Tratamento e avaliação da fitotoxicidade do efluente proveniente de uma indústria de hormônios

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ambiental

Autores

Almeida, I.T. (FACULDADE METROPOLITANA DE ANÁPOLIS - FAMA) ; Silva, D.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - UEG - CAMPUS CCET) ; Pereira, G.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS - UEG - CAMPUS CCET) ; Souza, P.L.M.S. (FACULDADE METROPOLITANA DE ANÁPOLIS - FAMA) ; Ribeiro, T.S.S. (FACULDADE METROPOLITANA DE ANÁPOLIS - FAMA)

Resumo

O estudo da toxicidade ambiental segue em constante ascensão na comunidade científica, sendo alvo de pesquisas que apontam para a necessidade de novas tecnologias, capazes de minimizar os impactos ambientais gerados por diversos tipos de poluentes. Em meio a tecnologias para remoção de hormônios femininos sintéticos das águas residuais, os Processos Oxidativos Avançados destacam-se pela eficiência na quebra das moléculas dos hormônios, inativando-os e reduzindo os níveis de DQO e DBO dos sistemas em até 98%. Observou-se que o tratamento empregado através do POA apresentou eficiência de 95% e 96% para remoção de DQO e DBO, respectivamente, quando comparadas as análises do efluente bruto e tratado. Não foi atribuído fitotoxicidade ao efluente tratado pelo teste com sementes de L.sativa.

Palavras chaves

hormônios; DQO; fitotoxicidade

Introdução

A Agência de Proteção Ambiental (EPA) define poluentes emergentes como “compostos químicos que não possuem estatuto regulamentar, gerando impacto sobre o meio ambiente e saúde humana e atualmente, são pouco compreendidos”. São considerados contaminantes ambientais e estão presentes no dia-a-dia da população mundial, como os fármacos, produtos de higiene e pesticidas. Dentre estes poluentes, os fármacos estão ganhando destaque, podendo chegar ao meio ambiente por descarte de esgoto doméstico ou os próprios resíduos de produção destes medicamentos, produzidos em pequena ou larga escala, poluindo os recursos hídricos (VALCÁCERL et al, 2010). Os Processos Oxidativos Avançados baseiam-se na geração de radicais livres, em especial o radical hidroxila (∙OH), que possui alto poder oxidante e podem promover a oxidação de vários compostos poluentes em poucos minutos (FIOREZE et al, 2014). Para avaliar a toxicidade e estimar o impacto que um determinado efluente pode causar, são realizados testes cujo objetivo é simular, em laboratório, os efeitos que poderiam ser observados no corpo receptor após o lançamento do efluente (ARENZON,2011). Magalhães e Ferrão Filho (2008) afirmaram que os resultados das análises químicas não conseguem retratar o impacto ambiental causado pelos poluentes, além de não demonstrarem os efeitos sobre o ecossistemas. Este estudo visa avaliar o tratamento empregado no efluente industrial de uma indústria de medicamentos hormonais, localizada no DAIA, em Anápolis-GO, e também a fitotoxicidade do mesmo frente às sementes de Lactuta sativa.

Material e métodos

Inicialmente, realizou-se o tratamento do efluente industrial contaminado com hormônios femininos, proveniente de uma indústria produtora de medicamentos hormonais, utilizando os processos oxidativos avançados, através da formação do reagente de fenton. Após os 10 dias do início do tratamento biológico, as amostras do efluente foram coletadas e submetidas às análises de DQO (Demanda Química de Oxigênio), DBO (Demanda Biológica de Oxigênio), pH, sulfato, fósforo, cloreto, nitrogênio e turbidez em laboratório credenciado pelo Inmetro, localizado em Goiânia-GO. O ensaio de fitotoxicidade foi realizado conforme o guia “Ecological Effects Teste Guideline – Seed Germination/Root Elongation Toxicity Teste” (OPPTS 850.4200), desenvolvido pela Agência de Proteção Ambiental com adaptações afim de avaliar os efeitos de hormônios femininos na germinação das sementes de Lactuta Sativa (alface) e ao crescimento de suas raízes (medição do comprimento da radícula de cada plântula formada).

