SABÃO CASEIRO: PRODUÇÃO A PARTIR DE OLEO USADO DE COZINHA E AROMATIZAÇÃO COM OLEOS ESSENCIAIS

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ambiental

Autores

Souza, R.F. (UEPA) ; Santos, E.L. (UEPA) ; Lima, A.M. (UEPA) ; Lima, M.N.N. (UEPA) ; Gomes, K.L.S. (UEPA) ; Nunes, L.P. (UEPA) ; Vital, R.M. (UEPA) ; Barbosa, A.L. (UEPA) ; Santos, R.L. (UEPA) ; Silva, V.F. (UEPA)

Resumo

O óleo de soja, popularmente utilizado como aditivo em alimentos, principalmente os denominados de fritura, é um produto com vida útil curta em relação ao período pós-venda, e seu descarte costuma não ser adequado no que tange a preservação ambiental. É nessa perspectiva que a presente pesquisa utilizando o método quali-quantitativo procura desenvolver o sabão em barra proveniente do óleo de cozinha com adição de aromatizantes de óleos essenciais de capim-limão (cinnamomum verume e (priprioca), objetivando evitar o desperdício. Após a aromatização do sabão foi possível perceber que as pessoas não utilizariam se este estivesse sem o aromatizando deixando evidente o total odor de frituras.

Palavras chaves

oleo usado; oleos essenciais; sabão

Introdução

Desde o advento da revolução industrial tornou-se significativo o aumento da urbanização, e em consequência desse avanço populacional, crescente é a demanda de produção de gêneros diversos, dentre os quais se destacam os alimentícios, o que corroborou para a exponencial produção de resíduos, sejam estes sólidos ou líquidos, que acarretam sérios problemas à subsistência das sociedades contemporâneas (JÚNIOR e ARAÚJO,2018). Com isso percebe-se claramente, que o meio ambiente já bastante degradado pelo desenvolvimento social e industrial precisa de atitudes de preservação. Procurando aliviar os impactos ecológicos criados pela expansão do consumo, bem como se desenvolver atividades econômicas como os canais reversos. Essas atividades procuram reduzir a utilização de matérias-primas virgens através do reaproveitamento e reprocessamento de materiais obtidos a partir da pós-venda (WILDNER e HILLIG,2012). Dentre os muitos tipos de rejeitos descartados na natureza destacamos como alvo deste trabalho o óleo de cozinha, este que possui ampla utilidade diariamente nos lares, bares, restaurantes, dentre outros espaços principalmente para auxiliar na produção de alimentos considerados como fritura. Por ser componente da alimentação e de origem verde e estar em constante uso nas cozinhas, seus aspectos negativos ao meio ambiente passam despercebidos. Apesar de possuir um dos menores percentuais de conteúdo oleaginoso (se comparado com outras espécies oleaginosas) o óleo de soja apresenta também baixo custo na produção, fator que contribui para a redução do preço de revenda, e, por conseguinte, um aumento de popularidade e consumo, sendo usado largamente no processo de fritura, acompanhado, em menor escala, por outros tipos de óleos vegetais e gordura vegetal hidrogenada (COSTA NETO et al.,1999). O desenvolvimento econômico é associado à industrialização como algo positivo muitas vezes sem contabilizar os danos ambientais agregados a grande maioria dos processos produtivos. Desse modo, o desenvolvimento econômico cresce de forma desenfreada, sem controle, com vistas ao lucro, e quanto aos valores ambientais, estes são diminuídos significativamente em seus recursos naturais disponíveis num ritmo insustentável (MOREIRA et al., 2014). Este trabalho visa à produção de sabão em barra através da adição de extratos de óleos essenciais do capim-limão e da priprioca (cinnamomum verume) ao óleo de cozinha, com o objetivo de agregar valor ao material antes descartado e contribuir para a preservação ambiental, assim como também despertar para a importância de incluir o ciclo reverso do produto. No que se refere ao método utilizado, pode-se dizer que a pesquisa utilizou-se dos métodos qualitativo e quantitativo, o que pressupõe uma abordagem descritiva do problema em questão, a observação, entrevistas semiestruturadas e diálogos informais para obtenção de resultados da pesquisa cientifica.

Material e métodos

O presente trabalho relacionado a produção e aromatização de sabão proveniente de óleo usado de cozinha foi produzido no laboratório de Ciências Naturais da Universidade do Estado do Pará (UEPA) – Campus XIX, Salvaterra, Marajó, Pará e dividido em 3 momentos. O primeiro momento consistiu na produção de sabão oriundo do óleo usado de cozinha, utilizando-se de 1L de óleo usado; 150,0 mL de água e 135,0 g de soda caustica (NaOH). Esquentou-se a água até aproximadamente 30 ºC e lentamente foi acrescentado o hidróxido de sódio (NaOH). Este que foi colocado até o momento de dissolução e em seguida o óleo foi passado em filtro de papel para retirada de possíveis impurezas e novamente acrescentado lentamente o (NaOH). Misturou-se por 20 minutos a solução e por fim despejou-se em um recipiente grande, deixando em repouso por 2 meses e 3 dias. No segundo momento foi aplicado um questionário investigativo junto à uma amostra do sabão possuindo em sua composição apenas óleo de cozinha para verificar se as pessoas teriam interesse em comprar o mesmo; Posteriormente foi aplicado o mesmo questionário, porém com o sabão aromatizado com óleo de Capim- limão e extrato de priprioca (cinnamomum verume).

