AVALIAÇÃO DOS TEORES DE COMPOSTOS FENÓLICOS E O POTENCIAL ANTIOXIDANTE DO TOMILHO (Thymus vulgaris L.)

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Alimentos

Autores

Tomé, A.C. (UFG) ; Augustinho, B.F. (IFGOIANO) ; Silva, F.A. (UFG) ; Bernardes Neto, J.F. (IFGOIANO)

Resumo

O tomilho (Thymus vulgaris) se destaca como o maior gênero de plantas com flores das Lamiaceae, estudos apontam que extratos de tomilho exibem um alto teor de compostos fenólicos e importante poder antioxidante. O presente trabalho teve como objetivo avaliar in vitro a atividade antioxidante e determinar o teor de compostos fenólicos totais em extratos aquoso, hidroalcoolico e alcoolico de tomilho (Thymus vulgaris). As concentrações de compostos fenólicos encontradas não apresentaram diferença significativa entre os extratos avaliados, os extratos hidroetanolicos apresentaram maior atividade antioxidante para os três métodos avaliados. No entanto, estudos adicionais são necessários para testar sua ação antioxidante em outras condições experimentais.

Palavras chaves

Tomilho; Extratos; Antioxidante

Introdução

A indústria alimentícia tem se tornando cada vez mais interessada em ervas aromáticas, principalmente da família Lamiaceae, devido às crescentes demandas dos consumidores por alimentos saudáveis de origem natural. A Família botânica Lamiaceae, é composta por diversas espécies de plantas com interesse econômico e medicinal. Essa família é composta atualmente por aproximadamente 258 gêneros e 7.193 espécies, sendo que no Brasil ocorre em média a presença de 23 gêneros e 232 espécies nativas (OREOPOULOU, et al., 2018). Dentre essas espécies, o tomilho (Thymus vulgaris) se destaca como o maior gênero de plantas com flores das Lamiaceae, compreendendo aproximadamente 250 espécies, sendo distribuído e cultivado em todo o mundo (RAUDONE, et. al., 2017). Vários estudos relatam que extratos de tomilho exibem um alto teor de compostos fenólicos, importante poder antioxidante, antiinflamatória, espasmolítica, antitussígena, expectorante, antibacteriana, antifúngica, antiviral, carminativa e adstringente (BOROS et al., 2010; COSTA et al., 2012; JARIĆ et al., 2015; KINDL et al., 2015; KONTOGIORGIS et al., 2016; KAMASINA; LOŽIENĖ 2009; NABAVI et al., 2015; ZARSHENAS; KRENN, 2015; BISTGANI et al., 2019). Os compostos fenólicos têm atraído interesse particular porque estes compostos demonstram um potencial antioxidante eficaz (GÜLÇIN et. al., 2010; KÖKSAL et al., 2017), e ainda protegem as células contra o dano oxidativo causado por espécies reativas de oxigênio ou radicais livres. Desse modo, o trabalho teve o objetivo de avaliar in vitro a atividade antioxidante e determinar o teor de compostos fenólicos totais em extratos aquoso, hidroalcoólico e alcoólico de Tomilho (T. vulgaris).

Material e métodos

As amostras de tomilho foram cultivadas no setor de horticultura do Instituto Federal Goiano-Campus Morrinhos, as sementes foram doadas pela Empresa ISLA sementes LTDA. Após a colheita, as partes aéreas foram secas em estufa a 40 ºC ± 2°C, para redução do teor de umidade (< 10%), posteriormente foram trituradas e devidamente acondicionadas em recipientes laminados e armazenadas a temperatura ambiente. Para obtenção dos extratos foi utilizada a técnica convencional a uma razão inicial de 1:20, planta por volume de solvente (m:v), contendo etanol absoluto, hidroetanolico (50% água ultra pura + 50% etanol) e aquoso, sob agitação à temperatura ambiente (≅ 25 ºC) e ao abrigo da luz durante 1 hora, em seguida a solução foi filtrada e o volume final foi ajustado para 50 mL com o respectivo solvente, posteriormente os extratos foram acondicionados em frascos de vidro âmbar, selados e armazenados em freezer (-18ºC) para posterior análises. O teor de compostos fenólicos foi determinado nos extratos aquoso, hidroetanólico e etanólico com espectrofotômetro a 750 nm utilizando o reagente Folin-Ciocalteau (Waterhouse, 2002). A quantificação foi baseada no estabelecimento da curva padrão de ácido gálico, na faixa de 10 a 80 mg.L-1. Os resultados foram expressos em miligramas de equivalente de ácido gálico (EAG) por grama de amostra. A determinação da capacidade antioxidante foi realizada nos por meio dos métodos 2,2 difenil-1-picrilhidrazil DPPH; (BRAND-WILLIAMS, CUVELIER E BERSET, 1995) modificado por Borguini (2009), método FRAP (poder antioxidante de redução do ferro; (BENZIE E STRAIN, 1996), e método 2,2‟- azino-bis-3-etilbenzotiazolina-6-acido sulfônico (ABTS●+; RE et al., 1999) utilizando o espectrofotômetro. O método DPPH baseou-se na medida do grau de descoloração do radical DPPH pela ação dos antioxidantes após 20 minutos de reação, a qual foi medida espectrofotometricamente a 517 nm nos extratos aquoso, hidroetanolico e etanólico, para a leitura da absorbância no espectrofotômetro, foi necessário diluir o extrato em uma concentração de 0,2 mg.mL-1 de amostra. Os resultados foram expressos em % de descoloração. O método FRAP foi baseado na habilidade de redução de Fe 3+ para Fe 2+ em pH baixo. Na presença de 2, 4, 6-tripiridil-s-triazina (TPTZ) e antioxidante ocorre a formação do complexo (Fe 2+- TPTZ) de cor azul intensa que pode ser determinado por espectrofotometria na absorbância de 593 nm. Os resultados foram expressos em µmol de FeSO4/g. O método ABTS baseou-se na capacidade do antioxidante sequestrar o radical ABTS●+ formado através da reação entre a solução aquosa de ABTS (7 μMol) e o persulfato de potássio (2,45 mM) que é medida em espectrofotômetro à 734 nm. Os resultados foram expressos em µmol de Trolox/g. A análise estatística foi realizada pela análise da variância (ANOVA) e pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Resultado e discussão

