboratório, preparou-se um cartucho com o papel de filtro analítico, onde adicionou-se 37,50g das amêndoas. Após isso, colocou-se no aparelho soxhlet o cartucho contendo as amêndoas. Introduziu-se uma quantidade de hexano comercial que preenchesse a metade do reservatório de vidro, e o mesmo escorreu para o balão de fundo redondo. Então ligou-se a manta aquecedora para que se aquecesse o sistema e ocorresse então a lavagem do material botânico pelo solvente hexano. Após 16 minutos de aquecimento, ocorreu a primeira sifonada, aos 13 minutos a segunda sifonada e aos 17 minutos a terceira sifonada, desligando o aparelho em seguida. Aguardou-se alguns minutos para que a mistura obtida no balão esfriasse , para então, o solvente misturado com óleo serem adicionados em um Becker e pesou-se a mistura. Para fazer a separação de possíveis resquícios de hexano, colocou-se novamente a mistura em um balão de fundo redondo que foi acoplado a um evaporador rotativo, a temperatura escolhida foi a do ponto de ebulição do hexano comercial (68 ºC). Após 14 minutos o procedimento de separação finalizou. O restante da mistura, que permaneceu no balão, foi adicionado à um Becker, que foi colocado na capela, para que se terminasse o processo de separação. Em seguida verificou-se os resultados.

Resultado e discussão

Após o processo de extração por soxhlet, obteve-se 27,59g de óleo misturado com solvente,como mostra a figura 1. Em seguida, a mistura passou pelo processo de separação no evaporador rotativo, obteve-se uma quantidade muito pequena de óleo ainda misturado com solvente. Por isso, precisou-se colocar em uma capela para que terminasse o processo pela evaporação do solvente. Ao término do processo de evaporação total do solvente, que durou três dias, obteve-se uma quantidade muito pequena de óleo da qual não foi possível determinar sua quantidade nem fazer cálculo de rendimento. De acordo com JENSEN (2007) a eficiência do método depende, entre outros, da circulação do solvente através da amostra. Como o processo deste experimento durou em torno de 50 minutos, o solvente não teve tempo necessário para circular através da amostra para que houvesse extração significativa de óleo fixo. Isso pode ser confirmado pelos experimentos de COUTINHO (2017) e LIMA et al. (2017), pois seus processos duraram 8 e 6 horas, respectivamente, para que se tivesse uma quantidade significativa de óleo fixo.

figura 1. Mistura do óleo com solvente

fonte: autores

Conclusões

Este experimento nos trouxe a compreensão de que, embora o procedimento não tenha tido um bom rendimento devido aos fatores discutidos anteriormente, o processo de extração do óleo da manga via soxhlet é simples e eficaz se executado a lavagem pelo solvente hexano em período de tempo adequado conforme apontado na literatura discutida.

Agradecimentos

A Deus,ao LEPRON da Faculdade de Engenharia Química na Universidade Federal do Pará Campus Guamá, ao nosso professor Fábio Borges pelo acompanhamento e aos nossos familiares.

Referências

COSTA, A. R. da S. Sistema de secagem solar para frutas tropicais e modelagem da secagem de banana em um secador de coluna estática. Tese de Doutorado; Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal: 2008.
COUTINHO, D.J.G.;BARBOSA, M.O.; LIMA, K.V.F.; SILVA, M.H.M.; OLIVEIRA, A.F.M (2017) Análise de óleos vegetais e outros lipídios. In: Pompelli, MF. Práticas Laboratoriais em Biologia Vegetal. UDUFPE, Recife. pp 144-162
INSTITUTO ADOLFO LUTZ - Normas analíticas do Instituto Adolf Lutz: métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 4.ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. p.1018.
JENSEN, W. B. The Origino of the Soxhlet Extractor. Journal of Chemical Education v.84 No. 12, p. 1913, December 2007.
LIMA, J.R. et al. Extração de óleo da amêndoa de manga. 2007. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/166985/1/AAC17020.pdf. Acesso em: 16 de fev. 2019.
SIMÕES, C. M. O.; SCHENKEL, E. P.; GOSMANN, G.; DE MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da planta ao medicamento, 6ª Edição, Porto Alegre, UFSC, UFRGS, 2010.

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