Resultado e discussão

Os sabões produzidos no laboratório de ciências, inicialmente nas análises realizadas apresentaram valor na escala de potencial de hidrogênio (pH) de 12,7 considerado um acima do adequado para a produção, isso em consonância com dados descritos na literatura científica, concernentes a eficácia da produção de sabão e valores adequados de pH, entretanto esperou-se um período de 2 meses e 4 dias, até alcançar o valor de pH de 11,4 mais apropriado à prática experimental realizada. Passado esse período de 2 meses e 4 dias o sabão ainda apresentou um forte odor de óleo de cozinha usado em frituras, e este odor não foi bem aceito por parte dos entrevistados, visto que a pessoa A relatou que “não tem um cheiro bom, parece cheiro de peixe frito” enquanto que a pessoa B descreveu “não compraria, pois tem cheiro de óleo de fritura de coxinha” e segundo a maioria só usaria o sabão se tivesse um odor mais agradável, o que levou a comparação com SILVA et al 2016 que utilizou também o óleo essencial como opção para proporcionar um odor mais agradável ao sabão . Então optou-se por aromatiza-lo com dois diferentes extratos: o óleo essencial do capim-limão que de acordo com GOMES (2003) “apresentam odor agradável, característico do limão; sabor aromático e ardente; coloração verde-pálida”, e o extrato da priprioca (cinnamomum verume) que seriam descartados por alunos graduandos do Curso de Ciências Naturais com Habilitação em Química da Universidade do Estado do Pará- Campus XIX- Salvaterra que estão realizando pesquisas com óleos essenciais e extratos de plantas. Após a produção dos sabões aromatizados, foi aplicado o mesmo questionário as mesmas pessoas juntamente com a amostra do sabão, afim de se obter novos resultados, o que foi possível visto que de início a pessoa A narrou que “sem comparações com o primeiro sabão, esse tem um aroma agradável e com certeza compraria”, já a pessoa B perguntou “esse é o mesmo sabão fedido? Pois não acredito, o cheiro está completamente diferente, lembra cheiro de detergente”.

Conclusões

Com base nos resultados obtidos, percebe-se a existência de um grau relativo de repulsão dos indivíduos entrevistados na pesquisa qualitativa, quanto à utilização do sabão em barra possuindo apenas em sua composição o óleo de soja, popularmente conhecido como óleo de cozinha, entretanto com o acréscimo de extratos de óleos essenciais do capim-limão e da priprioca (cinnamomum verume), observou-se melhor aceitação do produto final, isso ocorreu devido principalmente o parâmetro de odor das amostras, utilizadas na pesquisa. A reutilização do óleo de soja como matéria- prima na produção de sabão em barra mostra ser, portanto uma alternativa eficaz no combate a degradação ambiental. Além de que é economicamente viável, ou seja, a produção a partir de matéria que seria descartada é mais rentável do que se utilizar um produto virgem. Dentro do contexto de reaproveitamento a pesquisa ganhou grande significância no que tange a utilização tanto do óleo de soja, mais também dos extratos de óleos essenciais do capim-limão (Cymbopogon citratus) e da priprioca (cinnamomum verume), que seriam descartados por outros discentes na realização de seus trabalhos. Em suma pode-se dizer que a metodologia corroborou para a apropriação de conhecimentos e na obtenção de dados científicos’ relevantes a outras pesquisas vindouras na mesma área de atuação.

Agradecimentos

UEPA CNPQ CAPES

Referências

COSTA NETO, P. R. et al. Produção de biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja usado em frituras. Química Nova. v. 23, n. 4, p. 531-537, 1999.
JÚNIOR,W.F.S; ARAÚJO,L,A. Óleo de cozinha como agente poluente do meio ambiente: Uma avaliação dos seus impactos por meio dos moradores de Paulista-PE. Revista Vivências em Ensino de Ciências. Pernambuco.v.2, nº.2, p.220-228,2018.
WILDNER, L.B.A; HILLIG,C. Reciclagem de óleo comestível e fabricação de sabão como instrumentos de educação ambiental. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental REGET/ UFSM. Santa Maria.v.5, nº.5, p.813-824, 2012.
MOREIRA,C.Q. et al. Reciclagem de óleo usado para produção de sabão artesanal. V Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Minas Gerais.2014.

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