Compostos voláteis de frutos de pitaia de polpa branca e vermelha por CG/MS-SPME

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Alimentos

Autores

Rebelo, A.M. (EPAGRI) ; Lone, A.B. (EPAGRI)

Resumo

Frutos maduros liberam aromas. Sua determinação pode ser de grande importância, para determinação do ponto de colheita, principalmente para frutos não climatérios, ou seja, que não amadurecem após serem colhidos. Visando determinar quais compostos voláteis são liberados pelos frutos de pitaia de polpa branca e vermelha, amostras destes frutos colhidos foram analisados por Cromatografia gasosa acoplada a um detector de massas para analise de compostos extraídos por SPME. Conseguiu-se identificar sete compostos dos 14 encontrados por comparação com a biblioteca NIST do equipamento. Em função da identificação de apenas álcoois e aldeídos, indicam que as amostras colhidas ainda não estavam completamente maduras.

Palavras chaves

Pós-colheita; Frutos; Cromatografia gasosa

Introdução

A pitaia de polpa vermelha (Hylocereus polyrhizus) e a branca (Hylocereus undatus), conhecidas como “Dragon Fruit” (fruta-do-dragão), são cactáceas trepadeiras originárias do México e América Latina, sendo as duas espécies as mais comercializadas no mundo (Figura 1.). Esta plantas produzem frutos ricos em betalaínas com atividade antioxidante (SUH et al., 2014) assim como suas sementes são ricas em ácidos graxos essenciais e outros derivados lipídicos (KAMAIRUDIN, et al., 2014), sendo fonte de: vitaminas C, E e do complexo B, substâncias terpênicas, licopeno, polifenóis, minerais (ABREU et al., 2012). A maturidade do fruto colhido garante a qualidade do produto armazenado e ofertado ao consumidor (WANITCHANG, et al., 2010). No caso da pitaia esta é colhida quando atinge completa maturação, apresentando comportamento não climatério (MIZRAHI & NERD, 1999). A qualidade dos alimentos pode ser avaliada por atributos básicos, aparência, sabor, textura e aroma, e serão eles, que de acordo com nossos órgãos sensoriais, que classificarão o produto pelo consumidor. O aroma, avaliado pelo olfato, é responsável pela aceitação de muitos produtos hortícolas, em especial as frutas (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Estes compostos aromáticos e voláteis costumam ser álcoois, aldeídos, ésteres, cetonas, lactonas, éteres, ácidos graxos e hidrocarbonetos, e são intensivamente liberados quando o fruto está maduro pois, antes da maturação, compostos como proteínas, polissacarídeos e lipídeos, não voláteis pelo seu alto peso molecular. Estudos dos compostos voláteis liberados por frutos são de interesse, pois podem colaborar na determinação do ponto de colheita ótimo melhorando as condições do fruto para o transporte, armazenamento e venda.

Material e métodos

Foram colhidos frutos de duas espécies de pitaia cultivadas na Estação Experimental de Itajaí (Epagri), H. polyrhizus, polpa vermelha e H. undatus, polpa branca (Figura 1.). Esta coleta foi feita imediatamente após a completa mudança de coloração da casca, de verde para vermelho, de acordo com prática utilizada pelos produtores. Para determinar os compostos voláteis presentes nos frutos, pesou-se 6g do fruto de cada pitaia em um Becker de 250mL, adicionou-se 4g de NaCl e com um bastão de vidro foi misturado com 10 mL de água. As amostras em triplicata foram colocada em vials de 20mL hermeticamente fechados (Embrapa, 2011). Foi utilizado SPME com fibra de PDMS/DVB de 65 µm de espessura (Supelco) condicionada por 1h em gás hélio a 250ºC. Com um auto injetor AOC-5000/Shimadzu a análise dos compostos liberados foi feita utilizando a fibra exposta no vial (22mm) com programação para agitação por 5s e 2s no modo estático até 30min de exposição (incubação), a 30ºC. A dessorção amostra foi realizada com penetração da fibra (54mm) por 1min no injetor. Posteriormente a fibra foi limpa em forno por 1min. As análises foram conduzidas num espectrômetro de massa CG-MS QP-2010 (Shimadzu) com coluna ZB-5 de 30m com 0,25mm de espessura [Zebron-5% fenil metil poli(siloxano)]. O gás de arraste foi o hélio (5.0), com fluxo de 0,65mL/min, modo de análise SCAN, modo de ionização de impacto eletrônico (70 eV). O programa de temperatura foi inicialmente de 35ºC com taxa de aquecimento de 4ºC/min; até 240ºC, resultando em corrida de 51,25min. Injetor a 270ºC e detector a 210ºC. As amostras foram analisadas no modo “splitless”. Após a obtenção dos espectros de massas foi possível identificar alguns compostos por meio da comparação dos dados com as bibliotecas NIST e literatura específica.