Resultado e discussão

De acordo com os resultados das análises, verifica-se que o tratamento empregado a partir dos Processos Oxidativos Avançados na Estação de Tratamento de Efluentes da indústria hormonal é eficiente, com remoção de 95,81% de DQO e 96,23% de DBO. Houve aumento significativo dos parâmetros de Cloreto e Sulfato quando comparados ao efluente bruto, pois são subprodutos provenientes dos reagentes utilizados para oxidação química e ajuste de pH durante o tratamento, porém, os mesmos encontram-se dentro dos limites preconizados em legislação. Observa-se também que os demais parâmetros analisados cumprem integralmente o Regulamento dos Serviços de Água e Esgoto do Estado de Goiás (CODEGO) e CONAMA 430 para descarte de efluentes industriais nas redes coletoras. Os efeitos apresentados sobre o crescimento e porcentagem de germinação das sementes (comprimento das raízes de cada semente germinada) de alface expostas ao efluente bruto e tratado mostram que a amostra do efluente bruto apresentou diferença estatística significativa quando comparada com o controle negativo para a germinação das sementes (p = 0,0003), sugerindo influência do efluente bruto no critério de avaliação deste estudo. Para as placas onde foram utilizadas o efluente tratado para embebição dos filtros, não houve diferença estatística significativa entre as amostras do efluente tratado e o controle negativo para a germinação das sementes (p = 0,1542). Portanto, infere-se então, fitotoxicidade frente às sementes de L. sativa atribuída ao efluente bruto, não sendo verificado na amostra do efluente tratado. O Teste t foi empregado no tratamento estatístico, com intervalo de confiança de 95%.

Efluente bruto x efluente tratado

A Figura demonstra o efluente antes e após o tratamento.

Gráfico dos resultados da fitotoxicidade do efluente tratado e control

Quando o efluente tratado foi usado para embebição dos filtros, não houve diferença estatística significativa comparada com o controle negativo

Conclusões

Conclui-se que o tratamento oxidativo avançado é eficaz para remoção dos poluentes provenientes dos processos industriais hormonais, bem como DQO, DBO e hormônios femininos, removendo significativamente as cargas poluidoras em até 96%. Não foi atribuída fitotoxicidade ao efluente tratado. Portanto, o efluente tratado da indústria hormonal pode ser utilizado como objeto de estudo para se tornar água de reuso para fins urbanos e/ou industriais, tais como lavagem de chão, descargas de vaso sanitário e resfriamento de sistemas de ar industrial.

Agradecimentos

Referências

ARENZON, A.; NETO, T.J.P.; GERBER, W. Manual sobre toxicidade em efluentes industriais. Porto Alegre: CEP SENAI de Artes Gráficas Henrique d’Ávila Bertaso, 2011, 40p.
CARDOSO, F. D. Eficiência de Remoção de Estrogênios por uma Estação de Tratamento de Esgotos. Curitiba, 2011. 48 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnologia em Processos Ambientais) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2011
CODEGO. Regulamento dos Serviços de Água e Esgoto. Goiás, 2017.
FIOREZE, M.; SANTOS, E.P.; SCHMACHTENBERG, N. Processos oxidativos avançados: fundamentos e aplicação ambiental. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental – REGET. V.18, n.1, 2014, pág. 79-91.
MAGALHÃES, D. P.; FERRÃO FILHO, A.S.A ecotoxicologia como ferramenta no biomonitoramento de ecossistemas aquáticos. Oecol. Bras., 2008, Vol 3, pág. 355-381.
UEDA, J.; TAVERNARO, R.; MAROSTEGA, V.; PAVAN, W. Impacto ambiental do descarte de fármacos e estudo da Conscientização da população a respeito do problema. Revista Ciências do Ambiente On-Line, 2009, v. 5, n. 1.
VALCÁRCEL, Y.; GONZÁLEZ ALONSO, S.; RODRIGUEZ-GIL, J. L.; ROMO, R.; GIL, A.; CATALÁ, M. Analysis of the presence of cardiovascular and analgesic/antiinflammatory/antipyretic drugs in fluvial and drinking water of the Madrid Region in Spain. Chemosphere, 2010, v. 82, n. 7, pág. 1062-1071.

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