Determinação qualitativa de ferro em amostras de feijão branco (Phaseolus vulgaris)

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Química Analítica

Autores

Vasconcelo, N.S.L.S. (IFMA) ; Costa, M.G.S. (IFMA) ; Lemos, A.L.S. (IFMA) ; Sá, H.J.F. (IFMA) ; Dias, G.P. (IFMA)

Resumo

O feijão branco é amplamente consumido e constitui a base alimentar da maioria dos brasileiros, sendo considerada uma importante fonte de ferro. A carência desse nutriente ocasiona doenças, principalmente a anemia por deficiência de ferro. A identificação de ferro nas amostras foi feita através da marcha analítica do grupo lllB. Na água do molho não houve perda considerável de ferro, apresentando tonalidade bem fraca, confirmando pouca formação de complexo, nos grãos cru e cozido, foram observado um tom de vermelho intenso, confirmando a presença de ferro, o caldo apresentou uma cor bem mais forte que as outras amostras, confirmando uma quantidade maior de ferro. A análise realizada nas diferentes formas de tratamento do feijão branco obteve um resultado satisfatório.

Palavras chaves

fonte; tonalidade; complexo

Introdução

O feijão é uma leguminosa pertencente à família Leguminosae e sub-família Papipilionoideae, constituindo os gêneros Phaseolus e Vigna os mais cultivados e consumidos em todo o mundo (MAZUR, 2014). O feijão branco (Phaseolus vulgaris) pertencente à família Fabaceae, é amplamente consumido e constitui a base alimentar da maioria dos brasileiros, sendo considerada uma importante fonte de proteína, além da presença de vitaminas do complexo B e de ferro (MOLZ; CORDEIRO, 2014). Estudos epidemiológicos mostram que o consumo regular dessa leguminosa está ligado a um grande número de benefícios à saúde, tais como a diminuição do risco de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (CAMPOS et al., 2013). Estima-se que quase 40% da população mundial apresenta carência de ferro ou níveis baixos de hemoglobina, estabelecendo uma situação de risco que inclui indivíduos tanto das classes sociais mais privilegiados como dos mais carentes, especialmente em crianças (WHO, 2008). A carência desse nutriente prejudica o desenvolvimento físico e o aprendizado e ocasionam doenças, principalmente a anemia por deficiência de ferro, que é considerado um grave problema de saúde pública no Brasil. (BRASIL, 2009). É importante destacar que o ferro presentes na alimentação, pode ser classificado de duas maneiras, o ferro heme, que está presente na hemoglobina, mioglobina e algumas enzimas e o ferro não heme, encontrado predominantemente em alimentos de origem vegetal, em alguns alimentos de origem animal e nas enzimas não heme (PLANTIER, 2010). Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo analisar qualitativamente a presença de ferro no feijão branco em diferentes maneiras de tratamento para o consumo, visto que, este tem grande aceitabilidade pela maioria dos brasileiros.

Material e métodos

O produto em análise, feijão branco (Phaseolus vulgaris) foi obtido em comércio varejista de São Luís - Maranhão. Foram analisadas amostras do produto, denominadas, A11(água do molho), A12 (feijão cru) A13 (feijão cozido), e A14 (caldo do feijão cozido). Foram pesadas 30g de cada amostra. E em seguida foi verificado o teor qualitativo de ferro (na forma de Fe3+) a partir dos seguintes ensaios: deixado de molho por 2 horas, utilizando-se a água do molho (A11), para análise. A amostra A13 cozinhou por 40 minutos e retirou-se o caldo do cozimento (A14) em seguida o grão cozido foi amassado e filtrado para retirada da amostra. O feijão cru foi triturado em um almofariz ate obtenção da farinha, em seguida acrescentou-se 50 ml de agua e filtrou-se para retirada da amostra A12. Os ensaios da marcha analítica foram realizados seguindo metodologia de Felisberto e colaboradores (2006), identificação de cátions do grupo IIIB. Desta forma, foram utilizados 3 mL de cada amostra líquida. Em seguida, foi transferido 3 mL de todas as amostras para um tubo de ensaio. Todas as análises foram realizadas em triplicata. Após isso, foram adicionadas 06 gotas de HCl 6M em cada amostra e , em seguida, foram adicionadas gotas de NH4OH 6M em excesso para a precipitação do Fe(OH)3, seguida de agitação constante. As soluções foram agitadas e, em seguida, os tubos foram levados ao banho-maria por dois minutos. As soluções foram centrifugadas por dois minutos. O sobrenadante foi retirado e o precipitado foi lavado com água quente por duas vezes. Por fim, foram adicionadas gotas de HCl 6 M, até solubilização total do precipitado seguido da adição de gotas de NH4SCN 1M, até o aparecimento da coloração vermelho-tijolo, significando formação do complexo Tiocianato de ferro [Fe(SCN)]2+.