Resultado e discussão

Identificaram-se seis compostos dos 14 detectados, entre eles um álcool e três aldeídos, compostos estes que costumam compor o aroma do fruto (Tabela 1). Em estudo com Selenicerus setaceus (pitaia do cerrado), foram encontrados 1- hexanol, 1-pentanol, hexanal, heptanal, nonanal, benzaldeído, acetato de etila, butanoato de etila, hexanoato de etila, octanoato de etila, nonanoato de etila e decanoato de etila (RODRIGUES, 2010), sendo hexanal chamado de aroma verde, benzaldeído indicativo de aroma adocicado, os ésteres os que aparecem no ponto de maturação mais elevado e os álcoois dá o aroma ardido ou pungente, relacionado a senescência do fruto (KALUA, et al. 2007). Na análise da pitaya amarela (Hylocereus megalanthus), os componentes majoritários foram hexanal e y-cadineno, além de damascenona, 3-metilbutanal, decanal, octanal, fenilacetaldeído, nonanal, 1,8-cineole, limoneno, entre outros (CÉLIS, GIL, PINO, 2012). Não foi possível determinar a presença de ésteres, provavelmente pelo fato dos frutos terem sido colhidos antes de sua total maturação, visto que os aldeídos foram os mais encontrados. Diante disso, seria necessário fazer um estudo que envolvesse diferentes dias de coleta a fim de se obter o perfil de voláteis detes frutos visando estabelecer uma data adequada para sua colheita após completa formação do fruto.

Tabela 1.

Compostos voláteis de frutos de pitaia de polpa branca e vermelha por CG/MS-SPME.

Figura 1.

(A) Pitaia de polpa vermelha (Hylocereus polyrhizus); (B) Pitaia de polpa branca (Hylocereus undatus).

Conclusões

Por meio da cromatografia em fase gasosa, associada à técnica de extração por SPME, é possível determinar os compostos voláteis do fruto de pitaia de polpa branca e vermelha, porém é necessária fazer a colheita em datas diferentes para que se possam estabelecer quais voláteis além de aldeídos e álcoois podem se encontrados, visto que, é de se esperar que se determinem a presença de ésteres quando os frutos estão completamente maduros.

Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (FAPESC) assim como a Alexandre Ferreira Corrêa e Iremar Ferreira pelo trabalho de apoio nas rotinas laboratoriais.

Referências

ABREU, W. C. et al. Características físico-químicas e atividade antioxidante total de pitaias vermelha e branca. Revista Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, v. 71, n. 4, 656-61, 2012.
CHITARRA, M.I.F.; CHITARRA, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. 2 Ed. Lavras: FAEPE, 2005. 785 p.
CÉLIS, C.Q; GIL, D.E.; PINO, J.A. Characterization of odor-active compounds in yellow pitaya (Hylocereus megalanthus (Haw.) Britton et Rose). Revista Cenic Ciencias Químicas, v. 43, i. 1, 2012.
EMBRAPA. Procedimento para análise de compostos voláteis de banana pela técnica de microextração em fase sólida. / Heliofábia Virgínia de Vasconcelos Facundo... [et al.] – Fortaleza : Embrapa Agroindústria Tropical, 2011. 19p.
KALUA, C.M., ALLEN, M.S., BEDGOOD, D.R., BISHOP, A.G., PRENZLER, P.D. AND ROBARDS, K. Olive Oil Volatile Compounds, Flavour Development and Quality: A Critical Review. Food Chemistry, 100, 273-286, 2007.
KAMAIRUDIN, N. et al. Optimization of natural lipstick formulation based on pitaya (Hylocereus polyrhizus) seed oil using D-optimal mixture experimental design. Molecules Basel, v. 19, 16672-16683, 2014.
MIZRAHI, Y.; NERD, A. Climbing and columnar cacti: new arid land fruit crops. In: JANICK, J. (Ed.). Perspectives on new crops and new uses. Alexandria: ASHS Press, 358-366, 1999.
RODRIGUES, L.J., Desenvolvimento e processamento mínimo de pitaia nativa (Selenicerus setaceus Rizz) do cerrado brasileiro. Tese (doutorado). Lavras: UFLA, 2010
SUH, D. H. et al. Metabolite profiling of red and white pitayas (Hylocereus polyrhizus and Hylocereus undatus) for comparing betalain biosynthesis and antioxidant activity. Journal Agriculture Food Chemistry, Washington, v. 62, 8764-8771, 2014.
WANITCHANG, J.; TERDWONGWORAKUL, A.; WANITCHANG, P.; NOYPITAK, S. Maturity sorting index of dragon fruit: Hyloceresus polyerhizus. Journal of Food Engineering, Thailand, v. 100, n. 3, 409-416, 2010.

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