Os resultados dos teores de compostos fenólicos totais e capacidade antioxidante pelos métodos DPPH, ABTS•+ e FRAP em diferentes extratos de tomilho estão apresentados na tabela 1, de acordo com os dados apresentados, observa-se que a concentração de compostos fenólicos encontradas não apresentaram diferença significativa entre os extratos avaliados, apresentando valores superiores aos relatados por Habashya et al., (2018) que encontraram a concentração máxima de 44,16 mg EAG/g-1 em extratos aquosos de tomilho e inferiores aos encontrados por Aouam et al., (2019), 135,8 mg EAG/g-1 para os extratos etanolicos e 88,7 mg EAG/g-1 para os extratos aquosos. Rahman et al., (2016) afirmam que a escolha do solvente extrator influencia em maiores ou menores rendimentos de extração de compostos fenólicos. Um ensaio abrangente de antioxidantes deve refletir tanto a capacidade dos compostos lipofílicos quanto os hidrofílicos com base em seus mecanismos (transferência de hidrogênio, transferência de elétrons e quelantes de metais). Neste contexto, diferentes métodos antioxidantes são necessários para traçar a capacidade antioxidante total de um extrato natural (ZENGIN, et. al., 2019). Os resultados do teste DPPH apresentaram valores de IC50 variando entre 0,270 a 0,389 mg/g, apresentado melhores resultados para os extrato hidroetanolico. Como é sabido, o menor valor de IC50 indica a maior atividade sequestradora de radicais livres do extrato vegetal. No estudo realizado por Tohidi; Rahimmalek, Arzaniet (2017) foram feitas comparações entre dez espécies de Thymus e investigaram a capacidade de seus extratos para eliminar o radical livre de DPPH e encontraram valores de IC50 que variaram entre 0,273 a 0,693 mg/mL. Aouam et al., (2019) avaliaram a atividade antioxidante de Thymus riatarum pelo método DPPH e mostraram atividade antioxidante nestes ensaios com um IC50 variando de 0,091 a 1,025 mg/ml para etanólico e extratos aquosos, respectivamente. A variação para IC50 entre as espécies pode ser atribuída a diferenças em seus compostos polifenólicos (GHARIBI et al., 2015). Portanto, os extratos com maior atividade antioxidante podem provavelmente possuir maiores quantidades de compostos fenólicos totais (TOHIDI; RAHIMMALEK, ARZANIET 2017). Uma enorme variabilidade da atividade de sequestro de ABTS • + de extratos de espécies de Thymus pode ser encontrada na literatura, com variados tipos de métodos e solventes utilizados na extração, e ainda diferentes protocolos utilizados na realização do ensaio ABTS • +. Foi relatado por Komes et al., (2011) um valor de 24,40 µmol de Trolox/g de planta seca para a atividade de eliminação de ABTS • + de um extrato aquoso de T. serpyllum, resultados semelhantes ao desse estudo. Zengin et al., (2019) e Auam et al., (2019) atestaram em suas pesquisas uma importante atividade antioxidante de vários extratos de espécies de Thymus por meio do método FRAP e relataram que o extrato aquoso continha significativamente o maior poder redutor férrico quando comparado aos outros extratos analisados.

Tabela 1. Teores de compostos fenólicos e capacidade antioxidante.

* Valores constituem media ± desvio-padrão. Letras diferentes, diferem significativamente pelo teste de tukey. **EAG = Equivalentes de ácido gálico.

Conclusões

Mesmo não apresentando diferença significativa nas concentrações de compostos fenólicos entre os extratos de tomilho avaliados, os resultados permitem considerar que os extratos com maior atividade antioxidante podem provavelmente possuir maiores quantidades de compostos fenólicos totais, pois, os extratos hidroetanólicos de tomilho apresentaram maior atividade antioxidante para os três métodos avaliados.

Agradecimentos

Os autores agradecem a FAPEG- Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de Goiás pelo apoio financeiro, ao Instituto Federal Goiano Morrinhos e Empresa ISLA sementes.

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