Resultado e discussão

Conforme a análise realizada, os resultados demonstraram que os teores de ferro divergiram significativamente nos diferentes tratamentos utilizados. Observou-se que a amostra A11 apresentou um leve tom de rosado, as amostras A12, A13 a coloração foi bem mais forte quando comparado com a amostra A11, já a amostra A14, apresentou uma coloração vermelha bem mais intensa, como mostra a tabela 1. Na amostra A11 não houve perda considerável de ferro, visto que o analito ficou com a tonalidade bem fraca, confirmando pouca formação de complexo, comprovando que deixar o feijão de molho antes do cozimento como a maioria das pessoas faz, não afeta o valor nutricional do alimento, as amostras A2 e A3, foram observado um tom de vermelho intenso, confirmando a presença de ferro, já a amostra A14 apresentou um teor bem mais forte que as outras amostras, confirmando uma quantidade maior de ferro. Rodrigues (2018) realizou um estudo comparativo de tomates cultivados de forma orgânica e de forma convencional, das espécies, italiano e cereja, percebeu que em cultivares orgânico há maior quantidade do nutriente pela maior formação de complexo em análise por complexação, também apresentando coloração intensa para a amostra citada. Pela comparação feita entre os tipos de tratamento do feijão percebe-se a importância na avaliação qualitativa de alimentos para conferir a quantidade de ferro presente. Os resultados encontrados neste trabalho são concordantes com esta afirmativa, visto que o feijão branco é rico em micronutrientes. Análise similar feita por Pinheiro e colaboradores (2018) demonstrou que as amostras in natura apresentaram uma maior concentração de ferro em relação às amostras que passaram pelo cozimento verificando a influência do tratamento térmico na disponibilidade deste mineral.

Representação da coloração devido a formação do complexo [Fe(SCN)]2+.

Tabela 1 – Representação da presença de ferro conforme intensidade da coloração.

Conclusões

A análise realizada nas diferentes formas de tratamento do feijão branco obteve um resultado satisfatório, visto que foi confirmada uma perda insignificante de ferro na água do molho do feijão cru, por ter apresentado um tom levemente rosado, enquanto que as demais amostras apresentaram uma coloração vermelha mais intensa. Conclui-se então que as formas de tratamento do feijão que foram utilizadas na análise podem ser usadas no cotidiano dos consumidores, ainda que consuma somente o caldo do cozimento, pois o feijão é um dos principais componentes das refeições das famílias brasileiras.

Agradecimentos

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher – PNDS 2006: dimensões do processo reprodutivo e da saúde da criança. Brasília: Ministério da Saúde, 2009
Campos-Veja R, Oomah BD, Loarca-Piña G, Vergara- -Castañeda HA. Common Beans and Their Non-Digestible Fraction: Cancer Inhibitory Activity-An Overview. Foods. 2013; 2(3): 374-392.
Mazur CE. Efeito do Feijão Branco (Phaseolus vulgaris L.) na perda de peso. Rev Bras Nutr Esportiva 2014; 8(48): 404-11.
MOLZ, S. CORDEIRO, D. N. Efeito hipolipemiante da farinha de feijão branco (phaseolus vulgaris) em camundongos hiperlipidêmicos. Saúde meio ambient. V. 3, N. 2, P. 44-52, JUL./DEZ. 2014.
PLANTIER, S. B. Avaliação do teor de ferro em farinhas enriquecidas. Fundação educacional do Município de Assis – FEMA- Assis, p. 46, 2010
RODRIGUES, A. R. et al. Especiação química de ferro em tomates utilizando um analisador automático FBA e imagens digitais. 2018.

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